Estar listada na bolsa de valores brasileira não necessariamente é um sinal de que a empresa esteja em um bom momento! Neste artigo você conhecerá algumas empresas em recuperação judicial, listadas na B3.
Empresas em recuperação judicial – processo que, antigamente, era chamado de concordata – podem ser uma oportunidade para o investidor caso consigam sair da lama. Sim, caso consigam. Afinal, a recuperação judicial indica que ela está numa encruzilhada. Com o pezinho na cova. Ou sai do buraco, ou volta a funcionar adequadamente e, com sorte e um pouco de esforço, volta a crescer.
Diversas empresas da bolsa de valores, que estão sendo negociadas neste momento, estão nessas condições. Listamos algumas empresas em recuperação judicial. Mas lembre-se: não compre ações porque está fazendo uma “aposta”. Confie apenas na sua própria análise e no seu discernimento. Primeiro, não deixe de usar o volume de negócios a seu favor.
Afinal, o volume de negócios elevado indica participação institucional: mas não se iluda, pois, os big players atuam tanto na venda (distribuição de ações), quanto na compra (acumulação de ações).
Para fazer uma análise adequada do volume como parâmetro, recomendamos o uso da metodologia do Raio X Preditivo.
Entendemos as zonas de preço com alto volume como áreas seguras de trade, que, por serem defendidas por esses participantes fortes, mostram regiões em que, se perdemos, perdemos pouco (saímos da operação tão logo ela dê errado), e, se acertamos, ganhamos muito, pois os institucionais estão trabalhando a favor do movimento.
Eis algumas da ações que estão em recuperação judicial:
A empresa chegou a ter a falência decretada. Em março de 2020 seu recurso contra o decreto de falência, de 17 de fevereiro desse ano. Todo o problema começou três anos após a companhia ter juntado operações com a Pomifrai, em 2009. Em 2012, de fato, começou a vender ativos de baixo retorno. Em 2015 o comando acionário passou às mãos do empresário Edgar Safdie.
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Eternit (ETER3)
Com a proibição do amianto, a Eternit se viu em dificuldades. O amianto é a base das telhas e outros produtos fabricados pela companhia. Enquanto outras empresas buscaram materiais alternativos, a Eternit – talvez por ser dona de minas do material cancerígeno – tentou bater de frente com a legislação. No entanto, o amianto, que a empresa exportava para outros países – está proibido já em alguns dos principais mercados. O valor total de suas dívidas, arroladas no pedido de recuperação judicial é de 228,9 milhões reais. Segundo o investidor Luiz Barsi, em entrevista à revista Exame, a empresa também errou ao ficar “muito tempo focada apenas em pagar altos dividendos e remuneração aos diretores. Isso só descapitalizou a Eternit e a deixou sem foco para fazer os investimentos necessários.”
A Fertilizantes Heringer (FHER3) opera em território nacional com 19 unidades de produção, comercialização e distribuição de fertilizantes. As unidades fabris estão localizadas em pontos estratégicos de dez estados brasileiros das regiões Centro-Oeste, Nordeste, Sudeste e Sul. Isso não impediu que a empresa ficasse com uma dívida de R$ 2 bilhões. A companhia suspendeu as atividades nas seguintes unidades, como parte dos planos de recuperação: Rondonópolis (MT), Dourados (MS), Três Corações (MG), Uberaba (MG), Rio Verde (GO), Porto Alegre (RS), Rio Grande (RS), Paranaguá (PR) e Rosário do Catete (SE).
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Hotéis Othon (HOOT4)
Em recuperação judicial desde 2019, a companhia de hotelaria tem uma dívida de R$ 47 milhões. Em novembro, a empresa fechou duas filiais, em Salvador e Belo Horizonte. O maior credor é a Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), do Rio de Janeiro, com R$ 24,34 milhões.
Mais conhecida pela marca Gradiente, está na corda bamba e hoje raspa o fundo do taxo, apostando na locação de galpões logísticos para sobreviver. Outra aposta é uma luta contra a gigante Apple pelo uso da marca iPhone, no Brasil. Para uma empresa que faturou R$ 1 bilhão em 1998, o cenário é triste.
