FIDC – Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios é um investimento da renda fixa com mais riscos, mas com possibilidades de ganhos bem maiores
O FIDC (Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios) pode ser uma opção interessante de investimento em renda fixa pra você?
Primeiro, você deve saber que “direito creditório” é um nome chique pra dívida. Quando a dívida é do governo, por exemplo, chama-se precatório.
Lembra dos subprime que causaram a crise no sistema imobiliário americano e, por consequência, nos mercados do mundo inteiro?
Eram fundos de direitos creditórios, claro que, com a regra do mercado dos Estados Unidos (o modelo dos subprime eram os “asset backed securities”). Inclusive, até tem economistas que, maldosamente, dão esse apelido aos FIDC – Fundo de Investimento em Direitos Creditórios: subprime brasileiro, simplesmente ignorando que eles podem não ser “subprimes” dependendo do caso, mas “primes”, coisa de primeira.
Mas, calma, isso não é motivo pra ficar com medo de investir nos FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios).
Aqui você vai conhecer melhor esse fundo de investimento e decidir se pode investir nele ou não.
O FIDC (Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios), assim, é um pacote de dívidas deste ou daquele mercado: oferecendo esses pacotes, em forma de cotas, para o mercado, o sistema financeiro obtém um adiantamento, divide o risco com terceiros e esses terceiros recebem uma remuneração, em juros maiores ou menores, por isso.
Vamos conhecer melhor esse produto:
- O que é o FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios)?
- Como funciona?
- Tipos de cotas pra investir em FIDC
- FIDC é para mim?
- Qual a rentabilidade dos FIDC?
- Características e Prazos de FIDC
- Custos e Taxas de investir em FIDC
- Quais são os Riscos de investir em FIDC
- Quais as vantagens?
- Quais as desvantagens?
- Vale a pena investir em FIDC?
- Passo a Passo para começar a investir em FIDC
- Conclusão
1. O QUE É O FIDC (FUNDO DE INVESTIMENTO EM DIREITOS CREDITÓRIOS)?
Segundo o site da XP Investimentos: “Fundo de investimento que destina parcela preponderante de seu patrimônio líquido pra aplicação em direitos e títulos representativos de créditos (direitos creditórios) provenientes de operações comerciais, industriais, imobiliárias, financeiras ou de prestação de serviços, entre outras.”
Repito, onde você lê “direito creditório”, leia “dívida”. Quer dizer: lá na outra ponta tem alguém devendo e o pagamento do investimento, bem como os juros depende de que de alguma forma essa dívida seja paga. Percebeu que há um elemento de risco aí, não é?
As dívidas – que podem ser imobiliárias (aluguéis, financiamentos), duplicatas, empréstimos bancários, leasing, parcelas de cartão de crédito – são, então, convertidas em títulos. O fundo de investimento em direitos creditórios, então, compra esses títulos.
Por exemplo, lemos em um release amplamente divulgado por diversos sites de finanças: “O Nubank captou R$ 500 milhões por meio de um Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDC). O objetivo é financiar o portfólio de recebíveis do cartão de crédito, garantindo o crescimento da empresa. A operação foi coordenada pelo Banco Votorantim e pela XP Investimentos e, segundo Gabriel Silva, CFO do Nubank, a demanda por parte dos investidores foi maior que o esperado — quase duas vezes e meia o valor ofertado.”
Percebe que esse dinheiro é uma grana que eles teriam de qualquer jeito no futuro (de gente que deve no cartão de crédito), mas que, com o FIDC, eles podem adiantar?
O Fundo de Investimento em Direito Creditório compra esse tipo de título. Pode ter um ou mais títulos diferentes envolvidos. O fato é: a maior parte dos recursos estará no compromisso de pagamento de dívidas e seus juros.
Renda fixa e risco do Fundo de Investimento de Direitos Creditórios
Como se trata de renda fixa, a remuneração (juros) a receber no vencimento do investimento é acordada ao investir, seja prefixada, pós-fixada ou híbrida (inflação mais juros fixos anuais).
Mas, como já pudemos ver neste texto até o momento, nem sempre a renda fixa significa total segurança.
Eu mencionei que o FIDC – Fundo de Investimento em Direitos Creditórios não tem cobertura do Fundo Garantidor de Crédito?
Se rolar calote em algum ponto entre os devedores geradores do título e você, seu dinheiro está por sua conta e risco. Então, fique atento.
2. COMO FUNCIONA O FIDC?
Para investir nesses fundos de investimento em direitos creditórios, o ideal, naturalmente, é que se tenha uma conta em uma corretora de valores. Dificilmente, em um banco de varejo (aqueles em que, normalmente, as pessoas têm contas) se terá acesso a bons produtos desse tipo pra investimento.
- Quem pode investir: o fundo de investimento em direitos creditórios é só pra investidores classificados como profissionais. Isso limita um pouco o universo desse investimento, visto que investidores profissionais são aqueles que possuem acima de R$ 10 milhões em investimentos. Outra possibilidade é ser agentes autônomo de investimento, administrador de carteira, analistas e consultores de valores mobiliários. Outra forma, então, é investir em um fundo de investimento que invista em fundos de investimento em direitos creditórios. Sim isso existe.
