Investir em Tesouro Direto é fácil, rápido, seguro e lucrativo: aprenda tudo sobre os títulos públicos e garanta hoje seu futuro
Investir em Tesouro Direto é uma excelente opção pra quem está dando os primeiros passos em aplicações que não sejam a Caderneta de Poupança.
Todas as escolhas em Tesouro Direto são mais seguras que a mais tradicional forma de poupar dos brasileiros. Aliás, investir em Tesouro Direto já está mais pra investimento que pra simples e humildemente poupar.
Sim, pois os títulos públicos têm mais rendimento garantido se forem mantidos até seu vencimento. E alguns desses títulos podem ter remunerações surpreendentes em algumas condições especiais. Em outras condições podem desvalorizar, não vou mentir, mas o fato é que, se forem mantidos até o final, o rendimento é garantido não importa o que aconteça na economia.
Assim, neste artigo você vai aprender tudo sobre o que é investir em Tesouro Direto.
- O que é investir em Tesouro Direto?
- Ao investir em Tesouro Direto temos que escolher entre títulos prefixados e títulos pós-fixados
- Quanto preciso ao investir em Tesouro Direto?
- Quais as vantagens de se investir em Tesouro Direto em relação a outras aplicações?
- Qual título público é indicado ao investir em Tesouro Direto?
- Entendendo os prazos de cada título: quando investir
- Influência da taxa Selic ao investir em Tesouro Direto
- Riscos de investir em Tesouro Direto
- Como investir em Tesouro Direto?
- Taxas e custos de investir em Tesouro Direto
- Imposto de Renda do Tesouro Direto
- Como acompanhar a evolução do Tesouro Direto?
- Como resgatar o investimento do Tesouro Direto?
- Quanto dá pra ganhar ao investir em Tesouro Direto?
- Conclusão
Investir em Tesouro Direto, como você verá neste texto, não tem segredo, é seguro, tem liquidez (isto é, você “saca” o dinheiro quando quer) e o poder de compra de seu dinheiro é certo nos casos em que se mantém o investimento até o vencimento do título.
Ah, eu ia esquecendo de dizer: você pode começar tendo apenas R$ 30!
1. O QUE É INVESTIR EM TESOURO DIRETO?
A primeira coisa que tenho que contar para você é que todo e qualquer investimento é um empréstimos que você faz a alguma instituição.
Até mesmo a poupança é um dinheiro que você está emprestando a um banco, público ou privado.
E o que acontece quando emprestamos dinheiro? Sim, recebemos os juros. O rendimento da poupança, aquela mixaria, é o juro que o banco lhe paga pelo dinheiro que você emprestou a essa companhia.
E como o banco usa esse dinheiro? Empresta a terceiros a juros, claro, muito maiores. A diferença de um empréstimo comum é que você pode pegar seu dinheiro de volta a qualquer momento.
Investir em Tesouro Direto é a mesma coisa: porém você está emprestando dinheiro ao Brasil. Não é legal? É uma forma de ajudar o país a crescer e, ainda por cima, você recebe uma remuneração superior.
Com o dinheiro que milhões de pessoas e empresas emprestam ao governo, investe-se na infraestrutura nacional.
Mas pera aí? Não é arriscado emprestar dinheiro ao país, ao governo, considerando tudo o que acontece em nossa economia e em nossa política? Fiquei um pouco receoso.
Olha, não se assuste.
O Tesouro Direto é uma das formas mais seguras de investimento por dois motivos principais:
- O Tesouro Nacional é a salvaguarda de todos os outros investimentos. É a última fronteira caso tudo dê errado, por exemplo, se o país declarar moratória. Se o Tesouro Direto ficar insolvente, pode ter certeza de que todo o resto foi “pro vinagre”.
- O Tesouro Nacional é o único devedor que, caso fique sem dinheiro, pode imprimir mais dinheiro. Não entrarei no mérito da má notícia que é o Tesouro Nacional ter que imprimir mais dinheiro, mas isso é fato. Se precisar, dinheiro não é o problema.
