Investimentos a curto prazo: que dinheiro eu devo deixar nesse tipo de aplicação. É possível ter bons rendimentos com isso? Como escolher?
Investimento a curto prazo é o que você está procurando?
Depende do que você chama de curto prazo, depende do que você chama de investimento e depende do quanto de liquidez você precisa para seu dinheiro.
Pensamos geralmente em investimento a curto prazo quando nos referimos a uma aplicação para uma parcela de nossos recursos da qual precisaremos mais imediatamente: ou uma reserva de emergência ou um dinheiro que precisaremos dali a alguns meses para pagar uma dívida ou um bem ou serviço de valor conhecido.
Alguns chamarão de curto prazo investimentos com menos de seis meses, por outro lado. Outros, investimentos com menos de dois anos (imagine aquelas pessoas que veem seus investimentos num horizonte de décadas, mesmo em uma economia tão instável como é a economia mundial atualmente).
Assim, neste artigo, veremos algumas opções de investimento a curto prazo e entenderemos como proceder em prazos menos alongados.
- Para quem é indicado investimentos a curto prazo?
- Como funcionam os investimentos a curto prazo
- Qual valor deseja investir?
- Quais os riscos aceitarão correr?
- Como saber onde investir?
- Investimentos em Renda Fixa x Renda Variável: quais rendem mais?
- Passo a passo para começar a investir
- Investimentos a curto prazo valem a pena?
- Conclusão
1. PARA QUEM É INDICADO INVESTIMENTOS A CURTO PRAZO?
O investimento a curto prazo é pra aquelas pessoas que precisam do dinheiro, grosso modo, pra dali a seis meses.
Precisamos entender, antes, que muitos investimentos só trarão todo o seu potencial dali a alguns anos. Isso inclui:
- Renda fixa sem liquidez: CDB, LCI, LCA e outros que só permitem o saque no vencimento (embora existam essas modalidades com liquidez).
- Renda variável que, devido às oscilações naturais dessa modalidade, só trarão resultados realmente positivos em todo o seu potencial num longo prazo. E aí incluímos alguns fundos de ações, multimercado, cambiais e mesmo investimento em ações diretamente.
Portanto, de um modo geral, e ressalto o termo “de um modo geral”, o curto prazo nos dá opções em aplicações que permitam o saque – mais tecnicamente, liquidação – de uma forma mais imediata ou, ao menos, se não houver liquidez, em um prazo de seis meses ou pouco mais que isso.
O que considerar antes de investir?
O curto prazo é o ideal para o dinheiro de que precisaremos de uma forma mais imediata ou para o qual já saibamos a data de necessidade.
Por exemplo, uma reserva de emergência.
É senso comum entre os instrutores de finanças pessoais que precisamos de uma reserva de emergência que corresponda ao menos a seis meses de nossos ganhos pessoais, um dinheiro que possamos sacar a qualquer momento caso alguma coisa dê errado: uma demissão, um tratamento médico, uma reforma inesperada em casa. Nunca sabemos o que pode acontecer. E pegar um dinheiro emprestado pode ter um custo muito alto se nossos recursos estiverem em aplicações sem liquidez, das quais não poderão ser retirados.
Por isso, o investimento de curto prazo é o ideal pra reserva de emergência.
Considere que ao pensar em investimento de curto prazo, quase que obrigatoriamente estaremos abrindo mão de remuneração desse capital.
- Liquidez é a possibilidade de tomar do emissor do investimento o dinheiro que “emprestamos” a ele: logo ele remunera menos nossa aplicação.
- Prazo menor é a possibilidade de tomar esse dinheiro antes também e é mais um motivo pra menor remuneração.
Portanto, devemos aprender a dosar a quantidade de dinheiro que colocamos em investimentos de longo prazo e investimentos de curto prazo.
Investimentos de curto prazo têm menor remuneração do que os de longo prazo, de um modo geral. Assim, ao mesmo tempo em que pensamos em um futuro mais imediato, também devemos pensar em um futuro menos imediato.
2. COMO FUNCIONAM OS INVESTIMENTOS A CURTO PRAZO
Todo investimento é um empréstimo que fazemos a uma instituição financeira.
Até mesmo a poupança (que pode ser sim um investimento de curto prazo, embora muito pouco rentável). Quando colocamos o dinheiro na caderneta de poupança de um banco, estamos emprestando um valor pra essa empresa que, por sua vez, vai emprestar a terceiros.
