Entenda como os robôs de negociação causaram o Crash de 1987 e, entenda como mesmo hoje estamos suscetíveis a cairmos em suas armadilhas.
Se o Crash de 1929 nos ensinou algumas verdades sobre o perigo de se comprar ações quando o mercado está eufórico e os riscos de vender quando o desespero é grande, o Crash de 1987 nos traz ainda outras lições.
De herança, ficou o surgimento do circuit break, um recurso que faz com que o pregão seja paralisado seguidamente conforme o mercado continua a cair a partir de certos patamares.
Não há consenso sobre o que exatamente desencadeou a queda de 22% do mercado americano em um único dia, especula-se algumas coisas como a situação geopolítica mundial, a descrença no dólar, o medo de uma nova bolha da economia americana que vinha se recuperando com força.
Mas uma coisa é certa, foi a primeira vez que o mundo se deu conta do real poder dos computadores nos mercados.
Acontece que já naquela época se começava a experimentar a compra e a venda automatizada de ativos, utilizando-se de programas rudimentares.
Em 19 de outubro de 1987, o preço começou a cair vertiginosamente, isso “startou” diversos programas automatizados de trade a iniciarem uma onda de vendas massivas, que por sua vez acabaram fazendo com que os preços caíssem ainda mais, acionando novos setups automáticos e realimentando o ciclo vicioso de quedas.
De lá para cá, os robôs de negociação de alta frequência se especializaram bastante e estão cada vez mais sofisticados. Claro, em 1987, eles ainda não tinham esse nome e a frequência de suas negociações não eram tão alta assim.
Porém, hoje, mais de 80% do volume das negociações em bolsas mundiais são feitas por esses programas.
SE EM 1987 OS ROBÔS MERECEM UM DESCONTO, EM 2010 NÃO!
Ainda não há um consenso se de fato o colapso de 1987 tenha sido causado por robôs.
Já o Flash Crash de 2010 não resta mais dúvidas.
Em 2010, a grande bola da vez eram os robôs de alta frequência, e foi nessa época que eles quase provocaram um evento parecido com o de 1987: um único investidor posicionou grandes ordens de venda de contratos futuros do índice da bolsa americana, totalizando US$ 200 milhões, que foram reposicionadas mais de 19 mil vezes em poucos minutos, provocando um efeito dominó com ajuda de outros robôs que embarcaram na onda do primeiro.
O mercado caiu 9% em poucos minutos.
Essa prática de reposicionar ordens antes de elas serem executadas é conhecida como spoofing e a intenção dela é atrair a liquidez do mercado para patamares que interessam a seus praticantes, geralmente grandes empresas, investidores institucionais que precisam montar grandes posições e, para isso, tentam manipular o mercado.
Claro que isso é ilegal. Mas acontece a toda hora e todos os dias.
Ainda vai demorar para que as autoridades responsáveis consigam desenvolver os meios necessários para detectar e punir efetivamente a prática de spoofing.
Enquanto isso, é fundamental que você encontre ferramentas e conhecimento para detectar quando ela acontece.
Uma das mais atuais, no momento, é o uso de um programa chamado Bookmap, já disponível no Brasil a um preço muito acessível se considerarmos o quanto ela é sofisticada.
Atualmente, apenas esse programa dá uma leitura rápida, simples e intuitiva do mercado para diferenciar ordens verdadeiras daquelas que estão no book apenas para atrair o preço e serem retiradas antes de serem executadas.
Excelente artigo, mostrando que, o que acontece no mercado não é nada “aleatório”. O mercado se move de acordo com os BIGs PLAYERS através de seus HFTs. Triste é quem ainda não faz parte do exército 🙁