Preço médio: como calcular e como fazer. Será que esta é a solução para você lucrar como nunca na bolsa de valores?
Preço médio: existem vários motivos para aprender o que é o preço médio, o principal deles é que mercado proporciona diversas oportunidades para utiliza-lo de forma vantajosa.
Mas cuidado!!! Em algumas situações, fazer preço médio, pode ser um grande erro e gerar enormes prejuízos.
Neste artigo, vou contar tudo ou quase tudo sobre isso e buscar elucidar as dúvidas quanto a esse tema que, às vezes, se torna um tanto polêmico.
Vejamos o que teremos a seguir:
- O que é preço médio
- Dicas importantes sobre preço médio
- A importância de calcular o preço médio das ações
- Como calcular o preço médio das ações
- Uma forma simples de baixar o preço médio das ações e por que não fazer isso
- Por que fazer preço médio para baixo pode ser uma péssima ideia
- Calcular o preço médio das ações para o imposto de renda
- Como incluir custos no cálculo do preço médio
- Cálculo do imposto com o preço médio
- O que é fazer preço médio
- Preço médio no buy and hold
- O que os dividendos causam ao preço médio
- Desdobramentos, grupamentos, bonificações e preço médio
- Vantagens e Desvantagens do preço médio
- Conclusão
1. O QUE É PREÇO MÉDIO
O preço médio na bolsa de valores, como o próprio nome diz, é a média de compra ou venda de um ativo (ações, por exemplo), em uma determinada operação, considerando que os ativos que compõem esse operação, foram adquiridas ou vendidos, em momentos diferentes a preços variados e volumes distintos.
Definições parecem complicadas porque têm que sintetizar uma ideia complexa em poucas linhas, mas não tem nada de complicado.
É apenas o investidor querendo saber quanto cada uma das ações custou se ele tiver comprado 100 ações a R$ 10, depois 300 ações a R$ 9, 200 ações a R$ 11 e 700 ações a R$ 7. Ele soma o valor de cada uma dessas operações, divide pelo número total de ações e pronto.
Bem simples.
2. ANTES DE APRENDER COMO CALCULAR O PREÇO MÉDIO, DICAS IMPORTANTES
Se temos o cuidado de anotar todas as nossas operações, se mantemos um registro não só de quantas ações de determinada empresa temos, mas também quando as adquirimos e em que preço calcular o preço médio fica moleza.
Se fizermos aquisições de ações e as mantivermos em carteira duas ou três vezes no ano fica fácil recuperar essas informações, mas se isso aconteceu dez, vinte, quarenta vezes, intercaladas com algumas vendas, fica muito difícil calcular o preço médio.
Anote, anote, anote
Então, fica a primeira dica: tenha um registro de todas as suas compras, com data, volume e preço e outros detalhes da ação, como preço de corretagem, se houve pagamento de dividendos, emolumentos… coisas que, na prática, aumentam e diminuem o “preço líquido da ação”.
Ah, inclusive, essas informações serão importantes ao cálculo do imposto de renda. Alguns custos podem ser abatidos do lucro final, uma vez que o imposto de renda incide somente sobre o lucro.
Então, pode ser a diferença entre pagar mais ou pagar menos. E ninguém que faz investimento quer jogar dinheiro fora porque foi desleixado na hora de calcular o preço médio.
Podemos anotar em um caderninho, podemos anotar numa planilha do computador, talvez até mesmo sua corretora tenha algum serviço que facilite esse trabalho, calculando o preço médio de sua carteira automaticamente.
Preço de mercado de uma ação é muito diferente do quanto se pagou, de fato, por elas.
O preço de mercado é uma coisa. O quanto se pagou por suas ações é outra, então, saber se estamos de fato no lucro ou prejuízo depende de um bom controle.
Então, se usamos a bolsa como investimento de longo prazo, não importa a estratégia, temos que saber quanto custa em média o preço unitário de nossas ações.