O que é, segundo o site do Tesouro Direto
A fonte oficial do tema nos diz:
O Tesouro Direto é um Programa do Tesouro Nacional desenvolvido em parceria com a BM&F Bovespa para venda de títulos públicos federais para pessoas físicas, por meio da internet.
Concebido em 2002, esse Programa surgiu com o objetivo de democratizar o acesso aos títulos públicos, ao permitir aplicações com apenas R$ 30,00. Antes do Tesouro
Direto, o investimento em títulos públicos por pessoas físicas era possível somente indiretamente, por meio de fundos de renda fixa que, por cobrarem elevadas taxas de administração, especialmente em aplicações de baixo valor, reduziam a atratividade desse tipo de investimento.
Ou seja, o Tesouro Direto é a interface para as pessoas físicas poderem investir em títulos públicos.
2. AO INVESTIR EM TESOURO DIRETO TEMOS QUE ESCOLHER ENTRE TÍTULOS PREFIXADOS E TÍTULOS PÓS-FIXADOS
Uma das possíveis categorizações que podemos fazer entre os títulos públicos oferecidos no Tesouro Direto é:
- Títulos prefixados: títulos que, de antemão, sabemos quanto vamos receber no vencimento do papel. Vamos encontrar no site do Tesouro Direto esses títulos tendo a denominação de Tesouro Prefixado (que pode ser com ou sem pagamento de cupons semestrais de juros).
- Títulos pós-fixados: títulos que, por se basearem em um índice da economia (Selic ou IPCA, habitualmente) só saberemos ao final do investimento. Vamos encontrar no site do Tesouro Direto tendo a denominação de Tesouro Selic.
Embora não seja a versão oficial, particularmente quanto aos títulos Tesouro IPCA+, gosto de incluir uma outra classificação:
- Títulos mistos: o título IPCA+ traz um componente desconhecido quanto ao futuro (a inflação medida pelo IPCA) e mais uma taxa conhecida. Por exemplo: o título, em seu vencimento, paga a variação do IPCA do período mais 5% ao ano. Olha que interessante. Já vemos uma vantagem aí, caso queiramos nos proteger da desvalorização do real. Estes são os títulos Tesouro IPCA+ (com ou sem pagamento de cupons semestrais de juros).
3. QUANTO PRECISO PRA INVESTIR EM TESOURO DIRETO?
Como escrevi no início do texto, R$ 30 é o mínimo pra investir em Tesouro Direto.
Não precisamos comprar o título integralmente. Basta comprar 1% dele. Se essa porcentagem for menos que R$ 30, nesse caso, teremos que comprar 2% do título.
Por exemplo:
O Tesouro IPCA+ de vencimento pra 2045 custa, integralmente, R$728,40. Mas 1% desse valor é R$ 7,284. Logo, temos que comprar 5%, pra fechar ao menos R$ 36,42.
Já o Tesouro Selic 2024 (com vencimento em 2024, portanto) custa R$ 9.508,39. Assim, 1% desse valor é R$ 95,08.
Mas daí já podemos antever que, tendo pouco mais de R$ 250 já podemos comprar diferentes títulos em diferentes vencimentos.
Cada tipo de título, ao investir no Tesouro Direto, tem uma finalidade diferente, mas vamos ver isso mais adiante.
4. QUAIS AS VANTAGENS DE INVESTIR EM TESOURO DIRETO EM RELAÇÃO A OUTRAS APLICAÇÕES?
Já vimos alguns destes itens, mas não custa reforçar todas as vantagens que temos ao investir em Tesouro Direto em relação à poupança e mesmo em relação a alguns CDBs, LCAs e outros investimentos mais conservadores.
Segurança
O Tesouro Nacional é a última fronteira no que diz respeito às instituições a quem podemos emprestar dinheiro. Se o Tesouro Nacional “falir”, esteja certo de que qualquer outro investimento já foi por água abaixo, o sistema financeiro estará bastante abalado, bancos estarão falindo, fundos estarão pedindo ar e batendo no tatame.
