As taxas do Tesouro Direto podem acabar com seus lucros no longo prazo: evite problemas com estas dicas
As taxas do Tesouro Direto devem ser uma dos itens mais importantes a que o investidor deve estar atento: tanto as de remuneração como as que lhe são cobradas.
Os títulos públicos oferecidos pelo programa do Tesouro Nacional em parceria com a B3 para atender as pessoas físicas, os pequenos investidores, apresentam muitas vantagens, mas taxas excessivas cobradas por corretoras ou bancos podem abocanhar uma parte importante de seus rendimentos.
Assim, gostaria que você entendesse um pouco mais sobre as taxas do Tesouro Direto.
- Como funcionam as taxas do Tesouro Direto?
- Taxas de negociação
- Taxas de custódia da B3
- Taxas de agentes de custódia
- Transferência Bancária
- IOF no Tesouro Direto
- Imposto de Renda no Tesouro Direto
- Entendendo o rendimento de cada título
- Como e onde pagar
- Como é feito o pagamento das taxas de custódia da BM&FBOVESPA?
- Mesmo com os custos vale a pena?
- Conclusão
Não tem muito segredo e, depois de ler esse texto, você vai saber tudo de que precisa para evitar taxas muito altas nos títulos em que decidir investir.
1. COMO FUNCIONAM AS TAXAS DO TESOURO DIRETO?
Existem duas categorias que você deve conhecer ao investir em títulos do Tesouro Direto: aquelas que você vai receber por ter investido (juros ou taxas de remuneração) e aquelas que você vai pagar.
- Há cobrança de taxas? São duas de custódia, a que pagamos para a bolsa de valores (B3) e a que pagamos para o agente de custódia, que podem ser os bancos ou corretoras que intermedeiam nosso investimento com o programa.
- Quais preciso conhecer: além das que pagamos, temos as taxas que garantem a nossa remuneração. São os juros que recebemos ao emprestarmos dinheiro ao governo ao adquirirmos os títulos. Cada categoria de título paga essas taxas em regimes diferentes e elas também variam de acordo com o dia em que compramos os papeis ofertados pelo Tesouro Direto. Essa variação é de acordo com a expectativa de juros básicos da economia (Selic).
2. TAXAS DE NEGOCIAÇÃO
Até 2013, havia uma taxa de negociação de 0,1% sobre o valor financeiro envolvido na compra e na venda de títulos públicos. Porém, essas taxas foram extintas.
O objetivo do governo, com isso, foi aumentar o número de pessoas físicas investindo através do Tesouro Direto.
3. TAXAS DE CUSTÓDIA DA B3
A taxa de custódia da B3 é fixa e, atualmente, é de 0,3% anuais que incidem sobre o valor financeiro investido.
Porém, em janeiro de 2019, essas taxas cairão para 0,25%.
Pode parecer pouco, mas esse 0,05 ponto percentual representa um abatimento de 20% nessas taxas e o Tesouro Nacional estima que isso ampliará o ganho dos investidores em R$ 26 milhões.
4. TAXAS DE AGENTES DE CUSTÓDIA
O seu banco ou sua corretora não cobrarão taxas de administração quando você investir nos títulos do Tesouro Direto.
O que elas poderão cobrar são as taxas de custódia e isso varia de agente para agente.
Boa parte dos principais agentes estão abdicando das taxas a fim de atrair mais investidores.
Nos últimos meses até mesmo os grandes bancos de varejo estão adotando essa prática.
5. TAXAS DE TRANSFERÊNCIA BANCÁRIA
Essa é a taxa que eventualmente pagamos para transferências de instituição para instituição.
Essas taxas são particularmente importantes quando preferimos investir pelo intermédio de um outro agente de custódia que não o nosso banco de varejo, através de uma corretora de valores, por exemplo.
Ao fazer um TED, você deve ficar atento se será cobrado e como será cobrado por essa transferência.
Se o valor for muito alto, cabe pensar em mudar de banco, negociar as taxas ou encontrar outra solução a fim de que elas não interfiram em seu resultado no longo prazo.