3. A IMPORTÂNCIA DE CALCULAR O PREÇO MÉDIO DE AÇÕES
Calcular o preço médio de suas ações é importante por dois motivos principais no caso de uma carteira de longo prazo:
- Precisamos saber se o preço médio unitário que pagamos por cada uma delas é superior ou inferior ao preço de mercado: se o preço médio é superior, estamos no prejuízo e talvez (eu disse talvez) devamos comprar mais para baixar o preço médio e ganhar um pouco mais em uma eventual alta; na real, você vai ver que isso, na maior parte das vezes não é uma boa ideia
- Precisamos saber o preço médio na hora de calcular, pagar e declarar o imposto de renda. Ninguém quer pagar a mais, com o risco de perder dinheiro. Ninguém quer pagar a menos, com o risco de cair na malha fina, levar uma multa e também perder dinheiro. Calcular o preço médio das ações, de seu investimento, é fundamental não só para sua saúde financeira mas também para sua saúde fiscal
Mantendo o cálculo do preço médio das ações em dia, organizado, teremos bem menos dificuldade e perda de tempo na hora de preencher e pagar nossa declaração do imposto de renda.
4. COMO CALCULAR O PREÇO MÉDIO DE AÇÕES
O preço médio de ações é saber o quanto, em média, custa uma única ação de um lote maior de ações adquiridas ao longo do tempo em diferentes momentos, em diferentes volumes e em diferentes preços.
Falando assim, parece complicado, mas preço médio não é nada demais.
Veja no infográfico abaixo como calcular o preço médio de suas ações:
Fácil né? Abaixo preparamos mais um exemplo para você entender melhor.
Neste exemplo, vamos desconsiderar os custos das operações, para simplificar.
Vamos imaginar uma situação fictícia com as ações da empresa XYXY, as XYXY5.
- No primeiro dia de janeiro deste ano, compramos um lote de 100 ações XYXY5 ao preço de R$ 10.
- No primeiro dia útil de fevereiro deste ano, compramos mais 300 ações XYXY5 ao preço de R$ 9.
- No primeiro dia útil de março, foram mais 400 ações ao preço de R$ 11
- Finalmente, completamos mil ações XYXY5, comprando mais 200 ao preço de R$ 9,50
Hoje, olhamos a cotação da XYXY e ela está em R$ 9,70. Bem, minha última compra foi a R$ 9,50… estou lucrando R$ 0,20 por ação, certo? Errado! Tem que calcular o preço médio das ações.
Vamos lá, que é moleza já que temos tudo anotado.
A gente também tem que ter anotado os custos de cada operação, porque isso também entra na conta, mas, nesse primeiro momento vamos fazer a conta sem taxa de corretagem, custódia e emolumentos, para facilitar o cálculo do preço médio.
A conta é a seguinte:
PM = (100 x R$ 10 + 300 x R$ 9 + 400 x R$ 11 + 200 x R$ 9,50) /1000
Ou seja, o preço médio de uma ação é o custo de cada aquisição individual somados e divididos pelo total de ações adquiridas.
No nosso exemplo, temos que:
PM = (R$ 1000 + R$ 2700 + R$ 4400 + R$ 1900)/1000 e, então, PM = R$ 10.000/1000 e finalmente PM = R$ 10.
Cada ação custa, em média, R$ 10.
Considerando que o preço do mercado, hoje, é de R$ 9,70, sabemos que, no momento, estamos no prejuízo, um prejuízo de R$ 300 segundo o nosso preço médio.
5. UMA FORMA SIMPLES DE BAIXAR O PREÇO MÉDIO DE SUA CARTEIRA E POR QUE PODE NÃO VALER A PENA
Permanecendo no exemplo acima, se nossa estratégia inclui ficar com essas ações na carteira para o longo prazo, pode ser uma boa ideia comprar mais ações, em um preço menor, a fim de baixar o preço médio desse investimento.
Por exemplo, agora que as ações estão custando R$ 9,70, podemos querer comprar 500 papeis.