O detalhe é que o banco vai cobrar juros maiores de quem emprestou do que os juros que pagará a você, que forneceu o dinheiro pra que essa transação fosse possível.
Os investimentos de curto prazo, na verdade, podem ser quaisquer investimentos que me permitam o saque, a liquidação, em um período curto de tempo.
De um modo geral, quando penso em uma aplicação com essa característica, estou pensando em menos risco: afinal, digamos que eu precise sacar dali a um mês ou uma data qualquer em um período de três meses. Não quero descobrir que, por uma oscilação do mercado, meu dinheiro foi pulverizado à metade de seu valor.
Note que isso não tira do meu horizonte investimentos em renda variável, caso eu aceite essa possibilidade de ver meu dinheiro “dar uma ré”, eventualmente. Mas aí já vamos entrando até as canelas ou partes mais altas da perna no terreno no risco.
3. QUAL VALOR DESEJA INVESTIR?
Como expliquei em tópico anterior, geralmente, deixamos em um investimento de curto prazo valores equivalentes a algo entre três meses a seis meses de nossas necessidades periódicas ou de três a seis meses de nosso salário, ganhos mensais.
A ideia aqui é: se eu perder minha fonte de renda terei recursos para o período provável em que terei de me reerguer? Note que, nessa possibilidade, o investimento a curto prazo me dá:
- Segurança financeira: poderei manter um padrão de vida equivalente enquanto procuro emprego ou reorganizo minha empresa.
- Segurança emocional: é mais fácil procurar emprego ou reorganizar os negócios tendo uma gordurinha pra queimar antes de ter de apertar os cintos de verdade.
Assim, o mínimo pra investimentos de curto prazo é isso: de três a seis meses do que você precisa pra viver.
Porém, outros fatores vão influenciar nesse valor:
- Você não está pensando em segurança: digamos que você já tenha investimentos de curto prazo seguros, pra sua reserva de emergência e, ainda, outros investimentos sem liquidez para o longo prazo, horizontes acima de dois ou três anos. Então buscará o risco, em fundos de investimentos em ações ou comprando ações para o curto prazo. Existem operações em ações, por exemplo, que duram semanas, dias ou mesmo minutos (curtíssimo prazo), mas aí, no caso, já não estaremos falando em investimento, mas em especulação.
- Você está pensando em curto prazo, mas abre mão da liquidez: então poderá procurar investimentos como LCI e LCA, mas que tenham vencimento na faixa de três a doze meses e, ainda por cima, não têm cobrança de imposto de renda (considere que a renda fixa costuma sofrer a incidência da tabela regressiva do IR).
4. QUAIS OS RISCOS ACEITARÃO CORRER?
Vamos combinar: se o dinheiro que colocaremos em um investimento de curto prazo é pra uma reserva de emergência vamos preferir não o envolver com risco. Imagine, perdemos o emprego e, ao chegar no banco e na corretora, descobrimos que nossos R$ 60 mil agora são R$ 10 mil…
Quando falamos em renda variável ou mercado de risco, normalmente, temos que entrar em contato com um conceito esquisito: só posso colocar no risco dinheiro do qual eu não preciso. Ora, eu preciso de todo o meu dinheiro. Vamos estender essa ideia pra um conceito assim: dinheiro não comprometido emocionalmente.
Só vamos pensar em investimento a curto prazo em mercado de risco (ações, opções, moedas, commodities) se esse dinheiro não estiver comprometido emocionalmente: emergências, pagamento de dívidas como casa, educação dos filhos ou própria, saúde, etc.
Fora isso: o dinheiro para o investimento a curto prazo deve ficar em aplicações bem conservadoras, ligadas à Selic ou ao CDI. E com vencimento próximo ou com total liquidez.
5. COMO SABER ONDE INVESTIR?
Considerando tudo isso, quais são as opções de investimento a curto prazo?
Não é o objetivo deste artigo indicar os investimentos a curto prazo que você deve fazer, mas apresentar a “filosofia” por trás desse conceito, facilitando a sua escolha. Porém, não custa nada apresentar algumas coisas que você vai encontrar por aí.
A primeira coisa que você vai procurar são investimentos indexados pelo CDI, que é uma taxa bancária que está sempre muito próxima da Selic. Serão investimentos que pagarão uma porcentagem da Selic ou do CDI.