Se você não confia nem no Tesouro Nacional, talvez devesse guardar dinheiro embaixo do colchão, mas também não acho essa ideia nada segura nem do ponto de vista econômico nem do ponto de vista físico.
Não bastasse isso, mais uma vez: o Tesouro Nacional, diferente do seu tio Nelson a quem você emprestou cem reais, pode imprimir emitir crédito pra pagar. Se o tio Nelson fizer isso, ele pode irá pra cadeia.
Mas não é só isso. A parceria da bolsa de valores traz a vantagem de que se você quiser sair da sua corretora e migrar a outra, pode fazer a portabilidade dos títulos.
Segundo o site do Tesouro nacional: “Vale ressaltar que uma vez adquiridos os títulos públicos, eles são registrados sob titularidade do comprador no ambiente seguro da BM&FBOVESPA. Isso reforça a segurança do Programa, pois permite ao investidor mudar de instituição financeira, na eventualidade de problemas com o seu agente intermediário original, sem colocar em risco a sua aplicação.”
Flexibilidade
Investir em Tesouro Direto apresenta perfis de títulos públicos que atendem a quase todos os perfis de necessidade.
Temos títulos públicos pra:
- Quem quer ter uma reserva de emergência de curto prazo, pra ser sacada a qualquer momento sem perdas.
- Quem quer garantir que seu dinheiro não perca da inflação e até fique acima dela.
- Quem quer um certo valor conhecido em determinada época. Por exemplo, se eu sei que precisarei de R$ 10 mil em algum momento e esse valor não vai mudar.
- Quem quer especular com os títulos, considerando sacar antes do vencimento obtendo um lucro superior.
- Quem quer uma alternativa bem mais barata e lucrativa que a previdência privada.
Custo baixo
Investir em Tesouro Direto não é só acessível (com pouco mais de R$ 30 já podemos começar).
Os custos também são baixos.
Algumas corretoras, na esperança de atrair clientes, nem cobram taxa nenhuma.
Assim, restaria apenas as taxas de custódia da bolsa de valores que é 0,30% anual sobre o valor dos títulos. Praticamente nada.
De resto, tem o Imposto de Renda, que é cobrado na fonte, na hora de sacar. A alíquota é da tabela regressiva e, depois de dois anos de permanência, fica em 15% sobre os lucros.
Comodidade
Uma vez que se tenha conta em uma corretora de valores, podemos investir no Tesouro Direto a partir de casa mesmo.
Podemos entrar no site do Tesouro Direto e determinar a compra ou até mesmo pelo site da corretora ou pelo home broker.
Há alguns anos, um conhecido meu precisou ir até a agência do banco dele pra pedir ao gerente pra fazer o cadastro no Tesouro Direto.
Agora isso é feito através da internet mesmo, pelo site da corretora.
Liquidez
O título da página do Tesouro Nacional que explica isso é: “Seu título se transforma em dinheiro, na hora que você quiser, sem dor de cabeça!”
E é isso mesmo… você não tem que esperar alguém querendo comprar seu título. O Tesouro Nacional garante a compra a qualquer momento.
Basta acessar a área restrita do investidor no site, fazer a venda da quantidade de títulos que se quer.
A transação é realizada em D+1 (no dia seguinte). Aí é uma questão de o banco ou da corretora transferirem o dinheiro a sua conta. Pela minha experiência, corretoras são mais ágeis e bancos mais enrolados no processo.
Vantagem na cobrança do IR
A tabela da alíquota sobre o lucro ao investir em Tesouro Direto é regressiva.
- 22,5% – aplicações em prazo de 180 dias
- 20,0% – aplicações em prazo de 181 até 360 dias
- 17,5% – aplicações em prazo de 361 até 720 dias
- 15,0% – aplicações em prazo superior a 721 dias
Quanto mais tempo ficamos com o título menos pagamos.
Outras duas vantagens:
- É descontado na fonte
- Só pagamos ao vender
Assim, ficamos com o lucro e o único trabalho que temos é relatar o lucro e o pagamento da alíquota na fonte na Declaração de Ajuste Anual.