Vejamos como fica nosso cálculo de preço médio:
PM = (100 x R$ 10 + 300 x R$ 9 + 400 x R$ 11 + 200 x R$ 9,50 + 500 x R$ 9,70) /1500
Poupando, nosso tempo, essa conta revela que, nosso preço médio, agora, é de R$ 9,90. O preço médio caiu em 10%.
Porém, ao mesmo tempo, o prejuízo baseado em preço médio continua em R$ 300. Como assim?
O prejuízo por ação, pelo preço médio diminui de R$ 0,30 para R$ 0,20, caindo cerca de 33% ou um terço. Mas o prejuízo financeiro, de acordo com a estratégia, vai permanecer o mesmo, diminuir ou aumentar.
Essa constatação tem implicações importantes que veremos a seguir e, por isso, é preciso tomar muito cuidado ao escolher as ações e as empresas que escolheremos para fazer preço médio desse jeito.
No entanto, passamos a entrar no lucro não mais quando o papel passar a valer R$ 10. Mas antes disso: a partir de R$ 9,90 já é possível realizar lucro.
6. POR QUE FAZER PREÇO MÉDIO PARA BAIXO PODE SER UMA PÉSSIMA IDEIA
À medida que vamos fazendo preço médio para baixo, comprando ações de uma empresa cada vez mais baratas, a tendência é que nosso estoque de ações que estão em tendência de baixa fique cada vez maior.
Quanto maior o estoque, mais comprometidos financeiramente estamos com essa ação em queda e, proporcionalmente, mais ações precisaremos comprar para aproximar o preço médio ao preço de mercado.
Ou seja, vira um poço sem fundo. A não ser que seja uma empresa sólida em que realmente se possa apostar numa virada ou numa retomada, essa não é uma medida inteligente. Por dois motivos:
- Nenhuma ação caiu tudo o que pode cair: mesmo que ela esteja custando R$ 0,01, ainda há a opção de se fazer um “inplit”, unindo dez ações que, agora, custam cada um R$ 0,10 e dando espaço para mais quedas.
- Nenhuma empresa é tão sólida que não possa, um dia, desaparecer do mapa. Veja o exemplo da OGX.
Fazer preço médio porque perdeu um stop ou por que o prejuízo está cada vez maior e não se quer admitir a derrota é o mesmo que enxugar gelo ou, pior, apagar um incêndio com gasolina.
As medidas mais corretas são, no caso de suas ações começarem a cair:
- Estabelecer um stop loss, um prejuízo máximo, e vender nesse ponto, não importa o quê.
- No caso do prejuízo ficar enorme, esquecer essas ações é melhor do que piorar a situação comprando mais ações: isso é falta de estratégia e preparo emocional.
Preço médio não pode ser nunca como fórmula para alívio psicológico, como negação de que se errou. Tudo bem errar, mas insistir no erro só vai piorar as coisas.
Segue um vídeo onde eu trato da questão psicológica:
Na imensa maioria das vezes (desculpe-me pela redundância de ênfase), use o preço médio apenas para calcular seu lucro real, o que é útil não apenas para saber qual é a sua performance na bolsa de valores, mas também para calcular seu imposto de renda.
7. CALCULAR O PREÇO MÉDIO DE AÇÕES PARA O IMPOSTO DE RENDA
O cálculo do preço médio é fundamental para calcular, em seguida, quanto pagaremos de imposto de renda sobre o lucro que houve (se houver) sobre ações.
Para operações que não são day trade, isto é, operações que não foram de compra e venda no mesmo pregão, o imposto de renda só precisa ser pago se as somas das vendas em determinado mês forem superiores a R$ 20 mil.
Calcular o imposto de renda já é complicado, muitas vezes. Agora imagine se fizermos muitas aquisições e vendas de uma ação, em diferentes momentos.
Por isso, mais uma vez, nunca será demais ressaltar isso: mantenha um controle de suas operações. Se não, o cálculo do preço médio se torna uma tarefa impossível.
O que precisamos para calcular o preço médio com o nível de detalhe necessário a uma declaração do imposto de renda perfeita:
- Custos por ordem executada: taxa de corretagem, taxa de custódia, emolumentos
- Calculo de quanto custou cada ação em uma operação
Agora sim: podemos proceder com o cálculo do preço médio, agora que temos o custo real de cada ação em cada operação realizada.
