Se você está há algum tempo na bolsa de valores ou ao menos começando a se aventurar nessa seara, já deve ter ouvido falar de holding. Mas o que são holdings?
Vamos partir da origem da palavra. Holdings vem de hold: em inglês, segurar, controlar. São empresas cuja principal função é controlar outras. Às vezes elas controlam uma única companhia, que representa o principal segmento em que a holding atua ou, às vezes, como veremos controlam diversas outras companhias de ainda mais diversos segmentos.
Um dos melhores exemplos é a Itaúsa que, por sinal, é negociada na bolsa de valores.
A Itaúsa controla as seguintes companhias:
- Itaú-Unibanco: o banco
- Itaú BBA: banco de investimento, o maior da América Latina, e que faz parte do Itaú-Unibanco
- Itautec: coloquei aqui só para constar, visto que já saiu do mercado
- NTS: Nova Transportadora do Sudeste S/A, que transporta gás natural por meio de um sistema de gasodutos, conectando a região mais industrializada do Brasil com segurança e confiabilidade
- Alpargatas: a famosa marca por trás dos mundialmente famosos chinelos Havaianas
- Duratex: que trabalha com diversos produtos, como pisos laminados, louças e metais sanitários, aquecimento de água e válvulas, revestimentos para paredes e forros e revestimentos cerâmicos
De fato, algumas das maiores e mais poderosas companhias do mundo são holdings, que aos poucos vão estendendo seus tentáculos sobre outras companhias tão grandes quanto ou menores, comprando ações e participações no negócio.
Por aqui, as holdings tiveram criação através da Lei n° 6.404, de 1976, que rege as Sociedades Anônimas.
As empresas controladas pela holding são subsidiárias e cada uma delas têm um grau diferente de independência dependendo do regime administrativo da holding e do posicionamento no mercado. De qualquer modo, a holding tem a maior participação em ações ou maior participação na sociedade da companhia, o que lhe dá controle sobre o negócio. Independente ou não, a subsidiária responde à holding.
Quais as funções da holding
- Ter a participação majoritária nas ações das empresas subsidiárias
- Controlar as subsidiárias
- Facilidade de mudar sua estrutura: é muito mais fácil uma holding entrar em um setor econômico em que não estava antes ou sair de outro
- Isso é consequência de que ela não necessita operar comercialmente e de que ela não pode operar industrialmente
- Pois seu negócio é ADMINISTRAÇÃO e INVESTIMENTO
- Assim, a holding também pode investir em ações de outras companhias sem a intenção, em princípio, de controlar, mas de investir tão somente
- Diversificação: uma holding pode ter empresas de diferentes setores. Se um setor vai mal, ou mesmo se uma subsidiária vai à falência isso não afeta a holding como um todo.
Classificação das holdings
- Holding pura: a ideia aqui é simples, apenas participar do capital de outras empresas, geralmente com controle majoritário das ações
- Holding mista: além de administrar e controlar as subsidiárias, a holding mista tem atividades empresariais também
- Holding patrimonial: criada para administrar a herança para herdeiros e cônjuge. O proprietário dos bens (herança) centraliza a holding que, por sua vez tem os bens transferidos para ela
- Holding administrativa: uma empresa pode preferir que a administração de seu negócio comercial e industrial seja gerido “de fora”. Assim, cria uma holding para administrar o negócio. São duas empresas, mas como se fosse uma
- Holding de controle: tem o controle societário de diversas empresas mantendo a administração
- Holding de participação: com participações minoritárias em outras companhias
- Holding familiar: a empresa controla os bens ou empresas de uma família
Por que as holdings são criadas
O primeiro motivo para criar uma holding é ter uma cabeça, um controle centralizado, para diversas empresas. Isso facilita o trânsito em diferentes mercados com relativa maior facilidade. Fica fácil entrar em novos mercados através do controle acionário ou mesmo sair deles. Isso também permite benefícios fiscais e melhores formas de crescer interna e externamente.
Exemplos de holdings na bolsa de valores
- Itausa: como relatamos acima tem como subsidiárias Itaú Unibanco, Alpargatas, Duratex, Copagaz e NTS (Nova Transportadora do Sudeste), entre outras.
- Bradespar: essa holding foi criada para administrar os negócios não financeiros do Bradesco. Porém a VCB, Scopus e Globo Cabo foram vendidas pela Bradespar que, hoje, se dedica exclusivamente à participação na Vale.
- Equatorial Energia: atua no setor de energia com empresas que estão nos subsetores de distribuição, produção e comercialização, principalmente com companhias do Norte e do Nordeste do Brasil: Equatorial Maranhão; Equatorial Pará; Geramar; Equatorial Piauí; Equatorial Alagoas; Intesa; Equatorial Transmissão; Equatorial Telecom; Sol Energia e 55 Soluções.
Não podemos esquecer da J&F, que apesar de não estar ela mesma na bolsa, tem a JBS cujas as ações são negociadas nos pregões brasileiros. A J&F também tem sob seu guarda-chuva as subsidiárias: Banco Original, Canal Rural, Eldorado Brasil, Flora, JBS, PicPay, Âmbar Energia.
Também podemos citar holdings do mercado estadunidense:
- A famosa Berkeshire Hathaway, de Warren Buffet, que tem participação importante em companhias como GEICO; Duracell; Helzberg Diamonds; FlightSafety; NetJets; Kraft Heinz; Coca-Cola; American Express; Apple; Wells Fargo e Bank of America.
- Não podemos deixar de citar a Alphabet, holding que foi criada para gerenciar as empresas da Google: Google; Google Fiber; Calico; CapitalG; DeepMind; GV; Jigsaw; Loon; Sidewalk Labs; Verily; X; Waymo; Wing.
Conclusão
Holdings ainda são uma “novidade” no Brasil. O nome, o desconhecimento e os contextos em que são apresentadas sempre nos dão a ideia de que são sempre empresas gigantescas. Porém, nada impede que, no futuro, devido a todas as vantagens administrativas e fiscais que oferecem, comecem a ser mais e mais populares para controlar subsidiárias de diversas magnitudes.