Está em recuperação judicial desde 2015 e, na ocasião, suas dívidas chegavam a R$ 300 milhões. É a maior fornecedora da Petrobras e chegou a ter seu perfil de risco rebaixado de CCC (que já é baixo) para D, pela Standard & Poors. Mais recentemente, divulgou que suas finanças estão em recuperação. Teve um aumento no capital de giro de quase R$3 milhões de reais.
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MMX Mineração
Dispensa apresentações, assim como a OGX (esta já concluiu seu processo de recuperação e, hoje, é a Dommo). Empresa do grupo de Eike Batista – que foi sensação e decepção na década passada -, está praticamente sem atividade atualmente. Recentemente teve uma alta expressiva de suas ações. Supostamente, Batista estaria interessado em recomprar o Porto do Açu em parceria com a companhia China Development Integration (CDIL) e isso animou os especuladores.
Provavelmente a “recuperação judicial mais badalada do Brasil” as ações da Oi, por conta de seus ativos, potenciais e boatos, têm grande movimentação na bolsa brasileira. Está articulando um acordo com o BTG Pactual que pode vir a pagar R$ 6,5 bilhões para ter o controle de 51% das ações. O BTG também se comprometeria a colocar mais R$ 5 bilhões para os projetos em fibra óptica da empresa. As dívidas chegam a R$ 2,4 bilhões.
Em recuperação judicial desde 2017, recentemente a empresa propôs uma extensão do período para a resolução das dívidas. A companhia comunicou que essa necessidade se dá pelo grande número de processos trabalhistas, fruto da grande abrangência de sua atuação no território nacional. O número de credores trabalhistas e a necessidade de pagá-los teria causado um desequilíbrio no fluxo de pagamentos dos demais credores.
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Renova (RNEW11)
A principal acionista da Renova é a Cemig, estatal energética mineira. Suas dívidas superam os R$ 3 bilhões. A empresa propõe quitar créditos com garantia real em 11 anos, com 24 meses de carência e pagamento do principal em 18 parcelas semestrais. Credores quirografários devem ser pagos em 14 anos, também com carência de principal por 24 meses e parcelas semestrais, segundo o plano.
Desde 2016 em processo de recuperação judicial. Dívidas de R$ 5 bilhões aos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná. Em São Paulo, existem R$ 1,6 bilhão inscritos na dívida ativa em nome de Manguinhos e da Manguinhos Química. No Rio, onde a dívida superava R$ 2,4 bilhões, o grupo é o maior devedor do ICMS.
Única livraria e editora na bolsa de valores, vem seguindo o caminho de todas as livrarias físicas do mercado. Mesmo grandes livrarias como a FNAC e a Cultura vem fechando suas portas e a Saraiva não é exceção. Tudo leva a crer que, neste momento, está preparando o caminho para fechar as portas com, pelo menos, todas as suas dívidas pagas. Seu plano de recuperação judicial já está na sétima versão. Neste momento, o compromisso é vender parte de sua operação a fim de quitar dívidas, manter fluxo de caixa e honrar as dívidas contraídas após o início da recuperação.
Está em recuperação judicial desde outubro de 2020. Segundo a companhia, três quartos da dívida serão pagos com emissões de ações. O que nos faz pensar quanto valem essas novas ações. As dívidas com garantia real da Teka somam, ao todo, R$ 115,4 milhões, mas ao fim de novembro, o valor devido chegava a R$ 1,4 bilhão, dos quais R$ 998,5 milhões referem-se a dívidas tributárias e R$ 458,8 milhões são dívidas sujeitas ao plano de recuperação judicial.
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Viver Incorporadora (VIVR3)
A Viver está em recuperação judicial desde setembro de 2016, com uma dívida de R$ 1,3 bilhão. Ela é a primeira incorporadora com ações na bolsa a entrar nesse processo. O plano é entregar a incorporadora aos credores. Para isso, vai converter as dívidas em ações. Os credores também podem escolher terrenos e apartamentos em troca da dívida.
Conhece outras empresas em recuperação judicial listada na bolsa de valores? Deixe nos comentários!