Garantia do FGC acima de R$ 250 mil? Aposto que você não conhecia o DPGE que protege até R$ 20 milhões
O DPGE (Depósito a Prazo com Garantia Especial) veio pra resolver aquele problema que todos nós gostaríamos de ter.
Onde investir somas superiores a R$ 250 mil de forma totalmente protegida até um limite de R$ 20 milhões?
Sim, porque no caso de CDB, LCI, LCA e outros em que podemos investir, o Fundo Garantidor de Crédito só cobre até um limite de R$ 250 mil por CPF, por instituição, até um máximo de R$ 1 milhão a cada quatro anos.
Assim, o DPGE veio para simplificar a vida de quem tem a bagatela de R$ 10 milhões ou R$ 20 milhões sobrando, além de outras aplicações, e não sabe o que fazer com isso.
- O que é DPGE
- Títulos do DPGE: entendendo melhor como funciona cada um
- Qual papel da CETIP ao Investir em DPGE?
- Quem pode investir em DPGE?
- Prazos de investimento: entenda como funciona
- Como funciona o rendimento do DPGE
- Prós e Contras
- Como funciona a Tributação do DPGE?
- Vale a pena investir em um DPGE?
- Passo a Passo pra começar a Investir em um DPGE
- Conclusão
Claro que o DPGE é pra poucos. Talvez, se chegou até aqui, seja pra você. Mas esperamos, em qualquer caso, que você chegue lá um dia.
1. O QUE É DPGE
DPGE é o Depósito a Prazo com Garantia Especial. Ele paga taxas tão boas quanto os CDBs e, não poucas vezes, até melhores. E, melhor: com total segurança, mesmo pra um valor elevado, um máximo de R$ 20 milhões protegidos pelo Fundo Garantidor de Crédito ao investir.
Como todo investimento, o DPGE é um empréstimo que se faz a um banco. Ele se compromete a lhe devolver o valor tão logo o prazo combinado vença, acrescido dos juros combinados.
Com a garantia do FGC, se o banco em que se aplicou em um DPGE for à falência, se os juros mais o valor que se queira investir forem inferiores a R$ 20 milhões, tudo lhe será devolvido.
O DPGE foi criado pelo Conselho Monetário Nacional em abril de 2009, regulado pela Resolução 3.692, mas em 2012 a Resolução 4.222 criou uma nova modalidade, o DPGE II, atualmente a única vigente.
2. TÍTULOS DO DPGE: ENTENDENDO MELHOR COMO FUNCIONA CADA UM
Ao investir em DPGE, precisamos saber que existem diversos regimes de remuneração, assim como CDBs:
- Pós-fixado: rentabilidade do CDI
- Pós-fixado: CDI mais uma porcentagem
- Pós-fixado por um índice de preços (IGP-M ou IPCA)
- Prefixado
O DPGE, criado para suprir a crise de liquidez pós crise de 2008, surgiu em 2009. Há a classificação de DPGE tipo 1 e DPGE tipo 2, criado em 2012. Atualmente o único vigente é o tipo 2, o que, então, não torna essa informação relevante ao atual interessado em investir. Nesse segundo tipo, os títulos precisaram se adequar às normas do FGC.
3. QUAL PAPEL DA CETIP AO INVESTIR EM DPGE?
Todo DPGE deve ser registrado na Cetip através do CPF ou do CNPJ do investidor. A Cetip é a Central de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos Privados e a responsável pela execução de liquidação de diversas operações financeiras que envolvem estes e outros títulos. Hoje ela integra a B3, a bolsa do Brasil.
O emissor do título DPGE paga uma taxa de 0,005% pra registro do papel. Se o investimento for de R$ 10 milhões, isso representa apenas R$ 500.
4. QUEM PODE INVESTIR EM DPGE?
Considere que o valor mínimo de investir em um DPGE é R$ 250 mil.
Considere que a liquidez é zero.
Considere que, se a liquidez é zero, é necessário ter outros investimentos com liquidez caso venha a precisar de dinheiro antes do vencimento do DPGE.
Então, precisamos ter mais de R$ 250 mil. Ninguém vai investir todo o seu capital em um título sem liquidez.
5. PRAZOS DE INVESTIMENTO: ENTENDA COMO FUNCIONA
Segundo o site da Cetip:
O prazo de resgate é determinado no momento da contratação, mas não pode ser inferior a 6 meses nem superior a 36. Uma característica importante é a não poder resgatar antecipadamente nem parcialmente.
Então, atenção: a possibilidade de se sacar o que você investir no título antes do tempo é praticamente zero.
6. COMO FUNCIONA O RENDIMENTO DO DPGE
Em suma, o rendimento do título pode ser prefixado ou pós-fixado.
Ou seja: ou teremos uma rentabilidade indexada a um índice econômico importante (CDI ou IPCA) ou teremos uma rentabilidade fixa e, assim, saberemos o valor financeiro que obteremos no final.
7. PRÓS E CONTRAS
Liquidez
O DPGE tem zero liquidez. O prazo mínimo é de seis meses e o máximo de 36 meses.