6. TAXAS DE IOF NO TESOURO DIRETO
O Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros (IOF) só incide nos seus investimentos do Tesouro Direto em operações de menos de 30 dias.
As taxas do IOF incidem somente sobre o lucro e vão de 96% até zero à medida que esses 30 dias transcorrem.
Investimento em títulos em durações superiores a 30 dias são isentos de IOF.
7. IMPOSTO DE RENDA NO TESOURO DIRETO; SAIBA TUDO SOBRE ESSAS TAXAS
O Imposto de Renda no Tesouro Direto segue a tabela regressiva. Portanto, essas taxas incidem apenas sobre o lucro e vão de 22,5% para permanências inferiores a seis meses até um mínimo de 15% pra investimentos de permanências superiores a dois anos.
- 22,5% sobre o lucro obtido em aplicações de até 180 dias
- 20% em aplicações de 181 a 360 dias
- 17,5% em aplicações de 361 a 720 dias
- 15% em aplicações acima de 720 dias
O imposto só é cobrado no vencimento ou na venda antecipada dos títulos. Assim, diferentemente dos fundos – que têm cobranças antecipadas no “come-cotas” -, o capital fica rendendo integralmente até o fim, se beneficiando do efeito de juros sobre juros.
A contagem de dias começa no momento da liquidação da compra do título. Se houver cupons semestrais de juros, o imposto incidirá de acordo com a data da aplicação inicial.
8. ENTENDENDO AS TAXAS DE RENDIMENTO DE CADA TÍTULO
As taxas de rendimento de cada tipo de título podem ser consideradas da seguinte forma:
Prefixado: é um valor conhecido. Por exemplo, 9%. É o único caso em que sabemos o valor que obteremos no final do investimento. São conhecidos como Tesouro Prefixado, podendo ter ou não cupons de juros semestrais.
Pós-fixado: são indexados por uma taxa de juros, geralmente a Selic. Eles sempre irão valorizar e sempre acompanhando essa taxa de juros. São conhecidos como Tesouro Selic.
Mistos: agregam um índice econômico, geralmente ligado à inflação (como o IPCA) e uma taxa fixa (por exemplo, 5%). Neste exemplo, sabemos que teremos um rendimento bruto de 5% acima da inflação, não importa qual seja ela no período do investimento. Também pode pagar cupons de juros semestrais. São conhecidos como Tesouro IPCA+
Tanto o Prefixado como o IPCA+ podem ter seu valor oscilando de acordo com a Selic: se a Selic cai, eles valorizam. Se ele sobe, eles desvalorizam. Portanto a venda antecipada desses dois implica riscos. Porém, levados até o vencimento é garantido que pagarão os juros contratados.
9. COMO E ONDE PAGAR AS TAXAS
Segundo o site do Tesouro Direto, as taxas de custódia, da B3 e do agente de custódia, são cobradas da seguinte maneira: semestralmente, no primeiro dia útil de janeiro ou de julho, quando o valor das taxas de toda a carteira ultrapassar R$ 10,00, ou, por título, na ocorrência de um evento de custódia (pagamento de juros e vencimento do título) ou na venda antecipada, o que ocorrer primeiro.
Enquanto esses eventos não ocorrem, as taxas devidas são diariamente acumuladas no extrato, sob o status de devida, o que, não quer dizer que é exigido o pagamento imediato.
Geralmente, basta que você tenha o dinheiro em sua conta corrente ou conta da corretora para que essas taxas sejam debitadas automaticamente.
10. COMO É FEITO O PAGAMENTO DAS TAXAS DE CUSTÓDIA DA BM&FBOVESPA
Taxa de custódia da B3 é de 0,30% ao ano até dezembro de 2018. A partir de janeiros de 2019, passa a ser cobrado apenas 0,25% sobre o valor dos títulos, referente aos serviços de guarda dos títulos e às informações e movimentações dos saldos.
Ela é calculada todos os dias a partir da liquidação da operação de compra (D+2). Assim, o valor é proporcional ao período em que o investidor mantiver o título
Essas taxas são cobradas até o saldo de R$1.500.000,00 por conta de custódia.
