A gente compra ações imaginando que vão valorizar no longo prazo, felizes da vida. Esperançosos com o que nos aguarda no futuro. Crentes no que falaram pra gente: “Com o passar dos anos e das décadas, as ações sempre valorizam!”
Quem fala isso sobre ações, vende ilusões. Nem sempre isso acontece.
Se olharmos para os principais índices das bolsas de valores, por exemplo, o nosso Ibovespa, veremos: de fato, há sobe e desce, mas na grande figura, o cenário é de alta constante. E vou dizer pra você: deve continuar assim.
Mas não é porque as ações que fazem parte dele SEMPRE valorizam. É que, na composição do índice, só existem ações que desempenham bem. Se, por um motivo, uma ação passa a desempenhar especialmente mal, mesmo que tenha um bom volume de negociações ela sai do índice.
Então, se está pensando em investir na bolsa de valores, comprar ações para o longo prazo, saiba que isso pode dar resultado. Porém, muito cuidado, escolha com atenção e saiba que pode não dar certo: tenha um plano b, um plano de saída que deve ser seguido a risca.
Quero que você conheça algumas das ações que já valeram um monte na bolsa de valores e hoje não falem quase nada.
ATENÇÃO: vamos falar de valores unitários altos no passado; isso se deve ao fato de que, para facilitar não relataremos os grupamentos de ações. Quando uma ação fica muito barata, abaixo de R$ 1, sendo negociada a centavos, a companhia faz grupamentos. Assim, 10 ações que valiam R$ 0,54, por exemplo, passam a ser 1 única ação que vale R$ 5,40. Financeiramente, o grupamento não faz diferença, mas o número de ações da empresa diminui e o impacto psicológico disso é enorme, permitindo inclusive mais espaço para quedas na cotação.
Alguns papéis passaram diversas vezes por esse processo ao longo de sua história.
Então, vamos a elas:
- PDG – Em 2010, um única ação de hoje valeria R$ 5600. Provavelmente, eram diversas ações, lotes de ações, quem sabe. Hoje, esse valor foi dividido por 1000. Se você tivesse investido R$ 1 milhão na PDGR3, hoje teria R$ 1 mil.
- OGX – As célebres – ou infames – ações da empresa de Eike Batista tiveram seu auge em 2010. Naquela época, teriam chegado ao patamar de R$ 2300 cada (na grupação de hoje). Se retiraram da bolsa de valores valendo R$ 1,50. Quer saber quanto R$ 1 milhão investido nas OGXP3 valeriam hoje? Faça as contas. E acredite: teve investidor iniciante colocando mais de R$ 1 milhão nesse barco furado.
- Oi – Quem comprou ações da Oi, em 2003 se deu muito bem. Mas só se vendeu em 2009 e se livrou desse trem. As ações ordinárias da companhia subiram R$ 58 para R$ 360 nesse período. E, desde então, despencaram, passando por diversos grupamentos que hoje as levaram, hoje a R$ 0,99. Lá vem mais um grupamento aí…
- Mesbla – A Mesbla tinha as ações negociadas na Bolsa do Rio de Janeiro (que também não existe mais). Era uma potência do varejo. Finalmente, já com problemas, foi comprada pelo empresário Ricardo Mansur. Foi o último suspiro da famosa loja brasileira. Quem tinha ações, viu seu dinheiro desaparecer.
- Paranapanema – Aquele seu tio que entende “muito” de bolsa pode ter comprado umas 1000 PMAM3, porque é uma empresa tradicional e estratégica e de fato é. Não é má empresa. E, no longo prazo, as ações das boas empresas sempe valorizam. Foi em 2007, quando uma ação da Paranapanema equivalia a R$ 650. Hoje os R$ 650 mil do seu tio espertão valem R$ 25 mil. Calma que no longo prazo vai virar R$ 1 milhão, quem sabe…
Assim, fique atento: ações como investimento exigem cautela. Não sair quando o prejuízo já está a certo nível pode ser permitir que ele se torne irreversível. Além disso, nesse tipo de estratégia, saiba o tamanho da parcela de seus recursos a alocar, de maneira que, se um desastre desses acontecer não seja um acontecimento negativamente memorável.