Análise Técnica: conheça a Nova Análise Técnica que está revolucionando o jeito de olhar os gráficos das ações da bolsa de valores
A Análise Técnica é uma das duas grandes vertentes usadas a fim de se tomar decisões na hora de comprar e vender ações na bolsa de valores, ao lado da Análise Fundamentalista.
Através da Análise Técnica, podemos olhar os gráficos – que nos trazem a movimentação dos preços e dos volumes dos negócios – e chegar a estimativas mais ou menos precisas daquilo que virá a seguir, decidindo vender ou comprar ativos, em que volume, aceitando um patamar de possíveis perdas e um patamar de possíveis ganhos.
Em princípio, a Análise Técnica parece um jogo de adivinhação em que os traders, através de misteriosos desenhos e padrões no gráfico de um ativo, tentam prever o futuro do preço.
Não é.
Existem fundamentações estatísticas, de causas e efeitos, e até mesmo psicológicas por trás da teoria que embasa a Análise Técnica.
E, neste artigo, vamos aprender um pouco mais sobre ela:
- Análise Técnica: O que é?
- A Teoria De Dow, o início da Análise Técnica
- A base da Análise Técnica: estudar o passado e projetar o futuro
- Padrões Gráficos da Análise Técnica
- Análise Técnica realmente funciona?
- Análise fundamentalista é o contrário da Análise Técnica?
- Análise Técnica x Fundamentalista x Nova Análise Técnica
- Entendendo os gráficos de Análise Técnica
- Especular ou Investir do ponto de vista da Análise Técnica
- A grande guerra que forma o preço das ações
- Conclusão
Obviamente, este artigo não pretende esgotar a Análise Técnica. Cada oscilador, cada indicador, cada metodologia por si só renderia um livro inteiro ou até mais.
Este texto visa tão somente a ser a introdução ao tema e, no que diz respeito ao que ele traz a mais pra você, também a apresentação ao que de mais moderno e avançado começa a surgir na Análise Técnica.
1. ANÁLISE TÉCNICA: O QUE É?
A Análise Técnica é a ferramenta de avaliação dos gráficos que permite ao trader estimar, através de comportamentos repetidos estatisticamente no passado, o que acontecerá com a cotação ou com o preço de um ativo ou derivativo qualquer.
A Análise Técnica funciona melhor em ativos de grande liquidez como, por exemplo, as ações que fazem parte da composição do Índice Bovespa ou como os contratos e minicontratos de dólar e de índice.
Ela é baseada na Teoria de Dow que, basicamente, nos explica que os preços dos ativos e os índices da bolsa refletem a reação mais imediata do mercado a qualquer acontecimento que afete direta ou diretamente a economia.
2. A TEORIA DE DOW: AS BASES DA ANÁLISE TÉCNICA
Toda a Análise Técnica tem origem na Teoria de Dow.
O jornalista Charles Dow (1851-1902) é o criador do índice Dow Jones Industrial Average ou, simplesmente Dow Jones, o principal indicador da Bolsa de Valores de Nova York. Também fundou, em parceria com Edwart Jones e Charles Bergstresser a Down Jones & Company.
Mas, possivelmente, seu maior feito foi ter criado a sua Teoria que serviu de base à Análise Técnica que, a partir dela, evoluiu nas mais variadas vertentes.
Dow começou a desenvolver sua teoria em 1887 e só a lançou formalmente em 1900, morrendo dois anos depois, relegando aos filhos a organização de seus escritos.
No Brasil, a Teoria de Dow ainda é mal interpretada por quem deseja operar na Bolsa utilizando a análise técnica.
Se você aprender o que estamos ensinando nesse artigo, verá que está cometendo um erro que 99% dos traders cometem por uma falha na interpretação do que Charles Dow falou.
Veja o vídeo abaixo para entender melhor do que estamos falando:
3. BASES DA ANÁLISE TÉCNICA: ESTUDAR O PASSADO E PROJETAR O FUTURO
A teoria de se baseia em alguns pontos principais:
- O preço desconta tudo: o preço dos ativos e cotação dos índices já considera tudo o que aconteceu (e até o que ainda vai acontecer) e que afeta a economia (notícias, tragédias, sucessos etc).
- Os mercados se movem em tendências: de alta ou de baixa e sua duração determina se essa tendência é primária, secundária, terciária (da de maior duração à de menor).
- As três fases da tendência: o mercado é primeiro impulsionado por investidores mais qualificados, depois a pressão da tendência se acentua e, por fim, entram os investidores menos qualificados no final do movimento, quando os mais qualificados já estão encerando suas posições (se tinham comprado no início da tendência de alta, agora estão vendendo antes dos preços caírem e, se tinham vendido no início da tendência de baixa, agora estão comprando).
- Princípio da confirmação: a tendência de um índice só é confirmada se um índice similar a confirmar na mesma direção.