8. COMO INCLUIR OS CUSTOS OPERACIONAIS PARA DETERMINAÇÃO DO CÁLCULO DO PREÇO MÉDIO
Decidimos comprar 20 lotes de ações XYXY5 que, hoje, custam R$ 10 cada. Isso dá 2.000 ações (geralmente, o lote padrão é de 100 ações).
Então, a pessoa que vender para a gente recebe um bruto de R$ 20.000. Isso é o quanto ela recebe, antes de ela mesma ter os custos dela debitados, e o valor de mercado pelo qual essa ordem específica será executada.
Dá para dizer que pagamos R$ 10 por ação? Não dá.
Por quê?
Porque tem os custos!
Pagamos mais do que R$ 20.000 pelas ações de XYXY5. Também tem a taxa de corretagem, que vai para a corretora de valores, ISS, emolumentos e outras taxas cobradas pela B3 (antiga Bovespa ou, ainda, BM&FBovespa).
- ISS ou Imposto sobre Serviços: é pago para a Prefeitura de São Paulo, onde fica a B3 e a corretora repassa ao cliente
- Taxa de Custódia: a corretora cobra para manter as ações que compramos sob custódia. Esse valor vai de zero a algumas dezenas de reais, dependendo do tamanho da posição e da corretora.
- Emolumentos, taxas de registro e liquidação: cada operação tem custos para ser operacionalizada. São taxas padrão.
- Taxa de corretagem: é preço que se paga pelo serviço da corretora. É ela que faz o meio de campo entre nós e a bolsa de valores. Cada corretora cobra de um jeito, algumas oferecem pacotes de corretagem que podem valer a pena ou não de acordo com o volume de operações que se faz durante o mês.
Mas levantar todos esses valores é muito simples. Sempre, no dia seguinte ao de qualquer operação, a corretora vai enviar por e-mail a nota de corretagem onde tudo isso está especificado.
Na nossa nota de corretagem, descobrimos que todas essas taxas e custos, somados, deram R$ 97.
Agora sim.
Agora já dá para calcular nosso preço médio como realmente deve ser feito.
Temos R$ 20.000 do total de ações mais R$ 97 dos custos. Então R$ 20.097, dividido por 2000 dá um preço médio de R$ 10,048. Então, é uma diferença considerável de quase 0,5%. E a operação só entra no lucro quando a cotação chegar a algo acima de R$ 10,05.
9. CÁLCULO DO IMPOSTO DE RENDA COM O PREÇO MÉDIO INCLUÍDOS TAXAS E CUSTOS
Já temos o preço por ação nesta primeira operação: R$ 10,048 (2 mil ações).
Mais tarde fizemos outra operação e o preço por ação, incluídos os custos foi de R$ 10,07 (vamos imaginar que compramos mil ações desta vez).
Em ambas ocasiões o preço de mercado do papel foi R$ 10.
- Então, nesse caso, o preço médio é de (2.000 x 10,048 + 1000 x 10,07) /3000, o que dá aproximadamente R$ 10,055 por ação. Este foi nosso custo por ação.
No mês seguinte, decidimos vender nossas ações, já que a cotação chegou a R$ 11.
Vendemos, então, 3.000 ações por R$ 33.000.
Meses com vendas superiores a R$ 20 mil são fatos geradores de imposto de renda caso aconteça lucro. A alíquota é de 15%.
Quanto vamos ter de recolher até o último dia útil do mês seguinte?
Se ignorássemos o preço médio devidamente calculado, teríamos que o nosso lucro foi de: R$ 33 mil (valor de venda) menos R$ 30 mil (valor de compra). Logo, o lucro foi de R$ 3 mil e o imposto de renda devido, de 15% sobre isso seria de R$ 450.
Porém, se calcularmos corretamente veremos que o verdadeiro custo das ações foi de R$ 30.165.
