Todos os mais antenados na negociação da bolsa já ouviram falar de um trader conhecido como Einar Aas.
Mas poucos o viram.
Tímido, com os seu ganhos comprou uma mansão. Mas, fanático por privacidade, comprou as mansões vizinhas, para não ser importunado.
Einar Aas foi um dos maiores negociadores do mercado de energia elétrica da Europa durante duas décadas, mesmo com toda essa fama, era conhecido como o “trader fantasma”.
Nunca participava de nenhum tipo de evento. Era uma espécie de Dalton Trevisan do mundo dos negócios.
O seu lance era ficar em casa, em Grimstad. O dia inteiro nessa cidade litorânea a alguns quilômetros de Oslo. Fazendo negócios
Com uma fortuna que o tornou o maior contribuinte individual da Noruega, juntou todo esse dinheiro sozinho a partir de sua casa, na frente do computador: o equivalente a US$ 420 milhões em coroas suíças.
Esse capital todo teve sua ascenção no início dos anos 2000: os mercados de energia (eletricidade, petróleo, carvão), depois da crise financeira, tiveram suas linhas de crédito restringidas. As negociações caíram e os preços também.
Einar Aas, porém, recentemente se deu mal.
Ele fez uma aposta enorme e alavancada de arbitragem. Arbitragem é quando compramos um ativo e vendemos outro do mesmo setor, imaginando que a diferença entre os dois vai aumentar ou diminuir, conforme o caso.
A aposta dele é que a diferença entre a eletricidade nórdica e a eletricidade alemão diminuiria.
Acontece que já na segunda-feira após o início dessa negociação as commodities de emissão de carbono dispararam. E, com isso, o mercado de eletricidade alemão foi com tudo para cima. Portando, o spread (diferença) entre os setores dos dois países, em vez de diminuir, aumentou.
Mas a tempestade foi perfeita: foi revelada uma previsão de que as chuvas aumentariam nos países nórdicos. E os contratos futuros desse setor despencaram. O spread aumentou ainda mais.
A posição de Einar Aas, agora, estava insustentável. Tiveram que raspar o fundo do tacho de seus recursos líquidos. E isso, ainda, não foi suficiente. Ficou devendo. Foi considerado inadimplente e colocado sob administração. Todos os seus demais ativos foram vendidos e leiloados, comprados por grandes empresas.
Resumo da ópera, ele foi expulso do mercado, simplesmente porque arcou com dívidas que, agora, não pode pagar. Ele chegou a conversar com a imprensa, explicando que tomou uma posição muito maior do que a permitida pela liquidez do mercado.
A lição que podemos tirar de Einar Aas é que, por maior que seja nossa fortuna e confiança em nossos acertos, não podemos nos fiar de que ela é suficiente e nossa sabedoria é bastante para vencermos situações imponderáveis. Mesmo aqueles com pernas enormes podem dar passos maiores que elas.