Mas tem mais vantagens quanto ao imposto de renda, principalmente em relação aos fundos de investimento.
Nos fundos de investimento, a cada seis meses há uma antecipação do imposto no que é chamado de “come cotas”. Isso acaba prejudicando a rentabilidade final do investimento: se você tem menos cotas, tem menos dinheiro, se tem menos dinheiro, os juros incidem sobre um volume menor.
5. QUAL TÍTULO É INDICADO PARA MIM AO INVESTIR EM TESOURO DIRETO?
Por suas características, cada título será indicado a um perfil de investidor ou necessidade, pois alguns investidores vão preferir se posicionar em diferentes títulos públicos ao investir em Tesouro Direto, pensando em diferentes estratégias.
Se você, depois de minhas explicações, ainda tiver dúvidas quanto a que título é melhor pra você, recomendo que entre no site do Tesouro Direto e faça um teste simples que vai escolher para você automaticamente o melhor papel.
Tesouro Selic
O Tesouro Selic acompanha a taxa Selic. Sabe aquela taxa que o Copom divulga periodicamente e todos ficam na expectativa se vai subir ou cair? Essa mesmo.
Se a taxa está em 6,5% ao ano, é isso o que seu dinheiro vai render.
Por isso, o Tesouro Selic está na categoria de títulos prefixados.
A gente não sabe quanto ele vai render no final, pois a taxa Selic varia com o tempo.
A vantagem é que ele sempre vai acompanhá-la. E se acompanha a Selic não tem muito segredo. Vai acompanhar o andamento da economia nacional de um modo geral.
Então, se precisarmos liquidar nosso Tesouro Selic antes do vencimento, não perderemos nada.
Então esse título é especialmente vantajoso se queremos fazer uma reserva de emergência: os especialistas em finanças pessoais sugerem que tenhamos o valor equivalente a entre três e seis meses de ganhos nessa reserva.
Tesouro Pré-fixado
O Tesouro Prefixado é particularmente interessante.
Cada título, no final, no vencimento, sempre valerá R$ 1.000.
Então, se comprarmos hoje o Tesouro Prefixado com vencimento em 2025, pagaremos R$ 517 nele, com a certeza de que, em 2025 ele valerá R$ 1.000.
Então, se eu sei que precisarei de R$ 20 mil em 2025, eu compro 20 títulos a R$ 10.340.
Detalhe, isso só serve se eu sei que a conta será R$ 20 mil, independentemente da inflação e outros juros.
Por outro lado, o Tesouro Prefixado também serve para eu ganhar dinheiro antes do vencimento, caso a Selic caia.
Se eu acho que a Selic vai cair, este é um bom momento para comprar esse tipo de título.
Raciocine comigo. Se em 2025 o título TEM que valer R$ 1.000 e, agora, os juros básicos da economia estão menores, o valor do título terá que dar um “pulo” para chegar lá a um passo menor (Selic menor).
Já se a Selic subir, o valor do título dá uma recuada, afinal, em 2025, o valor será aquele, mas a juros maiores.
Então, se eu precisar desse tipo de título antes do vencimento, arrisco-me a vendê-lo por um preço maior ou menor.
Mas não se enerve que eu vou explicar essa história mais detalhadamente num tópico adiante.
Quanto mais longe do vencimento, maior a influência da Selic sobre essa volatilidade toda.
Volatilidade é o nome que a gente dá à amplitude da variação de preço de um ativo qualquer. Quanto maior a variação, a inconstância, maior a volatilidade.
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais
O Tesouro Prefixado com Juros Semestrais segue a mesma lógica que o Tesouro Prefixado sem juros: no final, ele custa R$ 1.000.
Mas, olha que curioso, o preço desse papel, com vencimento em 2029, hoje é R$ 1.007.
Pera aí, isso quer dizer que eu vou receber menos do que investi no final?
