O Fidelity Magellan Fund é o maior fundo de ações do mundo e alguém precisou estar a frente dele para que ganhasse essas dimensões.
O nome desta pessoa é Peter Lynch: ficou à frente do fundo por 13 anos e durante este tempo fez uma média de 26% acima do S&P 500, um dos principais índices da bolsa nos Estados Unidos.
Peter Lynch ficou famoso por sua frase aplicada a investimento em ações: só invista naquilo que você conhece. “Nunca invista em uma companhia antes de ter feito o dever de casa sobre as perspectivas de crescimento, da sua condição financeira, seus planos de expansão e assim por diante”, afirma Lynch.
De fato, se você quer poupar tempo ou se não deseja se aprofundar em ações que talvez não sejam adequadas para o seu perfil, pode usar esse filtro: certamente ainda sobrarão algumas ações com boas chances de representar um lucro.
Além disso, ninguém é obrigado a saber tudo sobre tudo. As empresas que estão na bolsa são bem abrangentes, afinal de contas. Não é de se esperar que alguém que conheça o mercado de petróleo saiba muita coisa sobre mineração.
Outra dica de Peter Lynch é derivada das anteriores: não diversifique demais, não porque isso é perder dinheiro em si, mas porque não dá para acompanhar mais do que cinco ou seis ações de cada vez se você não se dedica ao mercado cem por cento do tempo.
O investidor comum precisa saber simplificar seus investimentos, ficar somente com aquelas ações que são essenciais, lembrando que simplificar seja lá o que for não é uma tarefa fácil.
Em alguns de seus livros, Peter Lynch indica ações que não sejam badaladas para investir, aquelas ações que não estão na mira de todos. Faz sentido: afinal, se todos estão comprando é natural que as ações estejam com um preço mais alto. É uma lei de mercado. Lynch prefere investir em meias calças a investir em empresas de alta tecnologia: ele gosta de negócios que podem ser tocados sem que, para isso, seja necessária uma especialização muito grande. Quer dizer, entre uma empresa competitiva de um setor complexo e uma empresa medíocre de um setor simples, ele fica com a segunda opção.
Algumas dicas de Lynch são bem interessantes (claro, aqui elas estão bem resumidas; não é para segui-las ao pé da letra, portanto):
- Prefira empresas com nomes enfadonhos, comuns, chatos.
- A empresa faz algo comum, como rosquinhas, pneus… fuja de microprocessadores (não porque essa empresa é ruim, mas porque é complexa).
- A empresa faz algo desagradável: todos pagarão alegremente por seus serviços.
- A empresa é originada de uma cisão: grandes empresas não se livram de seus apêndices sem que eles estejam em boas condições, pois isso seria embaraçoso para a empresa original.
E, para ele, como para outros investidores, novamente o tempo é um dos segredos: tem que ter paciência. Se você comprou ações pelos motivos certos, elas vão pagar o preço depois de um tempo. Não um ou dois anos. Mas vinte, trinta, quarenta anos.
Durante muito tempo, Peter Lynch foi o maior gestor de ações dos Estados Unidos. Hoje está aposentado: parou de trabalhar aos 46 anos para se dedicar à família. Se você tivesse largado US$ 10 mil com ele em 1977, Lynch lhe devolveria quase US$ 300 mil em 1990, ano em que parou.