Com a crise do novo coronavírus, o setor de aviação, particularmente o de transportes aéreos saíram perdendo.
Ainda vale a pena apostar em ações do setor de aviação?
Com a redução da mobilidade da população, sobretudo daquela parcela com recursos para fazer viagens aéreas, essas empresas perderam muito no valor de suas ações.
Isso sem falar no modo como esse setor se relaciona com o turismo, um dos mais afetados pela necessidade do isolamento social.
Porém, vale muito a pena conhecer quais são essas empresas, para assim analisarmos e verificarmos se há alguma oportunidade à vista tão logo o movimento volte à normalidade.
Claro, precisamos ter bem claro que os voos que não aconteceram não acontecerão mais, diferente do varejo em que a demanda fica apenas reprimida: alguém que deixa de comprar, por exemplo, uma tevê virá a comprar no futuro e é a mesma tevê; porém uma viagem que não aconteceu nesta temporada, não vai acontecer duas vezes no futuro, para compensar.
Portanto, é um setor que vai sofrer bastante para se recuperar nos desdobramentos desta crise. É preciso ter muito cuidado se você estiver interessado em qualquer uma dessas empresas e considerar se há reais chances delas “decolarem” depois de tudo ou se irão fazer um “pouso forçado”.
Gol Linhas Aéreas Inteligentes (GOLL4)
A Gol Linhas Aéreas Inteligentes foi fundada em 2001.
Hoje é a maior companhia aérea do Brasil em número de passageiros, mesmo sendo a terceira em número de aeronaves.
Ela domina 36% do mercado nacional e está presente em 60 aeroportos. Além disso, possuir 23 destinos internacionais.
Centraliza suas operações no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, e no Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro, mas também é forte em Congonhas.
Uma de suas jogadas recentes mais fortes foi a criação de uma conexão junto à franco-holandesa France-KLM, no aeroporto de Fortaleza. Dessa cidade, distribui passageiros para Paris e Amsterdam.
Suas aeronaves são os Boeing 737 Next Generation.
A empresa já esteve à beira da falência, mas uma medida provisória no ano de 2016 permitiu que a Delta Air Lines a capitalizasse ao comprar 10% de suas ações.
No auge da crise todas as empresas nacionais reduziram sua malha de voos em até 90% e com a Gol não foi diferente. Aos poucos, a normalidade deve ser retomada.
Recentemente a diretoria analisou a atual das companhias que atuam no Brasil, sobretudo a própria Gol, a Azul e a Latam e concluiu que é muito possível que aconteçam fusões depois da pandemia, como um movimento natural de reestruturação do setor.
Veja como tem sido o desempenho das ações da Gol (GOLL4) durante esta crise:
- 23 de janeiro: R$ 39,05
- 18 de março: R$ 5,60
- 8 de junho: R$ 23,99
- 29 de junho: R$ 18,65
Portanto, as ações da empresa continuam valendo menos da metade do que valiam no início do ano.
Azul Linhas Aéreas Brasileiras (AZUL4)
A Azul Linhas Aéreas é uma empresa mais “jovem” que a Gol, tendo sido fundada em 2008 pelo empresário David Neelman
Seu foco são as rotas regionais, centralizando as operações sobretudo no aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP).
No primeiro ano de atuação chegou a um milhão de passageiros.
Incorporou a Trip e, assim, chegou à terceira posição brasileira em número de passageiros.
Ela, em tempos “normais”, isto é, fora do contexto da pandemia, tinha:
- 800 decolagens diárias
- 100 destinos em todo o território nacional e exterior
- frota de cerca de 140 aeronaves
As ações da Azul foram lançadas no mercado bem recentemente, em 2017, captando US$ 643 milhões.
Em 2019, a Azul garfou os espaços de decolagem que eram da Avianca e estendeu sua atuação com mais força para o Aeroporto de Congonhas, que tem sua importância por dizer respeito à ponte aérea Rio-São Paulo.
Em meio à pandemia, a Azul lançou parceria com a Latam em que as empresas compartilharão os mesmos voos, o mesmo padrão de serviço e os mesmos canais de venda. Os canais de fidelidade das duas empresas também sofrerão aproximação (quase 50 milhões de clientes desses canais de fidelidade ao todo).
A Gol também ganha com essa parceria uma vez que mostra que a Latam está reduzindo sua exposição ao mercado brasileiro, dando mais espaço para as nacionais.
Confira o desempenho das ações AZUL4:
- 28 de janeiro: R$ 62,41
- 18 de março: R$ 10,35
- 8 de junho: R$ 27,35
- 29 de junho: R$ 20,38
Latam
A Latam, embora seja uma empresa forte no mercado nacional, não tem ações negociadas na B3.
Smiles (SMLS3)
Embora a Smiles não seja propriamente uma companhia de aviação e transporte aéreo, ela é o programa de fidelidade da Gol e, portanto está diretamente ligada ao setor.
Vejamos como está o desempenho desses papéis.
- 23 de janeiro: R$ 40,93
- 19 de março: R$ 9,02
- 8 de junho: R$ 19,48
- 29 de junho: R$ 14,92
Conclusão
As ações das companhias aéreas neste momento, são um tiro no escuro.
As perdas que elas estão tendo são reais, visto que a demanda reprimida em termos de transporte de pessoas dificilmente se recupera no futuro.
Trata-se de um setor complexo com muitas despesas que independem de o negócio estar ativo ou não.
A sobrevivência das empresas e mesmo sua recuperação dependem de situações coordenadas.
Possivelmente, como já se vem mencionando, fusões aconteçam e isso impulsione o preço das ações.
Porém qualquer atitude em relação a esses papeis, no momento, deve ser extremamente cautelosa.