Será que vale a pena investir com robôs? Entenda como funcionam esse tipo de investimento e se realmente é rentável para o seu dinheiro.
Investir com robôs já é um erro por si só. Não faça isso.
Agora que já ganhei a sua atenção, devo dizer que nem sempre investir com robôs é um erro.
Sim. Se você for o CEO de uma grande companhia investidora institucional, você terá à disposição robôs HFTs (High Frequency Trading – Negociações de Alta Frequência) programados para fazer operações em nano segundos, posicionando e reposicionando ordens gigantescas de compras, aos milhares, em diversos mercados simultaneamente.
Esses robôs lidam com milhões de dados ao mesmo tempo, procurando distorções e desequilíbrios que, muitas vezes, duram apenas instantes, mas suficientes para que apenas hardwares potentes possam tirar proveito deles.
Desnecessário dizer que esses programas e esses computadores são preparados por algumas das mentes matemáticas mais poderosas e mais bem remuneradas do planeta.
Desnecessário dizer também que esses investidores institucionais têm a sua disposição um arsenal financeiro que, comparado ao nosso, reles mortais, é praticamente infinito.
Então, nesse caso, se você fizer parte da diretoria ou presidência de uma dessas empresas, esqueça o que eu disse: investir com robôs não é um erro.
Não à toa, 80% das operações mundiais, talvez mais, estimativamente, são feitas por HFTs.
Mas, de outro modo, é um erro sim:
- Quem começa a operar com robôs acredita que o mercado é uma espécie de caixa eletrônico, do qual podemos tirar dinheiro sem muito esforço, deixando um programinha simples encontrar oportunidades em que isso é possível.
- Quem acredita em robôs de investimento também acredita num santo graal. Combinando um indicador, com certos parâmetros, e outro indicador com outros parâmetros, será possível achar os pontos de entrada e saída corretos sem muito atraso. Ah, sim! Também há outros fatores para programar: o tamanho dos stops, o tamanho das posições, quando realizar lucro parcial, quando fazer o trailling stop e em que passo ele deve andar…
- Um erro bem grande: o tempo que se passa fazendo simulações. O Meta Trader 5, por exemplo, tem uma área só para fazer simulações em que ele vai fazer combinações de todos esses fatores (stops, parâmetros de indicadores, horários de operação), tudo baseado em pregões passados… talvez o trader robótico até aposte alguns tostões comprando um computador mais potente capaz de fazer essas simulações com maior velocidade. A verdade é que qualquer parâmetro que traga os melhores resultados para os pregões dos últimos três meses não serve nem para o pregão de hoje. Nem se testarmos parâmetros de pregões de vinte anos atrás até o pregão de ontem, isso não será suficiente. Porque a bolsa, a cada dia é diferente.
- Quem acredita em robôs, no fundo, gostaria que alguém pegasse em sua mão para ajudar a clicar na hora certa, no momento correto de entrar em uma operação, como se fosse mágica. Isso é o equivalente a querer que alguém lhe pegue pela mão na hora de atravessar a rua. Um adulto, ao atravessar a rua, olha para os dois lados, avalia os riscos e mesmo sabendo que a disposição dos carros que se movimentam de um lado para o outro nunca é a mesma, decide o momento certo de dar o primeiro passo e, sem surpresa nenhuma chega do outro lado. Se você precisa de um robô para ajudar você a atravessar a rua, eu acho que você está com problemas.
- Isso nos leva ao quinto erro: quem tenta usar robôs imaginando que esse recurso vai resolver todos os seus problemas está abrindo mão de operar como um trader responsável por seu destino. Por isso, o Raio X Preditivo é favorável a uma metodologia discricionária. Isto é: o trader lê o mercado de acordo com sua capacidade, suas ferramentas, seus conceitos e, por conta própria, toma suas decisões. Você pode pensar que isso faria com que diferentes traders tomassem diferentes decisões para a mesma situação. Mas ficaria surpreso ao saber que diversos praticantes do Raio X Preditivo tomam decisões bastante similares, mesmo sem estar em comunicação direta (fato revelado em aulas ao vivo). É porque quando aprendemos a ler os ativos e o mercado como um todo, como se ele fosse um texto ou uma partitura, com sinais gráficos que constituem regras claras, ele passa a ter significados muito parecidos para aqueles que dominam essa linguagem. Ou você acha que é coincidência que, num concerto, os violinistas façam os mesmos movimentos e sons? Ora, eles estão lendo a mesma partitura, usando o mesmo instrumento e a mesma técnica.
Já quem não sabe ler partituras talvez prefira que um robô faça isso para si.