Você já ouviu falar da Regra dos 100?
Bom, todo o mundo deseja saber quanto é ideal investir em renda fixa ou investimentos considerados mais seguros e quanto é o ideal investir em aplicações de risco do total do dinheiro disponível. A regra dos 100 diz respeito ao quanto você deve aplicar em cada investimento.
Qual a proporção ideal?
A regra dos cem nos diz o seguinte:
– Devemos subtrair de 100 a nossa idade. O resultado é quanto podemos colocar em renda variável.
Então, para ficarmos em alguns exemplos:
- Uma pessoa de 20 anos deixaria 20% de seu capital protegido na renda fixa e 80% em renda variável (fundos de ações, ações, fundos imobiliários e outros ativos de risco)
- Uma pessoa de 50 anos deixaria metade de seu capital em investimentos conservadores e metade no risco
- Uma pessoa de 70 anos protegeria 70% de seu capital e deixaria 30% no risco
A lógica por trás da Regra dos 100 é que uma pessoa mais jovem teria mais tempo para recuperar possíveis perdas da renda variável e ao mesmo tempo teria mais tempo de vida produtiva e acumulação de riqueza.
Ao passo que uma pessoa mais velha teria menos tempo, menos disposição e mais motivos para garantir o que já ganhou ao longo dos anos.
Mas essa é uma regra geral.
Muita gente de 20 anos, não vai aguentar ver as oscilações da bolsa sobre seu dinheiro ao longo dos anos e das décadas.
Para algumas pessoas de 30 anos, vão achar até 20% de seu dinheiro na renda variável demais. Digamos que essa pessoa tenha R$ 100 mil. Ao ver R$ 20 mil que estavam na renda variável virando R$ 10 mil (por exemplo, na última crise do Novo Coronavírus), podem entrar em tal estado de sofrimento que vão preferir ter deixado tudo em uma renda fixa.
Esses, segundo a regra dos 100, estarão agindo como se tivessem, na verdade, mais de 80 anos, em termos de investimento.
A verdade é que nem todo o mundo tem o espírito para correr riscos na bolsa de valores em nível nenhum.
A regra dos 100 é uma “regra geral”. E, como toda regra geral, ela não é uma lei que deve ser seguida a risca: vai depender de como você suporta as oscilações dos mercados.
Por outro lado, Warren Buffet é bem velhinho já e pode crer que quase todo o dinheiro dele está na bolsa de valores. E não é pouco dinheiro.
Considerações sobre a Regra dos 100
Já vi gente citando a regra dos 100 como regra dos 80.
Quer dizer, um investidor de 20 anos deveria, segundo essa regra, não investir 80% em renda variável, mas 60%.
Uma pessoa de 80 anos deveria ter tudo em renda fixa, ficando totalmente protegida de forma extremamente conservadora.
Mais uma vez: não importa tanto o número. Quanto você vai investir em ações, fundos de ações e outras aplicações mais arriscadas, vai depender de fatores menos objetivos que uma subtração tão simples:
- Seu conhecimento de renda variável
- Sua capacidade de ficar confortável caso oscilações negativas ocorram
Outra informação importante é saber que a regra dos 100 foi inventada nos Estados Unidos.
Além da expectativa de vida daquele país ser muito diferente do nosso, esse fator mudou desde então: as pessoas vivem mais em todos os países.
Além disso – embora mesmo nos EUA as pessoas se arrisquem muito na renda variável -, a cultura de investimento por lá, ainda assim, é mais difundida do que por aqui. “Em média” as pessoas sabem lidar melhor com as oscilações da bolsa. Trata-se de uma realidade cultural bem diferente. Além disso, embora haja muitas similaridades, a nossa bolsa, o nosso “mercado de risco” é diferente.
Conclusão
Embora a Regra dos 100 possa servir de parâmetro, não deve ser a única forma de avaliar quanto de seu dinheiro deve ir para a renda variável. Leve em conta sempre:
- Quanto você fica confortável em perder? A bolsa caiu praticamente 50% na crise do novo coronavírus, o que isso representaria pra você em termos financeiros? Mesmo sabendo que, depois das crises, a bolsa se recupera muitas pessoas encerraram essas operações com perdas de metade de seu capital
- Quanto você conhece de investimento em renda variável? Esse conhecimento é real ou você está superestimando sua capacidade? A porcentagem de dinheiro no risco é diretamente proporcional a sua segurança em investir e operar
- O quanto você “precisa” desse dinheiro? Esse conceito é estranho. Em princípio precisamos de TODO o nosso dinheiro. Porém, investimentos em renda variável, quando não são operações de curto prazo, podem ficar “presos” durante muito tempo nas ações em que se investiu ou nos fundos escolhidos
Assim, concluímos que a Regra dos 100 acaba sendo uma regra mais para termos a noção de que, à medida que vai chegando a idade, devemos nos proteger mais das perdas e garantir o que já foi acumulado. Mas ela não deve ser seguida em absoluto: outros fatores são mais seguros e importantes.