- Volume convergente: quando o mercado for mudar de tendência, haverá um aumento expressivo no volume de negociações e, enquanto não houver um volume alto confirmando a mudança de tendência, vale a anterior.
- A tendência é vigente enquanto não for substituída pela oposta: se a tendência é de baixa, continuará de baixa enquanto a tendência de alta não for confirmada.
Basicamente, a Teoria de Dow observou os comportamentos passados do preço dos ativos e comprovou que eles tendem a se repetir no presente e no futuro.
4. PADRÕES GRÁFICOS DA ANÁLISE TÉCNICA
O desenvolvimento da Análise Técnica, a partir da Teoria de Dow, nos fez observar o comportamento de diversos padrões que, eventualmente, se formam nos gráficos das ações e de outros ativos e derivativos.
Figuras de continuidade
Retângulo: lateralizado, o preço oscila dentro de um range e, ao longo do tempo, fica confinado em um retângulo que pode vir a ser rompido a qualquer momento, para cima ou para baixo
Triângulo: pode ser simétrico, de alta ou de baixa; a expectativa é que ele rompa em direção da tendência anterior
Bandeira ou flâmula: a bandeira é formada por um acentuado movimento (o mastro) e seguida de um retângulo (lateralização) ou um triângulo (formando, então, uma “flâmula!”).
Pode ser rompida para cima, no caso de uma bandeira ou flâmula de alta ou para baixo, se invertida e de baixa. Em ambos os casos, estima-se que o próximo movimento será equivalente ao tamanho do “mastro” anterior.
Figuras de reversão
Acredita-se que essas figuras, de acordo com certas condições, determinam reversão de tendência.
Ombro-cabeça-ombro e ombro-cabeça-ombro invertido: no caso do ombro-cabeça-ombro temos um topo, seguido de um topo mais alto que, por sua vez, é seguido de um topo de altura próxima ao primeiro.
Se o preço romper para baixo da linha dos ombros isso significa que a tendência tem a séria possibilidade para inverter para o sentido de queda. O ombro-cabeça-ombro invertido segue o mesmo princípio, mas significando que a tendência está mudando de queda para alta.
Topo duplo ou fundo duplo: por duas vezes o preço testa um patamar, bate e volta. Se isso acontecer numa tendência de alta, forma-se um topo duplo (um “M”). Numa de baixa, um fundo duplo (um “W”). Nos dois casos pode significar que a tendência está se invertendo.
5. ANÁLISE TÉCNICA REALMENTE FUNCIONA?
Sempre que pessoas sérias falarem de Análise Técnica nunca falarão em termos absolutos.
Usarão termos como “pode”, “potencial”, “chances” ou “probabilidade”.
Considerando que a Análise Técnica não acerta sempre, ela só vai “funcionar” se aliada ao gerenciamento de risco, que vai garantir que, quando ela estiver “errada” se perca menos e, quando ela estiver “certa”, se ganhe mais.
6. ANÁLISE FUNDAMENTALISTA É O CONTRÁRIO DA ANÁLISE TÉCNICA?
Não devemos achar que a Análise Técnica é o contrário da Análise Fundamentalista. Isso seria o mesmo que achar que os Beatles são o contrário dos Rolling Stones e eles são apenas diferentes. Na verdade, eles apenas têm diferentes abordagens da mesma coisa, o rock’n’roll.
Enquanto a Análise Técnica estará atenta puramente ao deslocamento do preço no tempo, podendo incluir ou não o volume de negócios, a Análise Fundamentalista vai se preocupar em saber se a ação está “barata” ou “cara” considerando-se o valor da empresa emissora, de acordo com os seus fundamentos. Isto é, tenta descobrir o “valor intrínseco” da ação.
O que são esses fundamentos?
Os fundamentos de que fala esse tipo de análise tentarão responder perguntas a respeito da capacidade de a empresa pagar suas dívidas, se está havendo um lucro razoável, se há perspectiva de crescimento, qual a posição da empresa em relação a seus concorrentes. Tudo isso é meio subjetivo e a análise fundamentalista tenta colocar essas questões de forma objetiva.
Para isso, o analista fundamentalista vai observar coisas como o pagamento de dividendos por ação, o lucro da empresa por ação, a relação entre preço e lucro e muitos outros.
Considerando todos eles, tentará descobrir se o preço de mercado da ação está mais barato que o preço intrínseco. Se estiver, a ação constitui oportunidade de compra, pois, em algum momento, o valor de mercado pode se igualar ou até mesmo superar o valor intrínseco.
Claro, a Análise Fundamentalista é muito mais complexa que isso e seria impossível resumi-la honestamente em apenas um pequeno tópico deste artigo. Mas, assim, já dá pra você ter ideia.
