O australiano Alfred Winslow Jones, doutor em Sociologia nos EUA, é conhecido como o pai dos hedge funds. Talvez ele não tenha inventado os conceitos de que fazia uso, mas os usava como ninguém e os levou ao estado da arte, ganhando a fama que têm até hoje.
O mais surpreendente? Começou a lidar com a bolsa de valores apenas aos 48 anos. Sim, nunca é tarde para começar.
Basicamente, Alfred Winslow entrava em uma posição comprada alavancada (isto é, com dinheiro emprestado) e em outra na direção contrária, vendida a descoberto.
Separadamente, as duas operações poderiam ser consideradas muito arriscadas pela sua exposição ao risco e pelo caráter especulativo, mas trabalhando juntas, numa proporção de papéis similar, uma protegia a outra. E o lucro estava na diferença entre o resultado das duas.
Com isso, ele conseguia reduzir significativamente o risco do mercado.
Além de garantir que, em caso de perda, o prejuízo fosse menor, quando o ganho acontecia, poderia acontecer ora numa ora noutra ponta do mercado.
Hoje, esse tipo de operação travada é comum. Mas no final da década de 40, usar operações especulativas e arriscadas com fins conservadores, ainda era novidade. Com o sucesso de Alfred Winslow, porém, começaram a ficar mais comuns: em dez anos, a tática então exótica havia dado resultados para ele que eram 44% maiores que a média dos fundos mútuos: enquanto estes fizeram 358%, o fundo de Jones fez 670%.
Alguns fundos de hedge começaram a surgir. Apesar disso, os hedge funds só ganharam esse nome quase duas décadas depois numa matéria da revista Fortune. Depois que a matéria da Fortune saiu, descrevendo Alfred Winslow como um “senhor discreto e silencioso”, 140 hedge funds surgiram nos EUA em menos de três anos.
Esse ímpeto todo foi segurado com a crise do petróleo e de outras commodities na década de 70 e, mais tarde, recuperada com fundos famosos como o Quantum Funds, de George Soros, e o fundo de Myron Scholes e Robert Merton.
Alfred Winslow, não é demais repetir, mostra em sua carreira na bolsa de valores que qualquer um pode aprender a tirar dinheiro do mercado. Não tinha nenhuma experiência na área quando entrou: era doutor em sociologia, já tinha sido diplomata e também jornalista. E, embora tivesse ideia de onde estava se metendo, jamais tinha investido de maneira tão enfática.
Deu certo: hoje existem 11 mil fundos de hedge, embora alguns sejam bem diferentes da ideia original e sequer façam “hedge”: alguns têm esse nome, mas são fundos mútuos; alguns investem em conceitos complexos ou exóticos como as tendências da economia mundial; outros contratam gênios matemáticos para programar algoritmos para investir por eles.
Hoje, um fundo hedge pode ser um único sujeito em seu porão ou milhares de pessoas em uma mesa proprietária negociando ativos no mundo todo.
Depois das últimas crises, perderam um pouco de seu brilhantismo e estão tendo que cobrar taxas de administração inferiores a 2% e taxas de performance inferiores a 20%, como era costume. Um dos motivos para isso é o grande número de fundos presentes no mercado e a aversão dos clientes a fundos que, devido ao tamanho, não inovam e não arriscam novas estratégias para se destacar.