Algumas dessas empresas fizeram parte de nossas vidas, mas também já estiveram na B3, a bolsa de valores brasileira, com suas ações negociadas no mercado.
Todas elas já estiveram listadas na b3, a nossa bolsa de valores. Algumas permaneceram com seus negócios. Outras foram absorvidas por outras. E outras, ainda, simplesmente sucumbiram. Certamente, nem todas estão na cabeça dos mais jovens, mas todas elas, de um jeito ou de outro elas tiveram seu papel na história econômica do país.
Todos os anos, dezenas de empresas deixam de ter seus papéis negociados na bolsa de valores. Ao mesmo tempo que um número similar começa: abrindo seu capital e fazendo suas ofertas públicas.
Aqui, fizemos uma pequena lista de algumas empresas que, curiosamente, estiveram negociadas na bolsa de valores, com a data de entrada e a data de interrupção das negociações. Umas ficaram décadas. Outras apenas poucos anos. Poucas saíram no seu auge, caso da Souza Cruz que causou tristeza ao pendurar as chuteiras em um momento em que vinha dando tanto lucro aos seus investidores.
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AGRALE
- Data do registro: 25/11/1985
- Data de cancelamento: 29/06/2000
- Motivo do cancelamento: Cancelou registro de Cia Aberta . O acionista controlador, Participale Administração e Participações Ltda. realizou OPA na BOVESPA em 18/05/2000 ao preço R$ 1,11 /mil ações.
Em 1985, ano em que a Agrale fazia nova ampliação da capacidade produtiva, com a inauguração da denominada Unidade 2 em Caxias do Sul, unidade de montagem de veículos, a empresa entrava na bolsa de valores. Em 2000, já não tão bem das pernas, ela saía. Mas até hoje ela continua firme, com 3 fábricas em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, e uma em São Mateus, no Espírito Santo. Na década de 80 ficou famosa pelas motos, mas hoje produz motores a diesel, tratores, caminhões leves, chassis para ônibus e utilitários 4X4 para uso civil e militar.
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ARNO S.A.
- Data do registro: 03/12/1946
- Data de cancelamento: 18/05/2000
- Motivo do cancelamento: Cancelou registro de Cia Aberta. O acionista controlador, Seb Internationale S.A. realizou OPA na BOVESPA em 11/04/2000 ao preço de R$ 435,11 /ação.
Registrada como capital aberto em 1946, mas com as ações negociadas na bolsa a partir de 1952, a famosa marca de eletrodomésticos. Saiu da bolsa em 2000 e hoje é subsidiária do Groupe SEB, um grande conglomerado francês.
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SHARP S.A.
- Data do registro: 16/05/1973
- Data de cancelamento: 10/05/2002
- Motivo do cancelamento: Falta de atualização do registro perante a BOVESPA.
A empresa de eletrônicos japonesa era forte no Brasil. Muito provavelmente seus pais ou seus avós tiveram uma TV Sharp ou algum outro aparelho do tipo. Na verdade, foi o empresário Matias Machline quem obteve, em 1965, autorização para uso da marca Sharp no Brasil. A multinacional japonesa (Sharp Corporation) não possui nenhuma relação com o grupo empresarial brasileiro que usou a marca no Brasil de 1965 até 2002 (mesmo ano que a empresa deixou a bolsa. Em 1990, com a abertura de mercado, a Sharp (do Brasil) entrou em crise. Com o pedido de concordata em 2000, a Sharp Corporation (com sede no Japão) disputou o uso da marca no Brasil. Em 2002, a Sharp (do Brasil) teve sua falência decretada.
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BANESTADO
- Data do registro: 16/09/1969
- Data de cancelamento: 08/09/2003
- Motivo do cancelamento: Cancelou registro de Cia Aberta. O acionista controlador, Banco Itaú S.A. realizou OPA na BOVESPA em 25/08/2003 ao preço de R$ 0,98 /ação.
O Banco do Estado do Paraná foi privatizado depois de uma época em que foi considerado um dos mais sólidos bancos estatais do Brasil. Foi comprado pelo então Banco Itaú por R$ 1,6 bilhão de reais. O Banestado esteve ligado no fim de sua existência a escândalos financeiros. Entre 1996 e 2002, foram desviados cerca de trinta bilhões de reais para contas em paraísos fiscais.
