Diversas vezes na História do Brasil deparamos com escândalos que foram acompanhados de quedas expressivas de ações de companhias que estavam ligadas a essas lamentáveis notícias.
Vamos ver alguns exemplos desse fenômeno e uma maneira prática de tentar detectar as quedas antes mesmo que as notícias saiam nos meios de comunicação.
Claro, nem sempre é possível evitar essas quedas devido à surpresa que elas causam, mas não poucas vezes o fluxo de negócios e a atuação dos grandes investidores institucionais deixa pistas de como o mercado vai se comportar.
1. Greve dos caminhoneiros e saída de Pedro Parente do comando da Petrobras
No dia 25 de maio, deflagrou-se a greve dos caminhoneiros, que desabasteceu o país em todos os sentidos e, poucos dias depois, Pedro Parente saiu do comando da estatal.
No dia 16 de maio, as ações preferenciais da companhia estavam na casa dos R$ 27. O que se viu a seguir, foi uma queda expressiva até que os ativos chegassem a cotação de R$ 14 (uma queda de quase 50%).
2. Gravação feita por Joesley Batista mostrando o envolvimento do presidente Temer com a corrupção
O presidente não chegou a cair ou renunciar, mas a divulgação da gravação da conversa entre o criminoso e o político foi suficiente para derrubar o Ibovespa como um todo. No dia 18 de maio de 2017, o índice chegou a cair mais de 10%. A bolsa teve seus negócios suspensos por meia hora. Quase todas as ações componentes do índice apresentaram queda.
3. Operação Carne Fraca
As ações da JBS, dona da Friboi, e da BRF (Perdigão e Sadia) desabaram respectivamente 10% e 7% em um só dia na deflagração da Operação Carne Fraca que investigava indícios de corrupção de agentes públicos federais em crimes contra a saúde pública, no dia 17 de março de 2017.
A continuidade das operações, com a prisão de envolvidos dentro da BRF, fez as ações da empresa despencarem 20%, em março de 2018, um ano depois, saindo de R$ 30 para R$ 24.
4. Escândalo do Facebook
Em maio de 2018, revelou-se o escândalo do uso de dados dos usuários pelo Facebook pela Cambridge Analytica, o que repercutiu muito mal. No dia 19 de março, o primeiro dia útil após a notícia, as ações caíram quase 7%. Sabe o que Zuckerberg fez dias antes? Vendeu US$ 900 milhões em ações, amenizando seus prejuízos para “apenas” US$ 80 milhões.
5. Escândalo da Wolksvagen
Em setembro de 2015, foi descoberto que a montadora alemã estava falsificando relatórios quanto a emissão de poluentes de alguns de seus veículos para o mercado nos Estados Unidos. As ações da mega empresa caíram 20%.
Como detectar quedas de ações antes dos escândalos
O melhor nesses casos é não estar posicionado na compra nessas ações quando os escândalos são tornados públicos. Mas é ainda melhor se pudermos entrar em posições vendidas.
Uma coisa é certa: os grandes investidores institucionais já sabem que algo está para acontecer, seja conhecendo o fato que ainda será revelado em si, seja porque ouviram rumores bem fundamentados. Ou mesmo porque você são os donos do negócio.
Por exemplo, veja o caso de Zuckerberg, que vendeu suas ações antes da queda monstruosa. Sabemos que Joesley Batista ganhou e muito na compra de contratos de dólares e na ponta vendedora de ações (motivo pelo qual já foi punido, uma vez que fez trades a partir de informações privilegiadíssimas).
Mesmo sem saber das notícias que ocasionarão uma queda, através das ferramentas do Raio X Preditivo, é possível encontrar os momentos e as faixas de preço em que o dinheiro institucional está se posicionando.
Na recente queda do Ibovespa, em que tivemos a paralisação dos caminhoneiros, era possível acompanhar através do seu ETF (BOVA11), um grande volume no movimento de alta e um volume cada vez menor nos meses de lateralização que se seguiram.
Segundo a Nova Análise Técnica, isso pode significar um momento de distribuição, em que o dinheiro esperto está distribuindo ativos ou até mesmo montando posições vendedoras para, a seguir se aproveitar da intensa queda que virá.
Ou você acha que, dispondo das ferramentas e conhecimentos certos, seria difícil perceber que algum investidor ou alguns investidores do nada começaram a vender US$ 900 milhões em ações (caso do Zuckerberg)?
Por mais discretamente que o façam, através dos indicadores Sato é possível encontrar as pistas dessas posições gigantescas.