Se você deseja operar na bolsa de valores, antes de mais nada deve aprender sobre gestão de risco.
Sim, a gestão de risco vai salvar a sua pele.
Vou ser bem sincero com você.
É impossível acertar todas na renda variável. Se alguém disser o contrário, fuja dessa pessoa.
Com ações, por exemplo.
Talvez você faça a análise das ações de uma empresa e entenda que é hora de comprar.
É certeza que elas vão subir? Não.
E por que tantas pessoas agem como se fosse certeza, literalmente apostando todas as suas fichas nessa possibilidade?
Porque elas não sabem fazer gestão de risco.
A gestão de risco deve ter duas camadas.
A primeira camada é:
Quanto de todo o meu patrimônio dedicarei à renda variável?
Isto é: se eu tenho R$ 100 mil, quanto desses R$ 100 mil ficarão na parcela mais arriscada de meus investimentos?
Alguns vão querer colocar R$ 50 mil. Outros, mais prudentes, apenas R$ 5 mil. Vai depender do seu perfil de investidor, se mais agressivo ou mais conservador. Claro, o mais agressivo terá de estar ciente das possíveis consequências de sua agressividade…
Muito bem, vamos supor que escolhemos ficar, de nossos R$ 100 mil, com R$ 15 mil em renda variável.
Enquanto os R$ 85 mil estarão em aplicações mais conservadoras, que garantem um rendimento mensal ou em seu vencimento, os R$ 15 mil restantes estarão no risco e eu precisarei cuidar deles de maneira mais ou menos ativa.
Vou dar um exemplo, mas lembre-se de que é só um exemplo.
Agora teremos uma segunda camada.
Talvez eu queira esse dinheiro no risco da renda variável, mas que parte dele seja gerenciada por analistas mais experientes: assim, cuidadosamente ou com ajuda de um agente autônomo de investimento, eu coloco R$ 5 mil em um fundo de ações ativo e outros R$ 5 mil em um fundo de ações long and short, que consegue obter ganhos tanto nos momentos de queda quanto de alta.
Note que para esses R$ 10 mil eu escolhi dois fundos diferentes com características diferentes. Mas, em termos de fundos de ações, existem muitas outras possibilidades.
Agora teremos uma terceira camada. Desejo comprar ações para segurar por um tempo maior. Novamente, farei uma análise cuidadosa e vou aplicar R$ 4 mil comprando um ou mais lotes desse papel (note que não entrei em detalhes de como se fez a análise parra a escolha do papel).
Por fim, me restam R$ 1 mil que, então desejo usar para fazer day trade, uma modalidade que permite mais risco. Percebeu que, neste exemplo, só estou com 1% do meu capital total envolvido com a modalidade mais arriscada?
E, mesmo nessa modalidade, buscarei uma nova camada de gerenciamento de risco.
Nela, as operações são mais frequentes e tenho que ter em mente que não acertarei sempre: porém as vezes em que errar deverão ter prejuízos bastante pequenos. E as vezes que eu acertar terei que ter ganhos substanciais.
Essa camada de gestão de risco também envolve o nível de alavancagem. Não é porque a corretora me permite operar um minicontrato de dólar de US$ 10 mil tento apenas R$ 50 que eu, tendo R$ 1 mil, operarei 20 de uma vez. Isso seria arriscar todo o meu patrimônio dedicado a essa modalidade de uma vez só.
A camada da gestão de risco em que os iniciantes mais erram, possivelmente, é essa: o tamanho da alavancagem.
Tenha em mente quanto você está disposto a “pagar” por aquela operação, como se o stop, o prejuízo possível, já estivesse concretizado. É R$ 40? Opere só um contrato (mesmo podendo operar 20) e coloque o stop 4 pontos abaixo de sua entrada (cada ponto do minidólar equivale a R$ 10).
Portanto, a última camada da gestão de risco é o gerenciamento de sua alavancagem e do tamanho do loss que você aceita ter sem ficar abalado emocional e financeiramente por isso.
Note como partirmos de R$ 100 mil e, finalmente, chegamos a um valor de R$ 40 de risco diário máximo: apenas 0,04% do seu patrimônio total. Dá para enriquecer com calma, tranquilidade, disciplina e certeza.