Olha que frase excelente do investidor John Templeton:
“O momento de máximo pessimismo é o melhor para comprar, e o momento de máximo otimismo é o melhor para vender.”
Eis aí uma frase que serve para o longo prazo e que serve também para prazos mais curtos, até para o day trade.
Quem não se lembra, aqui no Brasil, quando em 2008 todo o mundo estava empolgadíssimo entrando na Bolsa de Valores? A coisa despencou: todo mundo estava comprando, mas já era hora de vender.
John Templeton nasceu em 1912, no Tenessee, Estados Unidos, e passou parte de sua juventude durante a Grande Depressão, depois do crash de 1929.
Talvez por isso, por ter passado por tanta carestia, fosse conhecido por seus hábitos bastante econômicos, para ser gentil no uso do termo: quando casou, mobiliou sua casa com US$ 25, buscando móveis usados em leilões, e era visto em Nova York atrás de refeições que custassem menos de US$ 0,50.
Detestava empréstimos: pagava tudo a vista pois cansou de ver os fazendeiros da região onde vivia perderem tudo o que tinham por conta da contração de dívidas.
John Templeton virou uma lenda do chamado Value Investing, que consiste em procurar ações consideradas pechinchas, ações que estão baratas para empresas que valem muito mais que aquilo, não só no seu mercado, o americano, como em mercados do mundo inteiro, como o japonês. Fez isso por, nada mais nada menos que setenta anos. Era incansável.
Sua estratégia septuagenária de ir buscar ações vantajosas em outros rincões lhe rendeu vantagens em momentos em que a economia americana não ia tão bem. Por exemplo, no final da década de 60, a economia dos Estados Unidos não gozava de boa saúde.
Como a maior parte dos fundos estava focada nela colecionaram perdas atrás de perdas. Da fundação ao seu fechamento, o fundo de Templeton – Templeton Growth Fund – teve um crescimento anual de 14,7% contra apenas 10% dos outros.
Em 1939, a Segunda Grande Guerra encheu os investidores de terror. Todos venderam seus ativos fazendo com que a bolsa americana perdesse metade de seu valor. Enquanto isso, Templeton aumentou suas apostas em commodities e ferrovias que seriam acionadas pela necessidade de transporte de matéria prima e pelo aquecimento da indústria bélica, a exemplo da Primeira Grande Guerra.
Ele sempre foi assim: buscava compras justamente quando o sentimento era mais negativo. Na ocasião da guerra, estava tão convicto de suas crenças que o inesperado aconteceu: pediu dinheiro emprestado para investir, dez mil dólares para montar uma posição de quarenta mil dólares comprando ações de 104 empresas que estavam baratas demais para ser verdade, diversificando seu investimento e mitigando o risco caso algumas delas não se comportassem como o previsto.
O lucro final, depois de alguns anos, foi de quarenta mil dólares. Cem por cento de valorização. Mais, se considerarmos que parte do dinheiro nem era dele.
Em 1968 partiu para investimentos no Japão, país que começava a se recuperar da destruição da guerra, ao observar os métodos produtivos de lá e os hábitos poupadores dos japoneses (que costumavam então guardar um quarto do que ganhavam. Por outro lado, o preço das ações japonesas estavam muito depreciados.
Não demorou para, um ano depois, outros investidores seguirem para lá também e o mercado começou a subir. Naquele ano, o fundo de Templeton ficou entre os mais conhecidos do mercado, de figurante à estrela.
Em alguns anos o mercado começou a inflar e, mais uma vez, John Templeton identificou a bolha e saiu no auge, em 1989, quando a bolsa japonesa chegou a níveis nunca novamente atingidos e começou a cair.
John Templeton adotou posturas parecidas quando da bolha das empresas da internet em meados dos anos 2000, outra bolha que estourou, e com a China Mobile, uma empresa com ações, também, cotadas abaixo do potencial de lucro da companhia, em 1995.