Quando somos leigos no assunto e ouvimos falar em investir em dólar, logo nos vem à mente a ideia de irmos à uma casa de câmbio e trocar nossos suados reais pela moeda americana.
Olha, isso não é uma boa ideia.
Não bastasse o IOF, existe o “spread” da corretora de câmbio: você já percebeu que o valor pelo qual essa empresa cobra pelo dólar é maior do que a cotação do dia? E, na hora de vender, para liquidar sua posição na moeda, ela paga um valor menor do que a cotação do dia?
Isso é o spread. E acaba com qualquer lucro que você possa vir a ter. Só é uma boa ideia para quando você vai viajar e precisa ter algum dinheiro vivo na carteira quando chegar aos Estados Unidos e turistar.
Para de fato investir em dólar, destaco três formas. A primeira delas é principalmente para quem quer se proteger da variação cambial. A terceira envolve um investimento indireto na moeda. Mas a segunda permite lucros alavancados, desde que você saiba o que está fazendo, munido de estratégias eficientes de investimento.
1. Fundos cambiais
Os fundos cambiais são indicados principalmente para quem quer proteger uma parcela de seu capital das variações da moeda.
Isto é, se eu sei que daqui a três meses precisarei pagar uma dívida de US$ 10 mil dólares e, hoje eu tenho, R$ 40 mil, eu coloco esse valor em cotas de um fundo cambial.
Pode ser que o dólar caia em três meses? Pode. Mas não importa. Eu não quero que, no caso de ele subir, meus R$ 40 mil não sejam mais capazes de comprar US$ 10 mil.
Claro, vale para investimentos futuros que você fará em dólar, para uma viagem cujas despesas têm um valor conhecido em moeda estrangeira.
E, claro, os fundos cambiais também são interessantes se você tem certeza de que o dólar valorizará no futuro. Mas aí é outra história.
Como todo fundo de investimento, os fundos cambiais têm taxa de administração que varia de instituição para instituição.
Eles não investem diretamente na moeda, mas em títulos nela lastreados emitidos por bancos e outras instituições financeiras.
2. Contratos e minicontratos futuros de dólar
Os contratos e minicontratos futuros de dólar também são usados para proteção à variação cambial, por exemplo, para exportadores e importadores que precisam negociar nessa moeda quando sua receita é em reais. Os futuros garantem que eu pague um valor determinado pelo dólar em uma certa data futura, dando segurança ao meu negócio ao longo do tempo.
No entanto, esses papeis são negociados em bolsa e têm incrível liquidez. Isso possibilita que façamos negócios em que compramos minicontratos em determinado minuto do dia e os vendamos minutos depois, com lucro.
Não bastasse isso, com valores inferiores a R$ 100 eu já consigo negociá-los. Isso mesmo. Um minicontrato que equivale a US$ 10 mil pode ser negociado por um investidor que tenha menos de R$ 100 na sua conta da corretora.
A cotação dos minidólares, como são chamados esses papéis, é dada em pontos. Por exemplo, 4017 pontos (o que pode ser traduzido como a cotação de US$ 1 mil). Se eu compro um minicontrato a 4017 pontos e ele sobe a 4027, dez pontos de diferença, eu ganho R$ 100 ou R$ 10 por ponto. Digamos que eu realmente tivesse apenas R$ 100 na minha conta, eu teria tido um lucro de 100% sobre meu capital.
Isso é alavancagem e é o que torna os minicontratos tão atraentes para os iniciantes: necessidade de pequenos valores e lucro exacerbado.
Porém, isso também é o que pode tirar vários iniciantes do mercado rapidamente, porque o prejuízo também é alavancado.
Fazer day trade com minicontratos exige estudo e preparo e essa fase fundamental é ignorada por vários aspirantes a traders.
3. Ações de empresas exportadoras
Uma forma de investir em dólar, porém de maneira indireta, é comprar ações de empresas com forte atuação no exterior, isto é, que vendam seus produtos para outros países.
Quando há uma valorização do dólar, desde que elas consigam manter uma boa demanda por sua produção, a tendência é de que suas ações se valorizem.
Porém, as ações de uma empresa dependem de muitos outros fatores além do dólar, mesmo no caso das companhias exportadoras: dívidas, lucros, demanda, patrimônio e informações ainda mais complexas.
Mais uma vez caímos na questão do estudo e da leitura adequada do mercado que só um curso e um treinamento eficiente poderão dar ao investidor e ao trader.