- Valor Mínimo para investir: o valor mínimo pra investir em um fundo de investimento em direitos creditórios também é alto. Pra começar, precisamos de ao menos R$ 25 mil. Considerando que antes de pensar em uma aplicação mais arriscada como essa precisamos já ter distribuído nossa grana em aplicações mais conservadoras, então já vemos que é um produto pra bolsos mais fundos.
3. TIPOS DE COTAS PRA INVESTIR EM FIDC
Obrigatoriamente, os fundos de investimento em direitos creditórios são divididos em dois tipos de cotas: sênior e subordinadas.
Essas cotas e o tipo de cota pela qual optamos influencia tanto o risco como o rendimento de nosso investimento.
A ideia é que, enquanto um tipo de cota tenha rendimentos garantidos, a outra assuma a maior parte dos riscos das dívidas que lastreiam a aplicação.
- Cota Sênior: essas têm preferência no recebimento do valor do resgate ou amortização. São essas as que têm rentabilidade prefixada e garantida. Assim, podem ser consideradas similares a títulos de renda fixa.
- Cota Subordinadas: como o nome indica, são subordinadas às cotas seniores em relação ao resgate ou à amortização. Elas só recebem o resgate depois das seniores, assumindo o risco das dívidas que lastreiam o fundo.
Em investimentos, a regra é clara! Quanto maior o risco, maior a possibilidade de ganho. Então, se a rentabilidade for abaixo da esperada, as cotas seniores têm seus rendimentos garantidos enquanto as cotas subordinadas ganharão abaixo do esperado.
Já, se o fundo tiver rendimentos superiores, as cotas seniores ganharão apenas o combinado, enquanto as subordinadas ganharão muito mais.
4. FIDC É PARA MIM?
Se você se enquadra no perfil de investidor profissional, provavelmente sim. Mas se se enquadra talvez nem precise ler isto.
Considero que, nesse perfil, a essa altura, você já tenha dinheiro em um universo de aplicações, como CDB, LCI, LCA, fundos dos mais diversos (ações, multimercado, ouro, câmbio e outros) e o FIDC, nesse contexto, é apenas uma opção entre tantas que pode ser muito boa, desde que seja feita uma análise detalhada do produto.
5. QUAL A RENTABILIDADE DOS FIDC?
Mais uma vez: risco maior, possibilidade de ganhos maiores.
Mas como vimos, se o risco é grande, às vezes as coisas não saem como esperado.
Não é incomum que FIDC – Fundos de Investimento em Direitos Creditórios apresentem possibilidade de rendimento acima de 150% do CDI ou mesmo rendimentos maiores para cotas subordinada
6. CARACTERÍSTICAS E PRAZOS DE FIDC
O fundo de investimento em direitos creditórios pode ter as seguintes características quanto aos prazos:
- Pode ser FIDC aberto: permitindo a entrada e saída de cotistas a qualquer tempo.
- Pode ser um FIDC fechado: a entrada de cotistas não é permitida após o período de captação, e a saída não é permitida antes do vencimento.
Os fundos de investimento em direitos creditórios são reconhecidos também por códigos:
XXXX-FIDYYZZ
- XXXX = 4 letras que representam o nome do fundo.
- FID = 3 letras que indicam a natureza do título.
- YY = 2 letras para a emissão/série do fundo.
- ZZ = 2 letras para a modalidade de liquidação.
Ainda podemos elencar algumas características dos Fundos de Investimento em Direitos Creditórios, algumas sobre as quais já falamos aqui:
- É um fundo de investimento. É considerado um fundo de renda fixa.
- Pode ser aberto (que pode ser resgatado) ou fechado (não dá para entrar depois do início, nem sair antes).
- Cotas subordinadas (mais arriscadas, mas com mais possibilidade de ganho) e sêniores (mais seguras).
- Pode ser lastreado em dívidas diversas.
- Apenas investidores profissionais podem investir.
- É classificado como renda fixa, mas tem mais riscos, significativamente.
- Pra começar: R$ 25 mil.
- Não tem Fundo Garantidor de Crédito (FGC).
- Regulado pela CVM.
7. CUSTOS E TAXAS DE INVESTIR EM FIDC
Trata-se de um fundo. Portanto, pode haver taxas de administração e de performance.
Além disso, algum dos FIDC – Fundo de Investimento em Direitos Creditórios podem limitar seus ganhos da seguinte forma:
- 150% do CDI ou CDI mais 5% o que for menor.
Ressaltando que este é apenas um exemplo.
