E o pessoal que não entende muito de bolsa de valores se empolgou com a vitória de Bolsonaro nas eleições 2018, por causa de sua pauta favorável ao “armamento da população”.
Acharam que as ações da Taurus (TASA4) iriam disparar com a vitória de Bolsonaro nas eleições! Muita gente investiu tudo o que podia nessas ações.
De fato, em outubro de 2018, as ações da forja passaram de R$ 2 para R$ 12. Quem comprou a R$ 2 multiplicou por 6 seu capital, um ganho de 500%! Mas foi uma subida bem rápida. Se você olhar no gráfico, faz um grande pico. E pode ter certeza de que a maioria dos novatos comprou quando as ações estavam em R$ 12. Ora, se o Bolsonaro ainda nem tinha ganhado e as ações já tinham subido, imagine quando tomasse posse e começasse a distribuir um 38 por chefe de família de bem?
Bom, mais uma vez olhando o gráfico: não foi bem isso o que aconteceu.
Não precisou nem terminar 2018. Em dezembro, as ações da Taurus chegaram a R$ 3,77.
Desde então, as ações oscilaram, andaram de lado, subiram um pouco e, agora, vêm em leve alta, chegando a R$ 6 ou pouco mais que isso. Mas ainda bem longe dos longínquos R$ 12 de outubro de 2018. Quem comprou ações nessa época, está com metade do que tinha e já estamos perto de completar 2 anos de mandato.
Muito bem, além de as mudanças nas leis que regem a posse e o porte de armas serem mais complicadas do que muitos querem imaginar, além de haver muitas questões quanto à qualidade dos produtos da Forja ou mesmo a saúde da empresa (que não cabe discutir aqui), o que aconteceu para a ação ter um pico – agudo mesmo – em outubro de 2018 e de novo despencar?
Entenda a alta e queda repentinas da ação da Taurus de uma vez por todas
Existem participantes no mercado que precisam lidar com quantidades ENORMES DE DINHEIRO. Grandes mesmo.
Montar e desmontar posições, para eles é muito complicado.
Se comprarem todas as ações equivalentes a esse capital imediatamente, provocarão uma alta que não desejam: se uma demanda é grande o preço sobe. Eles não querem comprar ações a preços cada vez mais altos. Eles querem comprar ações a preços cada vez mais baixos.
Do mesmo modo, eles não querem vender ações a preços cada vez mais baixos. Eles querem vender ações a preços cada vez mais altos! Se entrarem vendendo, eles provocarão uma queda.
Então o que eles fazem? Às vezes nem tem um motivo. Digamos que eles tenham acumulado muitas ações e, agora, queiram vender. Eles primeiro provocarão um “gatilho”, um “estampido”, aumentando a demanda de forma desproporcional e fazendo o preço subir. Quem tinha vendido, descobrirá que estava errado e encerrará a posição de venda com uma compra também. Mais demanda. E a influência mútua demanda/preço, provoca uma alta que, tão logo esteja andando sozinha, permite esse participante a vender a preços cada vez mais altos, pois os demais participantes estão comprando, acreditando na continuidade da alta.
Se essa tática funciona até sem uma “desculpa”, imagine quando há uma “desculpa” como “o próximo presidente aumentará a demanda por armas”. O preço dispara! E o player que está distribuindo ações faz o favor: “Vocês querem comprar as ações da Taurus? Não se preocupe! Eu tenho, pode comprar comigo!”
E, assim foi. Provavelmente um ou mais players conseguiram distribuir em pouquíssimos pregões uma quantidade monstruosa de ações da Taurus a preços cada vez maiores até que…
Até que a demanda secou. E até que eles não tivessem mais ações para vender. Sem volume, o carrinho do preço “encalha” no meio da subida.
E as ações da Taurus despencaram ainda em outubro…
Sem demanda o preço para de subir. E, em algumas ocasiões, como foi o caso da Taurus, começa a despencar imediatamente.
Se você olhar para o gráfico, verá que depois de chegar a R$ 3, a Taurus voltou para pouco mais de R$ 7, num pico muito parecido com o anterior, embora menor. Depois disso caiu para R$ 3 e ficou andando de lado num processo que chamamos de acumulação em que esses participantes fortes de que estamos falando ficam adquirindo ativos lentamente, em “fogo baixo”.
Tão logo tenham terminado esse processo, provocarão um novo “estampido” e o preço iniciará nova subida em que eles passarão a vender tão logo achem adequado, no meio desse caminho até o novo topo. É o que estamos vendo neste momento em que as ações estão chegando novamente a R$ 6.
Você poderia estar pensando agora que tudo isso que eu contei pra você é história da carochinha ou mesmo “teoria da conspiração”.
Mas convido você a olhar para o gráfico das ações da Taurus olhando para o volume. O volume negociado a partir de agosto de 2018 é monstruosamente superior ao volume dos meses anteriores: volume grande, ainda mais com essa diferença de magnitude, só pode significar uma coisa.
Atuação profissional. Big players. Investidores institucionais. Sério. O volume é MUITO grande em relação aos meses anteriores e anos também. Sem precedentes.
Isso em outubro.
O comportamento das ações da Taurus desde então
Depois da queda que houve após o primeiro pico, o volume ficou ainda maior (dezembro de 2018, janeiro e fevereiro de 2019). Depois veio a lateralização, com volumes mais dentro de uma “normalidade” e, ao final, da lateralização, um aumento de volume novamente (o “berrante” que faz a boiada sair correndo na direção que o boiadeiro quer). Até janeiro de 2020, a ação da Taurus chegou a pouco mais de R$ 6, para em poucas semanas voltar para R$ 2 (durante a crise ocasionada pelo novo coronavírus) e, então, com uma participação maior do mercado (mais volume), voltar para R$ 6 até o fim de junho de 2020.
O fato é: as ações da Taurus não se sustentaram em R$ 12 e muito menos foram além disso com a chegada de Bolsonaro ao poder.00
A verdade é que o mercado pouco se interessa por quem está no poder. Prova disso é que, quando Lula estava no poder, a bolsa chegou a seu patamar mais alto (com a pontuação dolarizada) e, até agora, não ultrapassou este patamar (embora já tenha ultrapassado em pontos em reais).
O que os big players querem, afinal de contas?
Os grandes investidores, mais do que preço, pontuações e coisas menos relevantes estão interessados em liquidez: como montar e desmontar posições enormes em ativos sem que, para isso, aumentem a demanda ou a oferta contra seus interesses.
Para detectar esse comportamento e essa forma de pensar o mercado, é preciso entender o funcionamento do volume e a influência desse volume sobre o preço e como essa informação nos diz sobre o comportamento desses investidores institucionais.
Eles não estão interessados em notícias, boatos ou fake news: para eles isso é mera desculpa para atingir seus objetivos.
E, para entender o volume, nossa recomendação é a metodologia do curso Raio X Preditivo.