E as taxas de custódia do agente?
Também segundo o site do Tesouro Direto:
- Taxa para o primeiro ano de aplicação (para taxas anuais): Cobrada quando da compra dos títulos, sobre o valor da transação (preço unitário dos títulos vezes a quantidade adquirida), para o primeiro ano de aplicação, que finda em D+2+365 dias (onde D é o dia da compra). Caso o investidor venda o título antes de completar um ano de sua aquisição, essa taxa não é devolvida. Caso o título adquirido tenha prazo de vencimento inferior a um ano, a taxa cobrada no momento da compra é proporcional ao prazo do papel.
- Taxa para demais anos de aplicação (para taxas anuais): Depois do primeiro ano de aplicação (D+2+365), as taxas passam a ser acumuladas diariamente e, por isso, são proporcionais ao período em que o investidor mantiver os títulos em carteira.
Mas, como já dissemos, cada vez mais, os melhores agentes de custódia estão adotando taxa zero a fim de atrair investidores ou, ao menos, mantê-los sob suas asas, no caso dos grandes bancos de varejo.
Não deixe de conferir o ranking de taxas dos agentes de custódia no site do Tesouro Direto: http://www.tesouro.gov.br/-/ranking-das-taxas-das-instituicoes-financeir-1
11. MESMO COM OS CUSTOS E TAXAS VALE A PENA?
Basta fazer um teste no simulador do Tesouro Direto.
Para tanto, vamos considerar um investimento único de R$ 100 mil em um título IPCA+, com vencimento em 15 de agosto de 2024, um LCI/LCA com rendimento de 90% do CDI e um CDB com rendimento de 118% do CDI. A Selic (que faz o balisamento do CDI) está em 6,5% ao ano, o que faz com que a poupança renda 4,55% ao ano. Por sua vez, o IPCA, nessa simulação está estimado em 3,84% ao ano.
Os resultados já consideram as taxas do Imposto de Renda, taxa zero de custódia do agente e taxa de 0,3% da bolsa.
Tesouro Direto x Poupança: a poupança, com a Selic abaixo de 8,5%, rende apenas 70% desta taxa mais a TR (que hoje é zero). Assim, a poupança renderia 4,55% ao ano ou, até 15 de agosto de 2024, nossos R$ 100 mil virariam R$ 129 mil enquanto o Tesouro IPCA+ estaria num valor líquido de R$ 158 mil.
Tesouro Direto x LCI/LCA: o LCI e o LCA (Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio, respectivamente) são isentos de imposto de renda. Ainda assim, um LCI que rendesse 90% do CDI chegaria a R$ 137 mil a partir de R$ 100 mil até 2024. Bem abaixo dos R$ 158 mil do Tesouro, mesmo com todas as taxas.
Tesouro Direto x CDB: os CDBs costumam ter taxas de remuneração maiores que LCI e LCA justamente porque há a cobrança de imposto de renda, também pela tabela regressiva. Atualmente é possível encontrar CDBs com valores como 118% do CDI para prazos entre dois e três anos. Mesmo assim, ele chega a um valor líquido de R$ 150 mil a partir de R$ 100 mil até 2024. O Tesouro IPCA+, portanto, ganharia por R$ 8 mil segundo o simulador do Tesouro.
12. CONCLUSÃO
Mesmo com todas as taxas, vale a pena investir em Tesouro Direto.
Devemos, porém, sempre fazer a ressalva que, com a exceção do Tesouro Selic, todos os demais títulos podem sofrer oscilações negativas (ou positivas) antes do vencimento. Se a Selic cai, eles valorizam (podendo representar uma oportunidade de lucro na venda antes do vencimento). Se a Selic sobe, eles desvalorizam (o que é um risco caso precise do dinheiro antes do tempo.
No entanto, levados até o final dificilmente há perdas. Nesse caso, podem ser considerados como algumas das escolhas mais seguras que existem em termos de renda fixa.
Quanto às taxas, o melhor que você pode fazer é escolher um agente de custódia com taxa zero e um vencimento com mais de dois anos (para pagar a mínima alíquota de imposto de renda, que é de 15%).
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