John Paulson – Talvez você não lembre de 2008. Talvez você esteja chegando agora.
Mas no começo daquele ano todos estavam eufóricos.
Gente que nunca tinha pensado em entrar na bolsa de valores, estava entrando.
As corretoras, a própria Bovespa, todo o mundo estava incentivando os pequenos investidores a começar no mercado de renda variável.
E claro que isso é bom. Mas, na empolgação, muita gente achou que era moleza tirar dinheiro do mercado.
E aí veio o Tsunami. A . Lá pelo meio do ano, o Ibovespa que havia atingido seu pico, começou a despencar, puxado pelas ações da Vale, Petrobras e de todas as outras grandes empresas que o compunham.
Todo o mundo saiu perdendo. Não só na bolsa brasileira. Nas bolsas mundiais.
Bem…
… quase todo o mundo.
John Paulson, um dos maiores gestores de hedges funds (cuja tradução em português seria algo como “fundo de cobertura”) “apostou” contra as hipotecas estadunidenses, principal componente dos papeis que provocaram a crise mundial toda.
Enquanto todo o mundo estava comprando, ele estava vendendo esses papéis, tendo peito para ao longo de quase quatro anos, entre 2005 e 2008, contrariar a bolha do mercado imobiliário estadunidense.
Nesse período, o chamaram de maluco. Sócios fugiram. Clientes abandonaram o seu fundo. Os concorrentes faziam pouco dele. Enquanto ele vendia, o mercado imobiliário teimava em valorizar.
Mas, como já conhecemos a história, a bolha finalmente estourou. Se você quer ter uma ideia de como foi esse clima todo deveria assistir ao filme The Big Short – A Grande Aposta). Paulson, incrivelmente, não figura entre os personagens, talvez porque o livro sobre ele só saiu depois do lançamento do filme, mas pode ter certeza de que ele é uma ausência importante.
Muito bem, só ele, nessa jogada, ganhou 4 bilhões de dólares.
Mas não foi só isso: em 2010 apostou na valorização do ouro. Mais 5 bilhões de dólares para seu bolso.
Certamente, essas jogadas foram suficientes para colocá-lo como uma das grandes estrelas de Wall Street fazendo frente ao seu maior rival, George Soros (que, diga-se de passagem, administrou um fundo que deu US$ 35 bilhões a seus clientes desde 1973).
Mas você pensa que os grandes só acertam? Eles também erram. Erram bastante e, às vezes, erram feio. Paulson não conseguiu ver a crise de 2011. No início de agosto daquele ano, as bolsas dos Estados Unidos começaram a ser tomadas pelo sentimento de pânico na maior queda desde 2008.
Paulson se deu mal simplesmente porque acreditou que, com a queda de 2008, as ações dos bancos estavam “baratas”: comprou 3,5 bilhões de dólares em ações de instituições financeiras. A coisa estava indo bem. Mas em 2011 a coisa ficou feia e essas ações perderam o valor. Ele teve que se desfazer dos papeis, desvalorizando ainda mais o mercado num efeito cascata.
Não bastasse isso, uma empresa de que seu fundo tinha uma considerável participação, uma administradora de florestas na China e na Nova Zelândia, foi acusa de fraude e apresentou significativa desvalorização: 70% em poucos dias.
Todos esses reveses não foram suficientes para derrubá-lo. Em 2012 foi listado entre as pessoas mais ricas do mundo pela Forbes.
Atualmente, a maior dificuldade de Paulson é administrar um fundo que cuida de US$ 35 bilhões. Parece incrível, mas quando se tem tanto dinheiro assim para cuidar, fica realmente difícil encontrar negócios que sejam significativos e que representem lucro. Porém, não há como negar que é o tipo de problema que a maior parte das pessoas gostaria de ter.
Entre outras cartadas positivas de Paulson, no momento: um fundo baseado em ouro que, na estreia, rendeu 35% e hoje administra 1 bilhão de dólares e também um fundo especializado em empresas em crise.