Esse valor é calculado de maneira que ele se equilibre com a taxa ao ano combinada (no nosso exemplo e segundo informação atualizada do site do Tesouro Nacional em 18 de maio de 2018, 10,53% ao ano) e com o pagamento de juros anuais de 10%, divididos por semestre.
Então, repetindo, caso não tenha ficado claro. No final, você fica com R$ 1.000. A cada semestre você recebe R$ 48,81 por título e, considerando o valor do título, tudo, somado, equivalerá à taxa combinada na hora da compra. O que hoje seria 10,53% ao ano.
Fica particularmente fácil de calcular uma renda semestral caso desejemos algo assim.
Se cada título me paga um cupom de R$ 48,81 semestrais obrigatoriamente, se eu quiser um “salário” ou uma “aposentadoria” de R$ 5 mil por mês, temos: R$ 5 mil vezes 6 dividido por R$ 48,81. Precisaremos comprar 614,62 títulos ou ter um patrimônio de quase R$ 620 mil.
Tesouro IPCA
Mas se o tema é aposentadoria, o Tesouro IPCA+ é mais interessante para quem quer investir assim.
A grande vantagem do Tesouro IPCA+ é que ele paga a taxa de inflação do período acrescida de uma taxa de juros ao ano.
Por exemplo, neste momento, o Tesouro IPCA+ com vencimento em 2045, paga a inflação acrescida de uma taxa de 5,54% ao ano. Essa porcentagem é um ganho real. Daqui até lá são 27 anos. Se você tiver 30 anos, começaria minha previdência privada faça-você-mesmo com esse título aí.
Segundo o simulador do Tesouro Direto, se você guardar hoje R$ 500 para comprar Tesouro IPCA+, sem considerar que, nesse meio tempo, podemos aumentar esse aporte mensal, em 2045 teremos R$ 715 mil. Você estará com 57 anos (se tiver começado aos 30). Claro que essa conta pode variar um pouco, pois a inflação não é fixa.
Nessa hora, você deixa o título vencer e parte para um outro tipo de título.
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais
O Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais funciona de maneira similar ao Tesouro IPCA sem juros semestrais mas, obviamente, paga esses cupons de juros uma vez por semestre.
A taxa anual é fixa: 6%. Considerando a taxa anual de rendimento contratada e o valor do título no momento da compra, o valor semestral por título é fixo: R$ 63,48.
Agora que temos, no nosso exemplo (sonhar não faz mal pra ninguém), R$ 715 mil e vamos nos aposentar, vamos investir no máximo de Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais que pudermos.
Se fôssemos investir hoje, o título mais barato desse tipo é o com vencimento em 2029 e ele custa R$ 999,95.
Poderíamos comprar, então, 715 títulos e, a cada semestre, receberíamos R$ 45 mil ou um “salário” de R$ 7.565. Uma aposentadoria bastante razoável.
Melhor que INSS ou que pagar taxas absurdas aos planos de previdência privada (que fazem basicamente isso, investir em Tesouro Direto e ainda cobram de você).
Mas lembre-se: esses cupons equivalem aos juros e à correção da inflação. No fim, seu título estará lá, mas perdeu o seu valor financeiro perdeu o seu poder de compra.
Logo, é bom economizar um pouco e continuar a investir em Tesouro Direto.
Ou em outra coisa, sei lá: a essa altura espero que você já tenha aprendido mais possibilidades de aplicação. A bolsa de valores, por exemplo.
6. ENTENDENDO OS PRAZOS DE CADA TÍTULO PARA INVESTIR EM TESOURO DIRETO
Cada título público tem um vencimento diferente e podemos escolher investir em títulos que vençam em datas mais próximas e investir em títulos que vençam em datas mais distantes.
No vencimento, independentemente de qualquer coisa, o seu dinheiro será devolvido a você com as taxas de remuneração contratadas no momento da compra.
