A primeira vez que eu ouvi falar de análise técnica fiquei muito desconfiado.
Como é que só olhando para um gráfico eu poderia “prever o futuro”?
Essa última frase tem dois erros conceituais.
O primeiro é que olhar para o gráfico não é apenas olhar para o gráfico. Já explico.
O segundo é que a análise técnica não “prevê o futuro”. Jamais há essa intenção e se alguém diz que é capaz de prever o futuro da bolsa de valores com cem por cento de certeza ou essa pessoa é louca ou está querendo enganar você ou ela é o próprio Nostradamus.
Um gráfico de um ativo da bolsa de valores, em essência, é algo muito simples: ele mostra o movimento, o comportamento, do preço de um ativo, de um índice ou de um derivativo ao longo do tempo.
Porém, considerando isso, ele é a representação visual do comportamento estatístico das leis de mercado: quando há muita procura e pouca oferta, os ativos sobem de preço; quando há pouca procura e muita oferta, os ativos caem de preço.
A palavra chave aqui é estatística.
Ao longo dos anos, a partir da Teoria de Dow, muitos outros estudiosos perceberam que, estatisticamente, certos comportamentos tendem a se repetir. Desta vez, a palavra-chave é “tendem”. Não quer dizer que certos comportamentos vão se repetir obrigatoriamente, mas há uma grande probabilidade de que isso aconteça.
Exemplo: a equipe de fórmula 1 olha para o céu e ele está cinzento. O preparador do carro pensa que é melhor equipá-lo com os pneus para chuva. Não quer dizer que necessariamente vai chover. Mas é melhor se prevenir, certo?
Assim, quando um praticante da análise técnica olha para o gráfico e vê determinado padrão – e existem muitos, como o ombro-cabeça-ombro, triângulos, retângulos – ou percebe alguma característica num indicador – e existem centenas -, ele conclui: quando fica assim, existe uma grande probabilidade grande de o preço cair. Ou, conforme o caso, subir. E, então, ele vende (no primeiro caso) ou compra (no segundo).
Como não é de forma alguma uma certeza que isso ou aquilo aconteça, ele vai definir o momento certo de sair da operação de compra ou venda caso a sua “previsão de chuva” esteja errada.
Sim, às vezes olhamos para o céu cinza, pela manhã, e antes do almoço já está fazendo um sol de rachar.
O nome desse momento – na segunda ou na décima ou na vigésima volta – em que o preparador do carro de fórmula 1 precisa admitir que errou na previsão do tempo é “gerenciamento de risco”: ele vai perder segundos preciosos para trocar para os pneus para pista seca, mas é melhor do que não completar a prova. Porém, se realmente começar a chover, o lucro, em forma de vitória, é certo!
Outra forma de entender a estatística envolvida na análise técnica é encarar o gráfico como uma enorme e permanente pesquisa de opinião em que os participantes opinam o tempo inteiro, não com suas visões de mundo simplesmente, mas com dinheiro, muito dinheiro.
Assim, a análise técnica não é só uma expressão visual das leis de mercado, mas também dos aspectos psicológicos coletivos dos preços dos ativos.
Através da análise técnica, através de uma metodologia de leitura de mercado, como é ensinada no Raio X Preditivo, podemos inclusive encontrar as pistas deixadas pelos grandes investidores institucionais (aqueles que realmente têm poder para interferir nas cotações dos ativos). De posse dessas pistas, podemos inclusive ter mais acertos no potencial de movimento de um preço, de uma cotação, seguindo esses grandes investidores institucionais.
O importante, porém, é lembrar, que, sim, é possível aumentar a chance de acerto, porém nunca com 100% de certeza. Por isso, é bom ter na manga sempre o número de voltas que o seu carro de fórmula 1 vai mudar de pneus caso a chuva não caia.