Então, nosso lucro não foi de R$ 3.000, mas de R$ 2.835. E o nosso imposto passa para R$ 425.
Mas não é só isso!
A venda das três mil ações também teve custos e taxas que, nesse caso, foram de R$ 108. Então, na verdade, nosso lucro foi de R$ 2.727 e o imposto devido é de R$ 409.
Uma diferença de R$ 41.
Não parece muito frente ao montante do negócio, mas eu duvido que se eu der duas notas de R$ 20 na sua mão você vai rasgá-las.
Por que faria o mesmo quando se trata de impostos?
Trate de anotar todos os seus custos e o preço médio!
10. O QUE É FAZER PREÇO MÉDIO
Fazer preço médio, na bolsa de valores, é uma prática polêmica. Há quem defenda. Há quem seja terminantemente contra. De fato, fazer preço médio é uma prática perigosa de qualquer maneira.
Fazer preço médio consiste em adicionar lotes (de ações, minicontratos, opções) a uma posição já existente. Pode ser feito a favor da posição ou contra a posição.
Pode-se fazer preço médio em qualquer tempo operacional e com qualquer tipo de papel. Porém, é mais frequente vermos a prática de preço médio em tempos operacionais mais curtos como o day trade.
Fazer preço médio contra a posição
Comprei um volume de um ativo qualquer a R$ 10. Algum tempo depois ele está valendo R$ 9 e, agora estou perdendo 10%.
Decido fazer preço médio e compro mais um lote a R$ 9.
Agora, meu preço médio é de R$ 9,50. Meu prejuízo é de apenas 5%, metade de antes, e o ativo precisa subir até R$ 9,50 para começar a entrar no lucro e não mais R$ 10.
Mas o preço caiu para R$ 8. Compro mais um lote. Meu preço médio vai para R$ 9. A ideia é a mesma que a anterior.
Mas a essa altura, financeiramente eu já coloquei na jogada R$ 27. Meu financeiro comprometido é quase o triplo e a cada real que o ativo cai, eu não perco apenas R$ 1, mas R$ 3, porque já temos três lotes na jogada.
A cada lote, a cada minicontrato ou contrato, o tamanho do prejuízo ou lucros potenciais se multiplicam na mesma proporção.
Claro sempre há a esperança de que, em algum momento, o ativo volte a subir e, então, estaremos posicionados com uma mão muito maior.
Fazer preço médio para baixo, assim, esconde algumas esperanças:
- Deixar nosso preço médio mais próximo do preço de mercado, que está pouco abaixo: porém se a tendência de queda for forte, talvez acabe o dinheiro necessário para continuar o processo de compra e tudo o que se poderá fazer é assistir a derrocada enquanto todo nosso capital disponível está comprometido com uma posição perdedora.
- A esperança de que, quando o preço retomar a alta, estaremos posicionados tão fortemente que, a cada centavo para cima ganharemos muito mais do que ganharíamos quando começamos a fazer preço médio.
Obviamente há muitos especialistas que não recomendam fazer preço médio para baixo nem para investidores experientes. Quanto mais para investidores iniciantes.
Evite: ao fazer preço médio no day trade ou períodos mais curtos estamos tomando decisões não por razões objetivas (um setup, por exemplo) mas em função de evitar a dor de um prejuízo, só piorando a situação.
Evitar a dor, como dizem os budistas, é a razão de todas as dores. Deixe que ela venha que será melhor.
Fazer preço médio a favor da posição
Se uma operação está dando certo, pode-se considerar “aumentar a mão”, como é comum se falar entre os traders. Mas, péra, aí o preço médio vai subir!
Sim, mas se a operação for na direção do objetivo, a posição estará mais forte e o ganho por ponto (no caso de minicontratos) ou por centavos (no caso de ações) será multiplicado.
Claro, se fazemos preço médio para cima, nesse momento nosso stop loss também deve subir. Manter o stop loss na posição original faria com que o prejuízo financeiro previsto seja maior do que o planejado pelo gerenciamento de risco.
