O pânico gerado por uma crise como a desencadeada pelo Novo Coronavírus, por vezes, gera distorções no preço das ações.
Os investidores mais fracos começam a vender seus ativos desesperadamente, por conta da crise do coronavírus. O excesso de oferta faz os preços caírem. Outros investidores mais fortes, com capacidade financeira e emocional para tomar esse risco, compram desenfreadamente, aproveitando a liquidez para montar grandes posições em boas empresas a preços cada vez mais baixos.
Tão logo os investidores fracos tenham vendido tudo o que tinham e a oferta seca, se a empresa é “boa”, os ativos voltam a subir e muitos deles – para o espanto e tristeza desses investidores fracos – recupera todas as perdas e até ultrapassa os patamares anteriores.
Neste artigo, vamos listar algumas das empresas que não só se recuperaram do momento mais agudo da crise (entre 15 e 30 de março de 2020), como superaram patamares anteriores, apresentando ganhos no ano.
Quer dizer: mesmo que você tivesse comprado no topo do mercado, se não tivesse vendido no desespero, a esta altura estaria com lucros nesses ativos; e, se, por outro lado, tivesse comprado ações no pior momento da crise, teria mais do que dobrado seu capital, possivelmente.
B2W Digital (BTOW3)
Essa empresa surgiu com a fusão de Submarino, Shoptime e Americanas, sendo que as Lojas Americanas têm o controle dela. Possivelmente, se valorizou pelo aumento de consumo online, visto que as compras presenciais estão com suas limitações e a faixa de consumidores com maior poder aquisitivo está se mantendo em casa.
Vejamos o comportamento desse ativo:
- R$ 76,56 em 21 de janeiro
- R$ 43 em 12 de março
- R$ 125,55 em 22 de julho
Magazine Luiza (MGLU3)
A empresa varejista Magazine Luiza tem um desempenho lendário nos últimos anos, com seus ganhos exponenciais. Qualquer um que tivesse colocado um valor relativamente baixo, como R$ 10 mil, nessas ações por volta de 2016, hoje seria milionário, devido à revolução digital que a companhia sofreu.
Veja como a companhia se comportou no desenrolar da crise até este momento:
- Em 17 de fevereiro, ela estava cotada a R$ 58,85
- No seu pior momento da crise, chegou a R$ 28,81
- Poucas semanas depois, já estava em R$ 69,35, superando até mesmo o patamar de fereveiro
- Em 22 de julho suas ações estavam sendo cotadas por 84,65.
Klabin (KLBN11)
A Klabin S/A é nossa maior produtora e exportadora de papéis. Seu foco está na produção de celulose, papéis e cartões para embalagens, embalagens de papelão ondulado e sacos industriais, além de comercializar madeira em toras.
Veja como está o comportamento dessa companhia:
- Iniciou o ano cotada a R$ 18,76
- No auge da crise para suas ações, teve um fundo de R$ 12,81 (12 de março)
- Em 22 de julho, está a R$ 21,15
Não chega, ainda ao topo que teve no ano (antes da crise), que foi de R$ 22, mas, ainda assim, considerando todas as circunstâncias, foi um desempenho notável. Depois do fundo da crise, ainda chegou a R$ 23,25, mas não conseguiu se manter.
B3 (B3SA3)
As ações da bolsa de valores brasileira, a B3, da mesma forma que tiveram uma queda surpreendente durante a crise (a exemplo de quase todas as outras ações do nosso mercado), tiveram uma recuperação notável.
- Um topo no ano de R$ 51,13 em 19 de fevereiro
- Chegou a R$ 30,45 em 23 de março
- Depois disso, chegou a custar R$ 66 em 22 de julho, recuperando e ultrapassando as perdas
Considerando que iniciou o ano a R$ 45, podemos dizer que quem comprou suas ações no começo de janeiro está com um bom lucro.
Marfrig (MRFG3)
A Marfrig é uma das maiores produtoras e exportadoras de proteína do mundo.
Ela tem 50 unidades produtivas, comerciais e de distribuição instaladas em doze países em quatro continentes.
Considerada uma das companhias brasileiras de alimentos mais internacionalizadas e diversificadas, seus produtos estão presentes em cerca de 100 países.
Veja como foi o desempenho das ações da empresa desde o início do ano, passando pela crise e, depois, pela recuperação:
- Começou o ano em R$ 10,06
- Chegou a um máximo de R$ 13,99 em 22 de fevereiro
- Em 18 de março, chegou a R$ 6,44
- Em 13 de maio foi a R$ 14,51
- Em 22 de julho, está em R$ 15,36, um valor superior ao início do ano
Weg (WEGE3)
Empresa de Santa Catarina, situada com sede em Jaraguá do Sul, a Weg trabalha na área de motores elétricos, fornecendo esse tipo de equipamento para diversos países. É uma de nossas mais notáveis exportadoras. Atua também no setor de pintura.
Teve um desempenho digno de nota durante o ano, mesmo com a incidência da crise:
- Começou o ano a R$ 35,24
- Teve seu topo em 21 de fevereiro, a R$ 49,80
- Em 18 de março, chegou ao fundo da crise, a R$ 26,47
- Atualmente, chegou a R$ 68, superando em muito o preço do início do ano
Quer dizer, se você tivesse comprado WEGE3 no começo do ano, não tivesse se desesperado com a crise e segurado, estaria com um bom lucro, mesmo com tudo o que está acontecendo no mundo.
Viavarejo (VVAR3)
Do ponto de vista comparativo com o início do ano a varejista não teve um grande desempenho. Mas, se formos olhar o quanto ela caiu e o nível de sua recuperação, chega a ser surpreendente.
- R$ 11,73 (preço com que iniciou o ano)
- R$ 16,64 (topo em 21 de fevereiro)
- R$ 4,10 (menor preço durante a atual crise; note que as perdas chegaram a 75% a partir do topo)
- Finalmente, em 22 de julho, chegou a R$ 21,29.
Conclusão
Uma das melhores formas de detectar ações que, possivelmente terão desempenhos como esse durante ou depois de uma crise é observar o volume de ativos negociados.
Os grandes players costumam se aproveitar da liquidez gerada pelo pânico para comprar a preços baixos ações de grandes empresas: os possuidores fracos começam a vender, desesperados; a alta oferta faz o preço se movimentar para baixo; os big players absorvem essa oferta comprando passivamente, posicionando ofertas de compra em patamares cada vez mais baixos.
Quando a oferta seca, quando os investidores em pânico venderam tudo o que tinham, costumeiramente os preços voltam a subir.
Para fazer esse tipo de análise, é fundamental observar o volume de negócios. Um alto volume PODE indicar a atuação de investidores institucionais nesse sentido. Atualmente, a metodologia que melhor faz esse tipo de leitura é o Raio X Preditivo.
No entanto, por mais preditivo que seja um método, nunca devemos deixar de lado nosso gerenciamento de risco que deve incluir assimetria de risco (potenciais perdas pequenas frente a grandes ganhos), uso de stop loss e entradas financeiras compatíveis com os valores que somos capazes de perder sem nos prejudicarmos definitivamente.