7. ANÁLISE TÉCNICA X FUNDAMENTALISTA X NOVA ANÁLISE TÉCNICA
Nesse contexto, vemos o surgimento da Nova Análise Técnica. A Nova Análise Técnica se concentra nas causas dos movimentos, buscando adiantá-los de fato através da observação dos players que realmente são responsáveis pela movimentação dos preços.
A Análise Técnica Clássica, por sua vez, se concentra nos efeitos, isto é, em comportamentos que já aconteceram e que, por isso, tendem a se repetir no futuro com maior ou menor potencial.
Enquanto isso, a Análise Fundamentalista se baseia no potencial de o preço de mercado da ação se equiparar ou superar o preço intrínseco que, por sua vez, é determinado pelo estudo aprofundado dos fundamentos da companhia emissora do papel.
8. ENTENDENDO OS GRÁFICOS DE ANÁLISE TÉCNICA
Os gráficos da Análise Técnica, em essência, são bem simples de ler. Difícil é tentar prever o comportamento do preço a partir deles e é isso a que os traders se dedicam.
No eixo horizontal, nós temos o tempo. Esse eixo pode ser dividido diferentes frações, como dias (gráfico diário), semanas (gráfico semanal) ou meses (gráfico mensal).
Também podemos ter os gráficos intraday, que mostram o comportamento do preço ao longo de um minuto, dois minutos, cinco minutos, dez minutos, quinze minutos, trinta minutos, uma hora e qualquer variante numérica que o trader prefira (porém, as citadas são as que eu mais vi serem usadas até hoje).
O eixo vertical é o preço ou a cotação do ativo ou derivativo analisado. Se forem minicontratos ou contratos teremos pontos. Se forem ações ou opções teremos reais.
9. ESPECULAR OU INVESTIR NA OPINIÃO DA ANÁLISE TÉCNICA
Certamente, existem posturas bem fundamentadas de que investir na bolsa de valores vale a pena. Isto é, esses posicionamentos levam o termo “investir” ao pé da letra e acreditam que fazer poupança usando ações é possível, esperando-se que elas se valorizem no longo e no longuíssimo prazo.
Não contrariando essas opiniões, consideramos que todas as avaliações que veem as bolsas se valorizar ao longo do tempo estão levando em conta métricas e índices que se defendem como podem dos períodos de crise e, com esse objetivo, excluem papeis que os compõem e que apresentam um mau desempenho.
Claro que essas medidas atenderam os requisitos de composição do índice, mas não há como negar que isso acaba por dar um retrato mais positivo da bolsa no longo prazo do que realmente ela tem.
Portanto, qualquer decisão de comprar ações para o longuíssimo prazo deve ser vista com cautela.
Por outro lado, preferimos incentivar operações mais curtas – as operações de especulação -, que exigem menos compromisso em termos de permanência em uma posição que esteja dando errada, permitindo a rápida saída em caso de prejuízos, minimizando eventuais perdas.
10. A GRANDE GUERRA QUE FORMA O PREÇO DAS AÇÕES
Quando vemos as cotações dos ativos subindo e descendo e não temos experiência, acreditamos que esses movimentos são espasmos provocados por investidores que estão negociando algumas centenas de ações, contratos ou minicontratos futuros.
Nós não temos ideia.
A verdade é que a verdadeira batalha está sendo travada entre grandes investidores institucionais, verdadeiros titãs dos mercados. Estima-se que pouco mais de uma centena de empresas domine quase metade de todo o capital mundial. Dessas, metade tem intensa atividade nas bolsas de valores do mundo.
Veja esse vídeo e entenda quem são os grande players que movem o mercado:
Elas tentam garfar o dinheiro não de nós, míseros investidores pessoas físicas. Elas até sabem que a gente existe, mas nem tomam conhecimento. Elas miram em fundos, contas governamentais e outras com posições de grande tamanho mas não tão grandes como elas. E também brigam entre si.
Os grandes investidores institucionais têm a sua disposição não apenas bilhões de dólares. Eles têm a seu lado as mentes mais aguçadas, os softwares mais inteligentes (algoritmos e robôs de negociação de alta frequência, os HFTs, e os computadores mais poderosos do planeta.
A Nova Análise Técnica tem consciência disso e visa estudar o comportamento desses big players a fim de adiantar os efeitos de suas atuações, as movimentações de preços de que esses personagens titânicos são causa.
11. CONCLUSÃO
A Análise Técnica Clássica ainda vem sendo usada massivamente por traders do mundo inteiro como base metodológica na determinação de entradas em trades, tamanho de suas posições e saídas desses trades, com prejuízos e lucros máximos aceitáveis.
Porém, o entendimento do verdadeiro funcionamento do mercado mostra que essa base é insuficiente.
A Nova Análise Técnica, que veremos mais detalhadamente no próximo artigo, traz bases mais sólidas, nesse sentido, observando não os efeitos (movimentações do preço), mas as causas (fluxo do mercado ocasionado pela atuação dos grandes investidores institucionais).
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