Entenda quem são os Insider Trading e como eles possuem informações privilegiadas
A bolsa de valores e o mercado de renda variável em geral tem figuras incríveis e inspiradoras, gente que ganhou, perdeu tudo e ganhou de novo. E jogando com o livro de regras debaixo do braço.
Mas tem gente que bota fogo nesse livro. Os insider trading são os vilões da bolsa. Uma das formas mais condenáveis de se queimar essas regras é o uso de informação privilegiada, operar com dados que ninguém mais tem: o famoso “Insider Trading”.
Isto constituiu uma vantagem desproporcional em relação aos outros players e garante ganhos, às vezes, ilimitados (só limitados pela necessidade de o criminoso tentar ser discreto).
Vejamos alguns casos de insider trading e o uso de informações privilegiadas:
- Em 2013, Michael Steinberg, do fundo hedge SAC Capital Advisors, operou papeis da Dell e da Nvidia usando informações que não eram públicas. Ele e mais nove pessoas da SAC foram implicados nas acusações.
- Os fundos 3G Capital e Petrix entraram em acordo com a Comissão de Valores Imobiliários em 2006. Sabendo dos negócios de fusão entre Submarino e Americanas, fizeram várias operações com informações privilegiadas. Tiveram que pagar, juntos, R$ 13 milhões. Foi pouco. Operar com informação privilegiada é, basicamente, roubo.
- O caso 3G e Petrix não chegou ao tribunal. O primeiro a chegar foi o dos investidores Luiz Gonzaga Murat Filho e Romano Ancelmo Fontana Filho, em 2009. Lucraram usando informações privilegiadas sobre a negociação de ações da Perdigão no mercado de Nova York.
- Em 2010, um casal tentou vender informações sobre os resultados trimestrais da Disney, cujas ações são negociadas nos Estados Unidos. Alguns empresários se interessaram. Quando foi constatado que acertaram o valor do lucro por ação, foram presos: os compradores eram agentes do FBI.
- Desta vez o grupo 3G capital não foi o acusado, mas estava no rolo: dois investidores tentaram usar as informações sobre a aquisição do Burger King pelo grupo. Mais algumas pessoas foram presas no caso que aconteceu em 2010.
- O empresário Eike Batista nega de pés juntos o uso de informação privilegiada: a investigação vem desde 2014 e ele é acusado de manipulação do mercado, lavagem de dinheiro e outras coisinhas. Seus bens foram bloqueados para que ele possa ser usado para pagar acionistas e credores.
- Nos anos 80, informações sobre fusões e outros negócios, que envolviam inclusive as empresas Lazard Freres e Lehman Brothers, foram vazadas a Ivan Boesky. Boesly foi preso e inspirou o personagem Gordon Gekko, do filme Wall Street: o Dinheiro Nunca Dorme, de Oliver Stone.
- Em 2004, Eugene Plotkin teve acesso a informações de negócios e fusões da Merrill Lynch. Não bastasse isso, tinham acesso à revista Business Week antes de que ela chegasse às bancas. Quem disse que notícias não podem ajudar a ganhar dinheiro, nesse caso, ilícito? O pilantra se deu mal.
- Cuidado com as informações que você recebe. Martha Stwart é mais conhecida por ter sido apresentadora de tevê. Mas recebeu informações de seu corretor e as usou, operando na venda de ações da Imclone Systems. Foi para o xadrez por cinco anos e ficou mais cinco anos em prisão domiciliar.
- Também na década de 80, foi descoberto que Paul Thayer, alto funcionário do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, divulgara informações para seu círculo de amigos durante a época que comandou a LTV Corporation. Não ganhou dinheiro diretamente, mas ele queria ser popular entre os amiguinhos. Foi preso e multado.
- Warren Buffet fazia seus negocinhos, de leve, comprando 5 bilhões de dólares em ações da Goldman Sachs. Tudo dentro da lei. Claro que os preços dispararam. Um investidor indiano, Raj Rajaratnam, sabia do negócio antecipadamente e comprou diversas ações antes mesmo de Buffet. Esta é considerada a maior fraude da história por uso de informação privilegiada.
Acontece todo dia na Bovespa. Basta alguma empresa pretender divulgar dividendos expressivos após às 17 horas (fechamento do pregão) e, magicamente, sempre, as ações têm forte valorização durante a última meia hora do pregão… Não se sabe porque a CVM não “percebe” isso…