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TRANSBRASIL S.A. LINHAS AÉREAS
- Data do registro: 11/04/1968
- Data de cancelamento: 09/01/2004
- Motivo do cancelamento: Falta de atualização do registro perante a BOVMESB. A BOVESPA cancelou a autorização para a negociação em 07/10/2003.
A Transbrasil, assim como suas contrapartes Vasp e Varig, deixa saudades em muita gente da velha geração. Mesmo quem não tinha dinheiro pra voar, na época, pois era coisa de gente rica, sente falta das emotivas músicas com jingles criativos e gente sorridente. Nos anos 80, diversos planos econômicos congelaram preços, mas não os custos da empresa. Depois de uma intervenção do governo na empresa, ela foi devolvida dilapidada e nem os voos internacionais salvaram a lavoura. Finalmente, em 2001, a empresa não tinha dinheiro nem para o combustível e, então, todos os seus voos foram cancelados.
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VIAÇÃO AÉREA SÃO PAULO S.A. – VASP
- Data do registro: 14/03/1991
- Data de cancelamento: 03/06/2008
- Motivo do cancelamento: Falta de atualização do registro perante a BOVESPA.
A Vasp foi um pouco mais longe que a Transbrasil, chegando a 2008 indo à falência também nesse ano. A partir dos anos 2000, não conseguiu sustentar o próprio crescimento, negligenciando dívidas, salários, leasings e até taxas de navegação. A frota foi reduzida, restando os antigos 737-200 e os cansados A300 para servir uma rede doméstica menor do que a empresa operava em 1990. Tem aeronaves da Vasp encostadas em aeroportos do Brasil todo até hoje.
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PARMALAT BRASIL S.A. INDÚSTRIA DE ALIMENTOS
- Data do registro: 02/01/1986
- Data de cancelamento: 17/02/2010
- Motivo do cancelamento: Cancelou registro de Cia Aberta . O acionista controlador, Lácteos do Brasil S.A., realizou OPA na BOVESPA em 24/12/2009 ao preço R$ 0,008/ação.
Na verdade, é uma empresa italiana que, hoje, é subsidiária da francesa Lactalis. A subsidiária no Brasil, a Parmalat Brasil, assim como a Parmalat no mundo, entrou em colapso depois do ano 2000. Até teve algum fôlego, com a lei de falências (Lei nº 11.101/2005). A marca Parmalat, no Brasil, esteve até 2015 com LBR – Lácteos Brasil S.A, empresa láctea que só perde para a Nestlé e para a Brasil Foods, no Brasil. Mas atualmente está novamente com a Parmalat italiana. Quem viu não esquece da propaganda dos mamíferos da Parmalat, que, na época, virou febre entre adultos e crianças.
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SOUZA CRUZ S.A.
- Data do registro: 11/07/1957
- Data de cancelamento: 11/12/2015
- Motivo do cancelamento: Cancelou registro de cia aberta. A British American Tobacco Americas Prestação de Serviços Ltda.realizou OPA na BMFBOVESPA em 15/10/2015 ao preço de R$ 27,20 /ação.
A Souza Cruz não saiu da bolsa por estar mal. Pelo contrário. Os investidores ficaram bem chateados com a retirada das ações da empresa que era vista como um porto seguro, apesar de seu produto que tanto mal causa à saúde. Alguns gestores diziam que era o “melhor papel da bolsa”. Em 2015, teve 90% de suas ações compradas pelo British American Tobacco. A empresa chegou a distribuir em forma de dividendos 97% de seu lucro. Dizem que o negócio saiu barato para a empresa britânica e os acionistas minoritários ficaram só com a fumaça.
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FORNO DE MINAS ALIMENTOS S.A.
- Data do registro: 15/10/2015
- Data de cancelamento: 16/01/2018
- Motivo do cancelamento: Listagem cancelada na B3, nos termos do item 9.1 do Regulamento para Listagem de Emissores e Admissão de Valores Mobiliários (Regulamento). Em AGE realizada em 11/01/2018 foi aprovado (i) o cancelamento de registro da Companhia perante a CVM e (ii) o pedido de saída do segmento de negociação Bovespa Mais, da B3.
Essa morreu na casca. Presença marcante nos aeroportos e rodoviárias do país e em outros pontos estratégicos, a empresa estava listada como empresa de capital aberto, com tudo prontinho para começar a negociar seus papéis. Quando abriu o capital, acreditava que as condições estariam mais favoráveis. Porém, a expectativa não se concretizou e tirou seu cavalinho da chuva em 2018. Em 2017, teve prejuízo de R$ 18,5 milhões.