“Não venda más notícias”, dizia ele, que sequer lia notícias para tomar suas decisões. Chamado de “supeinvestidor” por Warren Buffett, Walter Schloss não cobrava taxa de administração de seus clientes: apenas 25% sobre os lucros, a famosa taxa de performance.
Mas já dá para considerar isso um bom sinal: se ele não fazia seu dinheiro render, não ganhava. Era quase uma garantia. Esse cara iria fazer de tudo para que os valores sob os seus cuidados valorizassem.
E, de fato, nunca deve ter faltado pão à mesa de Walter Schloss. Na verdade, deve ter sobrado: durante 40 anos ele garantiu uma média de 16% anuais de ganho a seus clientes.
Walter Schloss morreu aos 95 anos em 2012: era da velha escola. Para investir não usava computadores. Nem para se informar sobre os ativos. Recebia os relatórios pelo correio.
O seu estilo de investir não era para os fracos. Dizia que, se gostou da ação por algum motivo quando a comprou, iria continuar comprando se ela caísse. Afirmava que por alguma razão não gostava de comprar ações em tendência de alta. Claro, ele tinha fundamentos sólidos para fazer isso: não estava fazendo apenas preço médio para compensar uma compra impensada a exemplo de muitos investidores inexperientes.
Walter Schloss aprendeu sobre Value Investing com o criador do conceito, Benjamin Graham. Depois de ter lido sobre o tema em um livro desse autor, pediu dinheiro emprestado ao chefe para fazer o curso direto com Graham.
Schloss estava no lugar certo: em Wall Street, onde começou como simples mensageiro.
Acontece que Schloss se destacou no curso e foi convidado por Graham para fazer parte de sua equipe, ambiente em que pouco depois conheceu Warren Buffet.
Segundo Buffett, Walter Schloss sempre procurou ter uma carteira muito diversificada (desde, é claro, os papeis tivessem sido adquiridos por valores muito inferiores ao que realmente valiam), provavelmente com mais de cem tipos de ativos. “Não tenho muita influência sobre Schloss”, disse Buffett, atribuindo a força de Walter Schloss a essa característica.
Walter Schloss é o tipo de investidor que acredita em ações baratas. De fato, trabalhar dessa maneira, com as informações corretas, no longo prazo é uma atividade lucrativa independentemente das oscilações de uma ação no curto e no médio prazo.
Ao ler os relatórios de uma empresa, Walter Schloss sempre se perguntava sobre a honestidade da gestão. Seria a administração gananciosa ou honesta com seus investidores, demonstrando até mesmo as dificuldades do mercado? Aliás, preferia ler os demonstrativos financeiros para descobrir isso a conversar com os próprios administradores, afinal, os números não mentem.
Ao encontrar empresas com “administração honesta”, o próximo passo era garimpar dentre essas aquelas que:
- Tivessem ações mais baratas que o real preço da empresa.
- Tivessem nenhuma ou poucas dívidas.
Outras características aprendidas com o Value Investing, de Graham, eram a aversão às perdas (não o medo das perdas, mas cortá-las logo de início), a eliminação das emoções do processo de investimento (como o medo e a ganância) e também a presença da noção de que o dinheiro com que estava lidando não era seu, mas de seus clientes.