Você já teve vontade de voltar no tempo e corrigir algum erro que cometeu? Esse trader também.
Esta história foi um amigo recente quem me contou.
O sujeito estava empolgado, conseguiu juntar cerca de R$ 1 milhão. Economia pura e simples unida a investimentos conservadores (CDB, Tesouro e alguns fundos).
Chegou a hora, então, de arriscar um pouco. Foi o que ele pensou.
A bolsa estava com tudo, batendo recordes.
Ele viu um vídeo de uma corretora dizendo que a tendência era continuar, que esta seria a nova onda de alta do mercado brasileiro.
Resolveu comprar ações. Boa parte de seu portfólio, agora era de Petrobras, Vale, Itaú e outras blue chips.
Ele lembra até o dia em que fez a sua “carteira”. Foi em 23 de abril de 2018. As PETR4 estavam em R$ 23 e, segundo o analista que ele consultou, haviam acabado de “romper uma congestão” indicando uma alta que “iria até a lua”.
Ele ficou empolgadíssimo. De fato, naquele período, diversas das ações que ele comprou subiram. A PETR4, por exemplo, chegou, em poucos dias a R$ 27. Uma valorização de quase 20%. Uma coisa que, na renda fixa, ele só com alguma sorte conseguiria.
Ele estava em lua de mel com a bolsa.
Foi então que…
… greve dos caminhoneiros. E saída de Pedro Parente.
Em 18 de junho as PETR4 já estavam custando R$ 14,50.
E muitas outras ações também desvalorizaram bastante.
Meu amigo ficou sem saber o que fazer no meio desse caminho: moral da história, pegou quase toda a queda comprado.
Quando saiu, quase no fim da queda, jogando a toalha, derrotado, tendo perdido R$ 200 mil dos R$ 400 mil que tinha destinado à bolsa.
Sabe o que é pior? Até começo de novembro a PETR4 já custava R$ 28 novamente.
A verdade é que esse meu amigo fez tudo dentro do script: comprou enquanto os institucionais vendiam ao varejo eufórico e vendeu para os mesmos institucionais que aproveitavam a liquidez dada pelo pânico do mercado.
Você pode estar dizendo: “Mas pera aí, não foi a greve dos caminhoneiros e a saída de Pedro Parente e muitos outros fatores políticos imprevisíveis que causaram esses efeitos?” Pode ser. Isso tudo, de fato é imprevisível e não nos cabe saber o grau de influência que esses acontecimentos têm sobre a bolsa.
O mais importante é que você saiba que o volume já dava todas as pistas para que qualquer iniciante ficasse cauteloso quanto a ser sugado para dentro do mercado. Ainda mais com uma quantidade de dinheiro tão importante quanto o meu amigo investiu.
Aquela congestão detectada pelo analista e que motivou a compra de meu amigo, na verdade, eram os investidores institucionais distribuindo ativos para os demais participantes. Aquele rompimento, que veio a seguir, era justamente para sugar mais incautos para a compra e para testar a demanda.
Se a greve dos caminhoneiros foi uma feliz coincidência, sincronia do destino, teoria da conspiração, para o mercado isso pouco importa: o fato é que, depois do rompimento, os grandes investidores começaram a agredir na venda (aumentando a oferta e empurrando o preço dos ativos para baixo). E isso era visível no comportamento do volume e também no comportamento das agressões de venda.
O fato é que os iniciantes da Análise Técnica e mesmo os experientes não foram capazes de perceber isso: porque a Análise Técnica Clássica observa o preço, não o volume.
Hoje, meu amigo está aprendendo a ler o mercado com o volume, com o Raio X Preditivo, que é a sistematização da Nova Análise Técnica através de conceitos e ferramentas.
Ainda está longe de recuperar os quase R$ 200 mil que perdeu, sobretudo porque está bem mais cauteloso com a bolsa. Encarar como investimento, nunca mais. Está fazendo trades mais curtos, menos expostos a um tempo longo de permanência e também com posições menores. Está indo com calma, mas está consistente (e considero essa uma grande virtude).
O fato é que se ele tivesse conhecido a Nova Análise Técnica antes sequer teria perdido esses R$ 200 mil.
Mas na bolsa é assim, não importa muito quanto você ganha, mas quanto você é capaz de aguentar quando apanha.