Por ser um fundo de renda fixa, há a incidência do Imposto de Renda sobre os lucros de acordo com a tabela regressiva (quanto maior a permanência, menor a alíquota):
Até 180 dias | 22,5% |
Entre 181 e 360 dias | 20% |
Entre 361 e 720 dias | 17,5% |
Acima de 720 dias | 15% |
8. QUAIS SÃO OS RISCOS DE INVESTIR EM FIDC
Como qualquer investimento, os fundos de investimento em direitos creditórios estão sob diversos riscos, a respeito dos quais você deve estar ciente:
- Risco de Crédito: o fundo de investimento em direitos creditórios é lastreado em dívidas. Se houver inadimplência em algum ponto entre você e a origem da dívida, por exemplo, se os consumidores, compradores de imóveis, locatários ou seja lá quais forem os devedores, pode haver lucros menores ou mesmo prejuízos.
- Risco de Liquidez: a liquidez do fundo de investimento em direitos creditórios é baixa no mercado secundário, então, caso se precise do dinheiro antecipadamente ou não, pode ficar difícil liquidar suas cotas.
- Risco de Mercado: existem diversos fatores do mercado que podem influenciar na rentabilidade de um desses fundos. Por exemplo, juros e inflação crescentes podem prejudicar seus resultados.
- Risco Operacional: diversas instituições participam da estruturação de um FIDC. Se uma delas cometer algum erro operacional, isso compromete o fundo.
9. QUAIS AS VANTAGENS?
- O fato de haver várias instituições envolvidas na emissão e na distribuição das cotas dos fundos torna a operação mais complexa, mas também mais segura, pois uma fica de olho no que a outra está fazendo.
- Os rendimentos do FIDC facilmente ultrapassam os 130% do CDI.
- Se você já tem diversos investimentos em renda fixa mais seguros, esta é uma opção para abraçar uma parcela um pouco maior de risco, diversificando suas operações.
- O risco é maior? Não tem problema. Para isso existem agências de classificação de risco que deixam mais claro o tamanho desse risco. Fique de olho nos ratings de cada fundo antes de escolher.
- Precisa do dinheiro antecipadamente? Dá para vender suas cotas no mercado secundário. Mas lembre-se que este tipo de fundo tem baixa liquidez.
10. QUAIS AS DESVANTAGENS?
- Não possui garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC).
- Incidência de imposto de renda.
- É para poucos: além de ser destinado apenas para investidores com mais de R$ 10 milhões, o montante inicial mínimo é de R$ 25 mil.
- Dá para liquidar no mercado secundário, mas tem baixa liquidez.
- O risco é maior por ser lastreado em dívidas de terceiros.
11. VALE A PENA INVESTIR EM FIDC?
Para saber se um investimento vale a pena, é necessário verificar se as suas desvantagens e vantagens, entre si compensam.
Além disso, é preciso ver se o perfil de risco do investimento casa com o nosso perfil de investidor.
Não só isso: é necessário entender se a quantidade de recursos financeiros que a ele destinaremos dará um bom balanceamento de risco e possibilidade de ganhos que combina com o restante de nossa carteira (que provavelmente, a esta altura, estará envolvida com outros investimentos também).
12. PASSO A PASSO PARA COMEÇAR A INVESTIR EM FIDC
Consideramos que, para investir em FIDC, o investidor já deve ter mais conhecimento sobre investimentos em produtos mais padrão do mercado como CDB, LCI, fundos de renda fixa e outros.
No entanto, se quiser começar do zero e tiver essa possibilidade, os passos são os seguintes:
- Estudo dos FIDC disponíveis no mercado.
- Escolher o FIDC mais adequado a seu perfil e ao perfil de risco de sua carteira, casando isso com sua expectativa de rentabilidade.
- Abrir sua conta em uma corretora que esteja distribuindo cotas desse fundo.
- Transferir o dinheiro necessário para a compra de uma ou mais cotas.
- Geralmente, esse produto não fica disponível na plataforma online das corretoras. Será adequado conversar com um agente autônomo de investimento.
- Se os valores estiverem fora de seu alcance, invista em fundos privados que dediquem parte de sua carteira a cotas de fundos desse tipo, os Fundos de Crédito Privado: será mais acessível.
- Comprar as cotas do FIDC.
13. CONCLUSÃO
O FIDC – Fundo de Investimento em Direitos Creditórios é um produto de renda fixa diferenciado.
Ao mesmo tempo em que é renda fixa, oferece uma camada de risco um pouco maior – por ser de emissão privada e por ser lastreado em dívidas de diferentes categorias.
Exige não só um patrimônio maior (pelo menos R$ 10 milhões em investimentos e R$ 25 mil para começar), mas também um conhecimento maior de mercado.
Definitivamente, não é para iniciantes, mesmo em se tratando de renda fixa.
Ainda assim, se esta for a sua opção – supondo que ganhou um bom dinheiro extra repentinamente – o conselho é que você abra uma conta em uma corretora e, antes, consulte um bom agente autônomo de investimento.
Esse profissional lhe dá consultoria gratuita sobre como você deve investir seu dinheiro, quando e em que produtos de investimento.
Vocês cobram dívidas de bancos eu quero mais informações senhor