Resgate
O resgate só pode acontecer no fim do investimento. Ou seja no prazo de vencimento combinado na compra do título.
Baixo Risco
O risco é mínimo até um limite de R$ 20 milhões. Se o banco emissor do título em que se investir for a falência, recebe-se os valores e os juros devidos.
Segurança (FGC)
O Fundo Garantidor de Crédito garante boa parte dos títulos de renda fixa do mercado (CDB, LCI, LCA) até um limite de R$ 250 mil por CPF, por instituição até um teto de R$ 1 milhão a cada quatro anos. No caso do DPGE esse limite é estendido a R$ 20 milhões por CPF, por instituição.
Colaborar com o crescimento de uma instituição financeira de pequeno ou médio porte
As entidades financeiras de pequeno e médio porte precisam captar recursos pra fornecer empréstimos e financiamentos. Um DPGE é dinheiro a baixo custo pra que elas possam se manter no negócio. A vantagem para você? Se o negócio deles não der certo, o FGC devolve o que se investiu e os juros até aquele momento.
8. COMO FUNCIONA A TRIBUTAÇÃO DO DPGE?
Não é possível sair do DPGE antes de seis meses. Então o IOF não se aplica, visto que ele só incide para aplicações inferiores a 30 dias.
O Imposto de Renda, por sua vez, é descontado na fonte, no vencimento e na liquidação do título de acordo com a tabela regressiva.
- 22,5% até 180 dias (não se aplica);
- 20% entre 181 e 360 dias (não se aplica);
- 17,5% entre 361 e 720 dias;
- 15% após 720 dias.
9. VALE A PENA INVESTIR EM UM DPGE?
Se você tem grandes valores para investir e não quer ficar distribuindo essas somas por diversas instituições, sempre em busca da melhor taxa de CDBs e vendo suas opções, aos poucos, ficarem reduzidas, uma boa opção é o DPGE. Quem sabe, dependendo do valor e do tempo que se pode ficar com o título, possa-se negociar taxas mais vantajosas.
Claro, de nada adianta se colocar todo o seu dinheiro, digamos R$ 20 milhões, em um DPGE que só vai vencer daqui a três anos. E se você precisar de uma boa soma antes disso?
Então, considere bem os valores que vai investir em um DPGE. Você vai precisar desse dinheiro? Têm investimentos com liquidez imediata ou quase?
10. PASSO A PASSO PARA COMEÇAR A INVESTIR EM UM DPGE
O primeiro passo para investir em um DPGE é: você tem dinheiro o suficiente para justificar a compra desse título?
Sim, não basta ter dinheiro o suficiente. É preciso ter dinheiro além, porque precisamos investir também em títulos e fundos que tenham liquidez, que possamos transformar novamente em dinheiro com rapidez em caso de necessidade.
Corretora de valores
A seguir, o melhor caminho é abrir uma conta em uma corretora de valores. Sim, na corretora de valores teremos a chance de encontrar um título com boa remuneração. Por que isso acontece?
Seu gerente não quer que você saiba
Porque, geralmente, grandes bancos de varejo, onde as pessoas comuns têm conta, não precisam lançar mão de taxas vantajosas para atrair recursos através das aplicações que oferecem: eles têm grandes carteiras de clientes, investimento em marketing e investimento em publicidade.
A vantagem dos bancos pequenos
Bancos pequenos e bancos médios não contam com essas benesses. Portanto, a maneira que eles conseguem atrair recursos é dizendo: venham com a gente, a gente paga mais por seu dinheiro!
Eles querem que você fique no banco deles
Sim, os juros de bancos pequenos e médios é maior. O seu gerente não quer que você saiba disso. E vai fazer de tudo para deixar você inseguro na hora de transferir quaisquer mil reais para uma corretora: “Cuidado, hein?”, vai dizer ele, sem fazer menção ao FGC.
Abra a conta na corretora
Aberta sua conta na corretora (um serviço grátis, sem saldo mínimo e que leva poucos minutos), é só fazer a transferência via TED (talvez por se tratar de um valor grande, é possível que haja alguma burocracia em seu banco).
Agente autônomo de investimento é outro papo
Depois, o recomendável é que você converse com seu agente autônomo de investimento. Ele vai lhe dar as orientações e vai lhe dizer se o DPGE é o título adequado para investir.
11. CONCLUSÃO
É óbvio que o DPGE não é para iniciantes. É de se supor que alguém que tenha mais de R$ 250 mil ou um valor até R$ 20 milhões já tenha bastante noção do que está fazendo com seu dinheiro. Porém, nem sempre isso é verdade, uma vez que a educação financeira de nosso país ainda está defasada.
No entanto, o DPGE pode ser uma bela opção se você tiver valores superiores e não quer ficar espalhando dinheiro em diferentes instituições a fim de obter as benesses do Fundo Garantidor de Crédito.
Certamente é uma forma inteligente de investir, sobretudo se formos conservadores.