Vamos ver os títulos hoje disponíveis e seus vencimentos:
- Tesouro IPCA+ 2024 – 15/08/2024
- Tesouro IPCA+ 2035 – 15/05/2035
- Tesouro IPCA+ 2045 – 15/05/2045
- Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2026 – 15/08/2026
- Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2035 – 15/05/2035
- Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2050 – 15/08/2050
- Tesouro Prefixado 2021 – 01/01/2021
- Tesouro Prefixado 2025 – 01/01/2025
- Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 2029 – 01/01/2029
- Tesouro Selic 2023 – 01/03/2023
Tanto o Tesouro IPCA+ quanto o Tesouro Prefixado podem apresentar variações caso sejam resgatados antes do vencimento (para mais ou, infelizmente, para menos). Porém, no vencimento, a remuneração sempre será a combinada.
No caso do prefixado, isso pode ser particularmente desvantajoso, no entanto, no caso de o Copom decidir subir por demais a Selic. Veja que até 2025, por exemplo, muita coisa passa por debaixo da ponte.
A não ser que você pretenda especular e aposte numa queda dos juros da economia, determinados pelo Copom, a recomendação é que você segure os títulos até o final.
7. INFLUÊNCIA DA TAXA SELIC AO SE INVESTIR NO TESOURO DIRETO
Para entender a influência da Selic sobre o Tesouro Prefixado e sobre o Tesouro IPCA+ podemos imaginar uma corrida de regularidade. Não uma em que precisamos chegar antes. Mas uma em que precisamos completar 1.000 metros (R$ 1.000) num tempo específico (o vencimento do título público). Mas não só isso a um determinado tamanho de passo (as juros) determinado pelos juízes (o Copom).
Em queda
Imagine que estamos nos 700 metros de corrida. O passo determinado pelos juízes é um por segundo. Faltam 300 segundos para a corrida terminar e por consequência 300 passos.
Mas, por alguma razão, os juízes determinam que, agora o passo é um a cada dois segundos. Meio passo por segundo. Para completarmos a corrida, deveremos ser colocados mais adiante: no caso, 150 metros adiante.
Magicamente saímos dos 700 metros percorridos para os 850 metros. Assim, chegaremos a mil metros nos trezentos segundos que faltam.
Em alta
Desta vez, os juízes decidem que o passo será aumentado. De um por segundo, para dois por segundo.
Ora, para completarmos a corrida de mil metros em 300 segundos a esse passo acelerado teremos que ser colocados mais para trás.
Mais precisamente na altura dos 400 metros. Então saímos dos 700 metros e vamos para os 400. O que importa é que no tempo previsto estaremos nos mil metros.
Isto é, no vencimento, receberemos os juros combinados.
Considerações sobre este exemplo
Claro que este é um exemplo grosseiro. Os números e os cálculos sobre a mudança de valor dos títulos que você comprou ao longo do tempo são mais sutis e pedem dados mais detalhados. O exemplo também tem melhor aplicação sobre o Tesouro Prefixado, mas tem funcionamento similar para o Tesouro IPCA+ (que obviamente também varia influenciado pela inflação).
Outra consideração importante: quanto mais distante estivermos do vencimento (do fim da corrida) maior a influência da Selic sobre a volatilidade.
8. RISCOS DE INVESTIR EM TESOURO DIRETO
Os riscos de investir em Tesouro Direto – sobretudo se forem levados até o vencimento – são mínimos, mas vale a pena falar sobre eles.
Liquidez
O Tesouro Nacional se compromete a comprar os títulos de qualquer um que venha a investir em Tesouro Direto. Então não há com que se preocupar quanto a isso.
Mercado
O único fator que pode fazer um título do Tesouro Direto variar é a Selic, no caso dos prefixados, e a Selic e a inflação, no caso do IPCA+. Mas isso durante a vigência dos títulos. No vencimento, a remuneração paga será aquela combinada na compra.
O Tesouro Selic segue a taxa Selic e, embora ela varie, nunca acontecerá de, durante a vigência do título, de ele desvalorizar.
Taxa Selic
Se a Taxa Selic sobe, tanto o Tesouro Prefixado quanto o Tesouro IPCA+ desvalorizam no seu percurso até o vencimento.