Por exemplo, a poupança, a preferida dos brasileiros, paga 70% da Selic ou 4,2% ao ano (já que a Selic está em 6%). Vamos convir: é muito pouco.
Nesse caso, teremos as seguintes opções nesta categoria mais conservadora:
- Tesouro Selic: título público do Tesouro Nacional através do qual podemos investir através do Tesouro Direto. Tem liquidez diária e é muito seguro, garantido pelo Tesouro Nacional.
- CDB: Certificado de Depósito Bancário, emitidos por bancos. Há opções com liquidez diária, mais aí o investidor quase que certamente abrirá mão da rentabilidade superior daqueles títulos com menor ou sem liquidez.
- LCI e LCA: também emitidos por banco, mas habitualmente, os LCI e os LCA oferecidos pelo mercado não têm liquidez. Porém, há diversos deles com vencimentos abaixo de um ano, o que os enquadra no curto prazo.
- Outros: acho que a essa altura você entendeu. O curto prazo pra investimentos é caracterizado pelo… curto prazo, ora bolas. Então, ainda teremos fundos de curto prazo, fundos DI e até fundos multimercado (sim, como fundos multimercado podem apresentar múltiplos ativos em sua carteira, diversos deles têm baixo risco, tendo como benchmark o CDI).
6. INVESTIMENTOS EM RENDA FIXA X RENDA VARIÁVEL: QUAIS RENDEM MAIS?
Outra ideia pra nos ajudar a entender o investimento de curto prazo: quando o buscamos, estamos pensando em tranquilidade para o futuro breve. Do mesmo modo, o de longo prazo deve nos dar tranquilidade para o futuro distante.
Quando pensamos em renda variável, portanto mercado de risco, nos vem à mente a ideia de tranquilidade? Acho que não: pensamos em dinamismo, em erro e acerto, em volatilidade, atividade responsável e comprometida. Nada impede que façamos investimento de curto prazo em renda variável. Porém, por trás disso, não está bem a tranquilidade. Abrimos mão dela em nome da possibilidade de ganhos superiores.
Então, temos:
- Renda variável: não sabemos quanto renderá (podemos até perder).
- Renda fixa: sabemos quanto renderá, mas certamente renderá menos do que o potencial de uma renda variável, muito embora a possibilidade de sair perdendo seja remota.
Logo, não faz o menor sentido comparar renda fixa com renda variável. Depende do que você quer de seu dinheiro: desempenho superior, ainda que sob maior risco (inclusive de ser um fracasso o seu intento) ou tranquilidade, ainda que abrindo mão de ganhos?
Custos e Taxas
O principal fator que vai mudar segundo o tipo de investimento é o Imposto de Renda.
Geralmente, o imposto de renda que incide sobre investimentos de curto prazo, sobretudo os de renda fixa, é a alíquota de tabela regressiva. Que é de 22,5% pra aplicações inferiores a seis meses (bem a faixa que nos interessa) a 15% pra aplicações superiores a dois anos (que já podemos considerar longo prazo).
Logo, em nossa conta, devemos considerar a incidência de prováveis 22,5% ou 20% de imposto de renda incidindo sobre a parte equivalente ao lucro. Uma aplicação que escapa disso é o LCI, que não tem incidência de imposto de renda. O LCA também. Mas, por conta disso, costumam pagar uma porcentagem menor do CDI.
Do ponto de vista de custos da corretora e do banco, não há taxas: mesmo o Tesouro Selic, que possuía uma taxa de custódia, agora está isento em quase todas as instituições bancárias e corretoras (este tem, no entanto, a incidência de uma taxa de 0,25% anual de custódia pra bolsa de valores).
Se estivermos pensando em fundos de curto prazo ou de renda fixa ou seja lá qual for a modalidade, poderemos ter uma taxa de administração e uma taxa de performance.
Os lucros mudam?
Como vimos em tópicos anteriores, sim, os lucros mudam de acordo com o prazo de permanência e a liquidez.
Por exemplo, um LCI de seis meses de duração quase que certamente pagará porcentagem do CDI inferior a de um LCI com três anos de duração.
Outro fator que interfere na lucratividade é a liquidez: um CDB com liquidez diária quase que certamente pagará menos porcentagem do CDI que um CDB de seis meses com liquidez somente no vencimento.