De preferência, só aumente a mão em um momento e em um volume em que se possa posicionar o stop loss acima do preço médio: assim, mesmo que a operação comece a dar errado, o empate está garantido ou, até mesmo, um pequeno lucro!
11. O QUE CONSIDERAR QUANTO AO PREÇO MÉDIO SE SUA ESTRATÉGIA FOR BUY AND HOLD
Mas e se a estratégia do investidor for de longo prazo? O preço médio é uma boa?
Caso o investidor seja um analista fundamentalista e perceba que há uma ação abaixo do valor real daquela empresa, supondo que as informações de que se dispõe são de confiança, fazer preço médio pode ser uma boa ideia.
Afinal, para esse cara, pouco importa se as ações caírem essa semana ou no próximo mês.
Para ele, o que importa é que em vinte anos, provavelmente, uma grande empresa como esta em que ele investe terá se valorizado.
E quanto mais ações ele tiver mais terá participado dessa alta. Se puder comprar ainda mais ações quando os preços despencarem momentaneamente, melhor ainda: ele estará baixando seu preço médio.
Muitos dos investidores de que falamos por aqui costumam fazer isso: esperam as crises para encher o carrinho de ações de empresas como bancos e petrolíferas.
Mas cuidado: se for iniciante, mesmo empresas sólidas podem ser uma roubada. A história econômica de qualquer país está cheia de empresas sólidas que desapareceram ou perderam valor.
Se uma ação está desvalorizando, convém entender bem por que isso está acontecendo antes de começar a fazer preço médio. Qual o contexto? Se for um processo inevitável, vale a pena se desfazer das ações com um pequeno prejuízo.
Nunca faça preço médio quando o preço de uma ação estiver acima do que é justo
Outro critério de quem faz buy and hold, isto é, compra ações para o longuíssimo prazo é nunca, jamais, em tempo algum, comprar ações que estão acima do que, segundo sua análise fundamentalista, é o preço justo para a empresa.
Quaisquer ações têm seu pico histórico, caso enche-se o carrinho nesse ponto, você corre o risco de nunca mais conseguir um preço médio que compense o prejuízo inicial.
O preço justo da empresa deve ser determinado com muito cuidado, mesmo que no futuro a empresa se torne a nova Apple.
Evitar fazer preço médio quando a bolsa de valores está em um pico histórico
Também é importante evitar fazer compras de ativos, quando os seus valores se encontram próximos ou nos seus próprios picos históricos.
Pois isso, pode ser uma demonstração de que seus preços atingiram valores superestimados.
Mas não poderia subir mais? Poderia. Mas quais são as probabilidades? Às vezes, é melhor ser pessimista que otimista. Mais uma vez devo lembrar dos grandes investidores que só vão às compras quando o pessimismo é generalizado, quando só se fala em crise e em desespero. É aí que eles enchem o carrinho.
Fica mais uma vez a ressalva: mesmo em momentos que parecem de “liquidação”, não vale a pena fazer preço médio com empresas especulativas.
Sempre se deve fazer isso com empresas sólidas. Tenha o pé no chão e tenha consciência que informações que se lê em fóruns da internet não são privilegiadas.
12. O QUE OS DIVIDENDOS CAUSAM AO PREÇO MÉDIO
Há quem diga que o pagamento de dividendos baixa o preço médio das ações em sua carteira, uma vez que elas “contribuíram” com uma parte dos custos da movimentação.
Digamos, que o preço médio de suas ações é R$ 50, não importa o tamanho de sua carteira. Se recebermos R$ 0,50 por ação, em dividendos, em teoria, poderíamos baixar o preço médio para R$ 49,50.
Na prática, isso vai atrapalhar suas contas a não ser que você guarde os valores recebidos reservados como “dividendos recebidos da ação X”.
Sério, a matemática começa a ficar confusa a partir daí.
Do ponto de vista do imposto de renda, não há nenhuma obrigação em baixar o preço médio com o recebimento de dividendos, a não ser que se queira registrar uma faixa de lucro maior e pagar mais imposto de renda. E imagino que ninguém quer isso.