O maior risco é comprarmos um Tesouro Prefixado remunerado a, por exemplo, 8% ao ano e, no percurso até o vencimento, o governo resolver aumentar a Selic para 9% ou 10%.
Aí sairemos perdendo, a não ser que tenhamos escolhido o prefixado por saber exatamente quanto queríamos ao final do título.
Oportunidade
O risco de oportunidade é bem curioso.
Digamos que eu esteja comprometido com um Tesouro IPCA+. Nesse momento, o governo decidi aumentar a Selic. O título, por conseguinte desvaloriza. Tudo bem. Se eu mantiver até o vencimento terei os juros combinados.
Nesse momento, porém, minha corretora me apresenta um investimento muito bom. Mas, para isso, eu teria que tirar meu dinheiro do Tesouro Direto e amargar um prejuízo sensível.
Talvez eu prefira perder aquela oportunidade a permitir que isso aconteça.
Outra situação é, ao contrário: o governo reduziu os juros básicos da economia. Meus títulos valorizaram. É uma chance de vendê-los e colocar o lucro no bolso.
Mas será que, com juros baixos, eu vou encontrar um investimento tão seguro e rentável quanto meu Tesouro IPCA+?
Muita gente, sim, aproveita esses momentos para sair dos títulos, mas acaba indo para aplicações mais arriscadas, como Fundos Multimercado, de Ações ou mesmo diretamente na bolsa de valores. Será que é isso o que eu quero?
9. COMO INVESTIR EM TESOURO DIRETO?
Investir em Tesouro Direto está mais fácil do que nunca.
O primeiro passo é escolher uma corretora com uma boa taxa. Algumas, justamente para atrair clientes, não cobram nada.
Essa ausência de cobrança, no longo prazo, pode fazer uma diferença positiva no seu investimento.
O site do Tesouro Nacional mantém um ranking das corretoras e bancos com custódia de Tesouro Direto.
Cadastrar em uma instituição financeira
Abrir uma conta em uma corretora de valores é muito fácil.
Basta entrar no site, preencher um cadastro, enviar alguns documentos fotografados e, em questão de minutos sua conta está aberta.
Corretoras de valores não costumam ter taxa de manutenção, valores mínimos de permanência ou taxa de abertura.
Agora, basta fazer a transferência via TED de sua conta do banco para a conta da corretora. Tem que ser de uma conta que também seja sob seu CPF, por questão de segurança.
A sua conta na corretora só serve para investir, não serve para receber dinheiro de terceiros ou para fazer pagamentos.
10. QUAIS AS TAXAS E CUSTOS DE INVESTIR EM TESOURO DIRETO
Existem algumas taxas para investir em Tesouro Direto.
Custodia
A primeira dessas taxas é a taxa de custódia, segundo o site do Tesouro Nacional.
A Taxa de Custódia é de 0,30% a.a. sobre o valor dos títulos, referente aos serviços de guarda dos títulos e às informações e movimentações dos saldos. Essa taxa é provisionada diariamente a partir da liquidação da operação de compra (D+2). Por ser provisionada diariamente, é cobrada proporcionalmente ao período em que o investidor mantiver o título, e é cobrada até o saldo de R$1.500.000,00 por conta de custódia.
Taxa da Instituição Financeira
Essa taxa depende da corretora que estamos usando para investir em Tesouro Direto.
Algumas não cobram nada, o que é bastante vantajoso.
No site do Tesouro Nacional tem um ranking e é possível encontrar aquelas que não cobram nada e aquelas que chegam a cobrar 2% ao ano sobre o valor total dos títulos!
Mas a média das que cobram mais é de 0,50% ao ano (também pouco recomendável).
Sério, prefira as que não cobram nada pois há boas corretoras atuando assim.
11. IMPOSTO DE RENDA DO TESOURO DIRETO
O imposto de renda que incide sobre o Tesouro Direto segue a tabela regressiva para renda fixa. A alíquota incide sobre o lucro e é descontada na fonte, no momento do resgate ou no vencimento do título. Resta ao investidor apenas o trabalho de relatar o investimento em Tesouro Direto, detalhando os títulos, valores investidos, valores pagos e agente de custódia na declaração de ajuste anual.