Se quiser ficar com um investimento de curto prazo que pague ao menos 100% da Selic, fique com o Tesouro Selic, um dos muitos títulos oferecidos pelo Tesouro Direto. Mas se lembre de que há a incidência de 22,5% de imposto de renda sobre os lucros pra permanências inferiores a 6 meses. Então, teremos, em vez de 6% ao ano, o equivalente a 77,5% da Selic ou 4,65 ao ano (pouco mais que a caderneta de poupança).
Sim, acredito que quando estamos pensando em investimento de curto prazo, acabamos perdendo em muito em termos de rendimento: mas o fato é que estamos pensando em tranquilidade, sem que pra isso, percamos para os juros e a inflação.
Vale a pena arriscar mais em renda variável pra investimento de curto prazo?
Podemos pensar em curto prazo aplicado à renda variável sim.
Mas, em minha opinião, somente se já temos parte de nosso dinheiro comprometida com essa ideia de “tranquilidade”.
Isso nos dará mais serenidade e racionalidade, que é coisa que a renda variável, sem dúvida nenhuma, exige.
De fato, em muitos casos, a renda variável pressupõe curto prazo: operações que duram semanas, dias ou horas apenas. Mas, de fato, nesse terreno já estamos entrando em um terreno que já não pode mais ser chamado de investimento, mas de trade ou especulação.
7. PASSO A PASSO PRA COMEÇAR A INVESTIR
Se você está pensando em investimento de curto prazo, vou supor que está começando agora. Então, darei alguns passos bem básicos pra seu início.
- Elimine dívidas: os juros das dívidas sempre serão mais altos que qualquer investimento que você possa fazer. Cartão, cheque especial… não tem como vencer esses caras. Negocie, reduza, elimine. Financiamentos? Faça o possível pra encurtar o pagamento.
- Guarde ao menos 20% do que você ganha. Esse é o valor através do qual você vai começar a formar sua reserva de emergência. Digamos que 10% irá para investimento de curto prazo e 10% para investimento de longo prazo, seguro e com juros maiores.
- Abra conta em corretora de valores: por mais que nos sintamos acomodados em nosso banco de varejo, dificilmente ele nos dará rendimentos superiores aos que encontramos nos produtos de investimento das corretoras. Abrir conta em corretora é fácil (basta baixar o aplicativo no celular ou pelo site, na internet) e é grátis (não tem taxa de abertura, de manutenção e nem saldo mínimo).
- Ao abrir conta em corretora de valores, você terá acesso a um agente autônomo de investimento. Esse profissional lhe dá assessoria gratuita para seus investimentos. Explique que você quer começar a fazer um investimento de curto prazo. Ele vai ajudar você a entender seu perfil de investidor e a escolher os investimentos mais adequados para você.
- Transfira do seu banco, onde tem conta corrente, para a corretora, o dinheiro que pretende investir. Isso é feito em questão de minutos via TED.
- Pronto, você já pode investir através do site da corretora ou através do aplicativo.
8. INVESTIMENTOS A CURTO PRAZO VALEM A PENA?
Os investimentos de curto prazo não nos darão – salvo os de renda variável (que têm muitos riscos) – rendimentos superiores aos de longo prazo.
Porém, quando pensamos que precisamos ter um dinheiro para qualquer emergência e, ao mesmo tempo, não o deixar desvalorizando debaixo do colchão, o investimento a curto prazo nos dá um alento.
Então, vale a pena sim o investimento a curto prazo. Mas lembre-se de deixar boa parte do seu dinheiro com investimentos de maior rentabilidade. Isso garantirá o seu futuro sem comprometer o seu presente.
9. CONCLUSÃO
Creio que “investimento de curto prazo” é um conceito um pouco vago às vezes. Quando nos referimos a ele podemos entender diversas coisas:
- Correr risco por um curto período de tempo visando lucros superiores.
- Não correr risco de jeito nenhum com um dinheiro de que poderemos precisar a qualquer momento, embora não saibamos que momento será esse.
Obviamente, neste artigo, demos atenção ao segundo caso, nos voltando para iniciantes nos investimentos, em busca de alternativa segura para reserva de emergência.
Gostei muito do post e já leio esse blog ha muito tempo parabéns pela qualidade de conteúdo , mas você pode tirar uma duvida quanto tempo demora para eu conseguir ver resultados nos meus investimentos feitos recentemente ?