Antes de mais nada é preciso que contextualizemos. Vou contar a lenda do Eldorado de maneira bem esquemática e simplificada, mais como exemplo do que propriamente uma lição de história.
O Eldorado é uma lendária cidade supostamente existente em algum lugar da América Latina ou do Sul.
A lenda surgiu logo após a invasão europeia aos povos que aqui viviam e o início de seu extermínio: os indígenas brasileiros, os incas, os astecas e os maias.
O fato é que alguém inventou que viu ou ouviu falar de uma cidade feita inteiramente de ouro.
A história fez mais sucesso entre os espanhóis. Daí o nome em castelhano.
Como naquele tempo as pessoas acreditavam tanto em bobagens como hoje (fato comprovado pela crença nas fake news do zap zap), rapidamente muitos aventureiros da Península Ibérica vieram para cá, investindo tudo o que tinham e o que não tinham para encontrar a tal cidadela.
Ora, se se tratava de tanto ouro assim, devia valer a pena.
O fato é que muitos chegavam por essas bandas dalém mar (ou daquém mar, dependendo de onde se olha) e, na melhor das hipóteses, perdiam tudo e ficavam sequer sem dinheiro para voltar para casa (de onde nem deviam ter saído). Na pior das hipóteses, simplesmente morriam.
Realmente, o Eldorado nunca foi encontrado e provavelmente (que dúvida) nem exista.
Certamente surgiu no imaginário dos invasores europeus como fruto de sua ganância e do imaginário dos legítimos povos americanos por seu talento em contar histórias e por sua vontade de tentar vencer os inimigos, dotados de armas mais poderosas, através das artimanhas de que dispunham.
O bitcoin recentemente se mostrou o novo Eldorado. Não nas Américas. Mas nos investimentos como um todo.
Em dezembro de 2017, o Bitcoin chegou a seu pico histórico até o momento. Um único bitcoin passou a valer R$ 64 mil reais.
E eram notícias em todos os noticiários, no Facebook todos os seus amigos falavam da moeda virtual, estabelecimentos passaram a aceitar pagamentos.
Foi nessa hora que muita gente que nunca tinha ouvido falar de investimentos de renda variável, em moedas ou mesmo sequer tinha ouvido falar de aplicações que não fossem a poupança, levantaram a orelha e disseram: Opa! Dinheiro fácil!
Até a pessoa mais distante do mundo dos investimentos ouviu falar de bitcoin.
E muitas dessas que ouviram o galo cantar decidiram que era hora de investir.
E começaram a comprar.
Tudo o que estavam fazendo era dar liquidez a todos aqueles que sabiam que a festa não duraria muito.
Quando até o porteiro do seu prédio – nada contra os porteiros – decidem investir, é porque os investidores graúdos estão saltando fora já, vendendo aos empolgados, ao gado que não sabe que está indo para o abatedouro.
Eu lhe pergunto o que aconteceu depois de dezembro de 2017.
Em 30 de março de 2018, três meses depois, a moeda valia apenas R$ 25 mil. Menos da metade do preço de compra em 2018.
E agora, José?
Vamos comprar mais porque está em promoção, certo? É assim que os iniciantes em investimentos costumam pensar.
E, novamente, deram liquidez para aqueles que preferiram operar na venda.
Hoje, menos de um ano depois, o Bitcoin está em R$ 14 mil. Apenas 25% do valor de dezembro de 2017.
Você não deve perguntar para mim se o Bitcoin é o Eldorado. Deve perguntar para quem comprou em dezembro de 2018.
Mas acho que você já entendeu qual é a resposta.