Warren Buffett teve mais um guru além de Benjamin Graham. O mestre do buy and hold tem entre seus professores o investidor Philip Fisher, um dos mais influentes do mundo com suas técnicas para escolher ações a dedo, comprá-las e mantê-las por um longo período, lucrando muito. Fisher é autor do famoso livro “Ações Comuns, Lucros Extraordinários”, de 1958.
Buffet dizia que sua estratégia era 85% Graham e 15% Fisher.
Uma das frases famosas de Fisher, esse estadunidense, nascido em 1907 e falecido em 2004, é, por sinal: “Se uma ação foi bem comprada o momento de vendê-la é quase nunca”.
Outra, muito boa: “O mercado de ações está cheio de gente que sabe o preço de tudo e o valor de nada.”
Você deve ter ouvido falar já do “Value Investing”. Fisher é conhecido como pai de outro estilo, o “growth Investing”. Traduzindo livremente, “investimento em crescimento”.
Professor da Standford Business School e gestor de fundos private equity, seu estilo era diferente de outros grandes investidores como Walter Schloss, Irving Kahn, Seth Klarman e Charlie Munger. O seu foco era basicamente nos fundamentos das ações.
O que encontramos de Fisher em Buffett são as técnicas quantitativas para encontrar ações “baratas”. Os 85% de Graham entram com os métodos qualitativos.
Há muita controvérsia entre algumas afirmações de Fisher. Por exemplo, ele acreditava que nem sempre uma relação alta entre o preço da ação dividido pelo lucro seria motivo para uma compra.
As recomendações de Fisher para a compra de uma ação passavam pelos seguintes critérios:
- Tinha que ter um bom potencial de crescimento de vendas no longo prazo
- A competência, grau de inovação e visão dos gestores deve ter um bom nível
- Pesquisa e desenvolvimento devem ser promissores na empresa
- As margens de lucro devem ser consistentes
Para Fisher, a resposta para esses quatro critérios podem apontar melhores investimentos do que o número objetivo do P/L, preço por lucro.
Assim, Fisher não acreditava que a análise dos balanços das empresas fosse suficiente para uma tomada de decisões. Ele ia fundo: conversava com acionistas, concorrentes, ex-funcionários, fornecedores e os próprios gestores. Era um verdadeiro detetive de ações, se é que esse termo existe.
Fisher acreditava que, se um mercado era promissor no futuro, era fundamental que a companhia estivesse preocupada com o fato de que um concorrente pudesse garfar esse mercado potencial em alguns anos: não adianta o mercado ser promissor se esse potencial não estiver garantido com planos adequados.
Ele era desconfiadíssimo de empresas que investiam por demais em marketing. Por vezes, o marketing e a publicidade tentam – e muitas vezes com sucesso – fazer as coisas parecerem melhor do que estão. Nesse caso, é novamente necessária uma boa investigação para verificar se a companhia promete muito e se, de fato, entrega essa promessa. Dificilmente uma empresa vai entregar de bandeja situações muito negativas em um relatório anual. Certamente, essas informações até podem estar lá, mas haverá destaque para pontos positivos que, nem sempre, são os fatores decisivos para uma boa compra de ações.