Entenda como Andrew Krieger suplantou todo o dinheiro que havia na Nova Zelândia
Em 1987, Andrew Krieger tinha 31 anos e era, então, um jovem trader de moedas estrangeiras trabalhando no americano Banker Trust. Ele estava acompanhando as cotações de outras moedas em relação ao dólar depois da ocorrência da famosa Segunda Feira Negra.
Ele acabava de ser contratado, em 1986, pouco depois de sua graduação na Wharton Schooll. Era estudante de sânscrito e filosofia. Rapidamente, ele se tornou um trader muito agressivo e com grande confiança do banco: tinha em suas mãos US$ 700 milhões disponíveis ou um quarto do capital para trades (os outros traders do banco podiam lidar com US$ 50 milhões).
Mas naquele fatídico 1987, quando todos estavam ainda lambendo as feridas, os investidores estavam com aversão à moeda americana e buscavam outras moedas que não tivessem sofrido tanto com a catástrofe.
Resultado: diversas moedas ficaram sobrevalorizadas (devido à baixa oferta diante da grande procura de agora). Uma chance para trabalhar com arbitragem.
Andrew Krieger, então, colocou sob sua mira o dólar neozelandês, também conhecido como kiwi. Usando técnicas que lançavam mão de opções e outros derivativos, Krieger criou uma posição vendida (short) contra o kiwi no valor de centenas de milhões de dólares (considere que, na ocasião, com US$ 100 mil em opções era possível alavancar até US$ 40 milhões).
De fato, suas ordens de venda de kiwi alavancadas suplantavam todo o dinheiro que havia na Nova Zelândia: o garoto não parava de vender. Imagine você um dia poder dizer que deu ordem de venda de toda a moeda de um país inteiro…
A pressão vendedora criada por ele – gerando muita oferta -, combinada com a falta de dinheiro em circulação na Nova Zelândia fez com que a moeda caísse de forma aguda, despencasse mesmo, com grande volatilidade, entre 3% e 5%, fazendo com que Krieger ganhasse milhões para seus empregadores do Banker Trust.
Diz a lenda que o governo da Nova Zelândia ligou para os chefes de Krieger para pedir que o jovem trader abrisse mão de suas posições vendedoras.
Pouco mais tarde, Krieger saiu do Banker Trust. Parece que ficou descontente com o pagamento de US$ 3 milhões apenas depois de seu esforço que rendeu US$ 300 milhões ao banco, que nem era um dos mais importantes.
Depois de sua saída, uma coisa estranha aconteceu: fiscais verificaram discrepâncias no modo como o Banker Trust avaliava a cotação de seu portfólio de opções.
O banco teve de admitir que US$ 80 milhões desapareceram e que estavam superestimando deliberadamente seus valores.
Aparentemente, o banco – ou melhor -, seu diretores eram incapazes de entender as complexas posições em opções de Krieger.
E foi trabalhar com George Soros, outro grande investidor conhecido por apostar contra moedas. No caso, contra a Libra Esterlina, em 1992. Vai saber se essa aposta também não teve o dedo do jovem Krieger?