13. O QUE DESDOBRAMENTOS, GRUPAMENTOS E BONIFICAÇÕES FAZEM AO PREÇO MÉDIO
Todos esses acontecimentos alteram o preço médio. Então, atenção.
Desdobramentos e o preço médio
Desdobramentos acontecem quando a cotação de uma ação sobe muito e financeiramente os lotes vão ficando muito com preços de aquisição muito altos.
Digamos que uma ação esteja custando R$ 100. O total de empresas de ações dessa empresa, no mercado, é 10 milhões de papeis.
Esses papeis são desdobrados e passam a custar R$ 50 cada um, mas, agora, são 20 milhões de papeis. Financeiramente, nada mudou. O valor total das ações é o mesmo.
O mesmo se dá com ações que você tinha em carteira. Se eram 100 ações a R$ 100, agora se possui 200 ações a R$ 50. Se seu preço médio era R$ 90, considere que seu preço médio, agora, é R$ 45.
Outra forma, mais correta de fazer essa conta, é considerar que temos 100 ações compradas a R$ 50 e “compramos” 100 ações a R$ 0, somando os valores resultantes e dividindo pelo número de ações total:
(R$ 90 x 100 + R$ 0 x 100)/200 = R$ 45
Grupamentos e o preço médio
Grupamentos acontecem, ao contrário do desdobramento, quando o preço de uma ação fica tão baixo que é preciso grupá-las.
Digamos, uma ação que custa R$ 0,02 com cem milhões de papéis no mercado. Para que tenha espaço para descer ainda mais, caso seja necessário, resolve-se grupá-la transformando 100 ações em uma. Assim, uma ação passa a valer R$ 2, mas o número de papeis à venda passa a ser de um milhão.
Se estamos com dez mil ações cotadas a R$ 0,02, passamos a ter cem ações a R$ 2.
Se o preço médio, no entanto, fosse de R$ 1,00. Então, agora, temos cem ações a preço médio de R$ 10.
Outra forma mais correta de fazer essa conta é considerar a aquisição de -900 ações a R$ 0 (visto que tínhamos 1000 ações e passamos a ter 100), somar os totais resultantes e dividir pelo número final de total de ações:
(R$ 1 x 1000 + (-900 x R$ 0))/100 = R$ 10.
Bonificações e o preço médio
Bonificações com certeza alteram o resultado final de um preço médio.
A empresa pode distribuir um certo número de ações extras para seus investidores ou, então, cobrar uma porcentagem do valor total.
Digamos que nosso preço médio de uma ação seja R$ 25 e tenhamos 1.000 ações. A empresa anuncia que irá bonificar seus investidores com 10% do montante total de ações a um preço de R$ 4 cada.
Então, podemos comprar 100 ações a R$ 4.
Vejamos como fica nosso preço médio:
(1000 x R$ 25 + 100 x R$ 4)/1100 = R$ 23,09.
Este é o nosso preço médio novo e, na hora de calcular o imposto de renda em uma venda é esse o valor que deve ser usado, claro, já considerando os custos de corretagem e outras taxas, como foi explicado em tópico anterior.O
14. VANTAGENS E DESVANTAGENS DO PREÇO MÉDIO
Vantagens:
- Calcular o preço médio vai ajudar você a se situar quanto ao valor verdadeiro do seu investimento
- Saber calcular o preço médio vai facilitar sua vida na hora de pagar o imposto de renda quando suas vendas em um mês ultrapassarem R$ 20 mil
Desvantagens:
- Alguns day traders até defendem fazer preço médio como estratégia e talvez, quando feito na direção certa da operação até seja válido, desde que realizado corretamente, mas na maior parte das vezes fazer preço médio vai meter o iniciante em uma enrascada.
- Preço médio pode estar mascarando alguma dificuldade de enfrentar a dor da perda ou a dor de admitir que a estratégia deu errado: mais vale assumir um prejuízo a tempo que ficar jogando gasolina em incêndio, aumentando a posição perdedora.