- 22,5% – aplicações em prazo de 180 dias
- 20,0% – aplicações em prazo de 181 até 360 dias
- 17,5% – aplicações em prazo de 361 até 720 dias
- 15,0% – aplicações em prazo superior a 721 dias
Quanto mais tempo ficamos com o título menos pagamos.
12. COMO ACOMPANHAR O INVESTIMENTO EM TESOURO DIRETO?
Nunca foi tão fácil acompanhar nosso dinheiro quando vamos investir em Tesouro Direto:
Temos os seguintes meios:
- Entrando no Portal do Investidor: clique aqui!
- Pelo site da corretora através da qual estamos investindo
- Através do home broker da corretora
13. COMO RESGATAR O INVESTIMENTO NO TESOURO DIRETO?
O resgate do dinheiro também é muito simples e pode ser realizado pelos três meios acima colocados.
Podemos pedir o resgate por número de títulos ou por valor (no caso do valor, o próprio site do Tesouro Direto calcula o número de títulos ou frações de um para obtermos a quantia desejada; por ser a fração mínima de 1%, nem sempre teremos o valor exato que pedirmos).
Os resgates nos dias úteis das 9h30 às 18h terão incidência dos valores no momento da transação. Das 18h às 5h e no fim de semana, a liquidação terá os valores vigentes dos preços de abertura do dia útil seguinte.
14. QUANTO DÁ PRA GANHAR AO INVESTIR EM TESOURO DIRETO?
O único título que conseguimos prever com certeza quanto teremos ao final é o prefixado.
Mesmo porque cada título, no fim, vale obrigatoriamente R$ 1000.
Se comprarmos 100 Tesouros Prefixados, no vencimento teremos R$ 100 mil.
Os outros títulos, não temos como prever.
Embora o IPCA+ esteja nessa categoria um tanto imprevisível, uma coisa é certa: não importa o que aconteça, o dinheiro nele aplicado não perderá poder de compra, visto
que ele corrige pela inflação além de uma taxa anual fixa de juros.
Acredito que este, apesar de não ser prefixado, é o mais previsível quanto ao resultado positivo, desde que mantido até o vencimento (como vimos, se precisarmos do dinheiro antes, corremos o risco de sair num momento em que o governo decidiu aumentar os juros).
O Tesouro Selic, por sua vez, também apresentará ganhos positivos sempre e quanto ao momento de sair é o menos imprevisível. Por ser indexado pela Selic, em nenhum momento estará em desvantagem frente a esse indicador.
15. CONCLUSÃO
Investir em Tesouro Direto é fácil, seguro e descomplicado. Além disso, mesmo com o imposto de renda, rende mais do que a caderneta de poupança.
Exige muito menos burocracia do que abrir conta em um banco (pelo menos esses bancos de modelo antigo e ultrapassado).
Claro, como é um primeiro passo em direção a uma atitude mais ativa em relação a seu desenvolvimento financeiro, pede um pouco mais de dedicação do que simplesmente transferir suas economias da conta corrente para a conta poupança.
Você vai ter que começar a pensar um pouco.
Mas, como deve ter percebido aqui nestes textos, não é nada demais.
Basta abrir a conta na corretora, transferir o dinheiro e, com ajuda de seu bom senso ou do próprio site do Tesouro Nacional, escolher aquele título público ou aqueles títulos públicos que mais se encaixam para o seu perfil de necessidades.
A variedade de títulos oferecidos (Selic, prefixado e IPCA+, com ou sem juros semestrais, de fato, atende a maior parte das preferências. E até mesmo, por incrível que pareça, de risco: como vimos, apostando na queda da Selic, podemos comprar títulos visando sua valorização. E, mesmo que isso não dê certo, nos protegemos segurando o papel até seu vencimento.
Acima de tudo, investir em Tesouro Direto é apenas o início de um aprendizado pra um futuro com investimentos mais variados e com maior potencial de lucros.
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