- No longo prazo, também pode ser estratégia válida, mas é preciso saber que se a empresa está realmente “barata”, com a ressalva que traders de curto prazo não acreditam em ações “baratas”. Esse conceito se aplica mais a investidores de longo prazo.
15. CONCLUSÃO
O conceito de preço médio de ações deve ser aprendido e usado por todos a fim de haver um controle sejam de trades de curto prazo seja de investimentos de longo prazo.
Para a declaração e o pagamento do imposto de renda, é fundamental, evitando-se que pague-se imposto a mais.
Os custos e taxas devem ser considerados para efeitos de imposto de renda. Dividendos, no entanto, não influenciam nessa questão. Desdobramentos, grupamentos e bonificações irão interferir no valor do preço médio, mas é necessário ponderar qual destes, de fato, significa uma renda extra que irá interferir no valor do imposto. No caso, se aplica mais ao caso da bonificação.
Como estratégia, não é recomendado para iniciantes sobretudo nos tempos operacionais menores. Já nos grandes, ainda assim, cabe ressalvas: evitar os picos históricos e os momentos em que as ações estão superfaturadas é muito importante.
Excelente o artigo sobre preço-médio, principalmente no aspecto tributário. detalhado, claro, objetivo e elucidativo.
Uma duvida
Se voce compra 200 acoes a 2,00
Vende 180 a 5,00
Qual o seu preco medio agora?
R$ 0,01 ?
R$ 2,00
Uma dúvida, seguindo seu exemplo.
Se ao inves de vender 100 ações (d) eu vendesse 1100 à 13,00 (de um total de 1200) por que o PM cairia para R$ -8,00 ?
Fiquei com essa dúvida também.
Estou com meus papeis, meus extratos aqui para lançar a guia de recolhimento do mês que passou…. que aula em amigo, muito obrigado.
A matéria é excelente ajuda a tirar muitas dúvidas, quanto ao valor real de ações para se calcular o preço médio das mesmas.
Só faltou falar do IRRF para desconto do valor já pago à RF.
Alguém poderia me esclarecer um dúvida, ficaria muito grato.
Ao calcular o preço médio das ações sempre fui abatendo os juros sobre capital próprio e dividendos, ação o preço médio da ação vai paulatinamente caindo.
Como faço na hora de declarar o preço médio das ações uma vez que fui abatendo os dividendos e juros s/ capital próprio?
O artigo fala a respeito.
Parabéns pelo artigo Até que enfim alguém explicou detalhadamente essa questão do preço médio
Se comprei e vendi no mesmo ano, devo declarar no ir o valor de aquisição e também o de venda? Nesse caso, os valores são calculados utilizando o preço médio?
Certeza de que ao vender as ações seu preço médio se altera??
Na VENDA o preço médio não sofre alterações. Portanto, o que se entende no infográfico apresentado, que a VENDA altera o preço médio – não está conceitualmente errado?
O Preço médio se refere a preço médio de COMPRA.
Na COMPRA futura o preço médio sofre alterações.
Se eu vender tudo e zerar a carteira – o preço médio não existe mais. Se eu comprar esse mesmo ativo, depois que zerei todas as vendas, o preço médio vai ser o preço dessa nova compra e assim sucessivamente nas demais compras e vendas que vamos fazendo. Quando eu VENDO o preço médio que eu tenho não muda, quando compro mais ações o preço médio vai mudar.
Excelente consideração…. este exemplo mostra que considerar apenas as compras é ilógico.
Na venda, deve-se abater a quantidade vendida *sem alterar o preço medio* de aquisiçao, apenas a quantidade em posse diminuira.
Quando comprar de novo o mesmo ativo, apenas a quantidade em posse antiga vai entrar para o calculo do novo PM, e nao todas as compras deste o inicio dos tempos.
Nossa que artigo bem escrito, linguagem ótima para quem ainda é leigo e está começando! Parabéns!!!
Quando tenho em uma nota vários contratos de compra com ativos diferentes, o custo da nota deve ser rateado entre os contratos de compra ou para usamos o mesmo custo para todos?
Excelente artigo!