O trader que está operando na bolsa está exposto ao risco, certo?
Certo.
De fato, não recomendo que você faça trades com contratos e minicontratos se não está disposto a, de vez em quando, perder.
Mas qualquer risco?
De jeito nenhum.
Vamos tomar o exemplo dos alpinistas.
Eles querem chegar ao topo do Everest.
Você acha que é só pegar uma mochila, colocar nas costas e, se acontecerem dificuldades (que ele não sabe quais serão), ele vai resolver na hora?
Não. É claro que não é nada disso.
Primeiro, ele vai pesquisar quais são os riscos mais prováveis: nevascas, quedas, congelamento de extremidades, falta de oxigênio, desânimo, dores, falhas de equipamentos, falta de mantimentos, desmotivação da equipe, preparo físico insuficiente…
Acredite, devem existir mais uns 50 riscos desses, alguns não tão óbvios para nós leigos. E, para cada um deles, há uma prevenção, uma forma de gerenciá-los, anulá-los ou, ao menos, reduzi-los.
Depois ele vai pesquisar tudo o que deu de certo e de errado com algumas das centenas de equipes que chegaram ao topo da mais alta montanha do mundo.
Por exemplo, você sabia que a maior parte das mortes da escalada ao Everest acontece na volta?
Depois de levantar tudo isso, o alpinista vai se preparar com equipamentos, treinamentos, planejamentos.
Provavelmente, se tudo for feito certo e com detalhamento o pico estará atingido antes mesmo de o atleta dar o primeiro passo.
Na verdade, nenhum atleta de esporte radicais gosta de correr riscos. Pelo contrário, ele não gosta: mas gosta, sim, de lidar com eles. Anulá-los com tanta maestria que, se acontecer alguma coisa, as perdas serão mínimas, elas serão contornáveis.
No caso de um paraquedista, o que é perder o paraquedas principal na necessidade de se livrar dele ao acionar o de reserva? Ainda que seja um equipamento caro, é melhor do que perder a vida.
Com a bolsa de valores é a mesma coisa. Não muda nada. Você precisa saber quais são os riscos para aprender a lidar com eles.
Ainda assim, muitos traders começam a operar como se fossem colocar uma bermuda, uma mochila nas costas e começa a subir uma montanha de 8 mil metros.
O verdadeiro equipamento do trader não são roupas especiais. Também não são diversos monitores e computadores mostrando a cotação de diversos ativos. O equipamento do trader que quer, verdadeiramente, lidar com o risco são os conceitos e as ferramentas que, unidos, formam uma metodologia.
A metodologia, se é boa, sempre terá embutido o gerenciamento de risco. Pois mostrará ao trader onde pode ou não pode pisar.
Continuando a metáfora, algumas metodologias ensinam a subir o Everest como se ele tivesse escadas e fosse um ambiente absolutamente regular.
O mercado, como a montanha, é repleto de irregularidades, surpresas e perigos. Cada 50 metros de montanha, cada hora de pregão, exige uma leitura e um posicionamento diferente do trader. Nunca é igual.
E esse posicionamento correto, capaz de minimizar ou anular os riscos, só é possível com a leitura correta, proporcionada pelos conceitos e ferramentas.
Se o mercado fosse uma “escada”, como querem demonstrar muitos ensinantes de técnicas de trade, não seria necessário ler nada.
Seria só colocar um pé depois do outro e, logo, estaríamos no topo.
A verdade é que, se não lermos o contexto de onde estamos pisando, o mais provável é que despenquemos ou que morramos congelados na tentativa de atingir o topo. Para ser bem sincero, sem ler o contexto, não conseguimos nem atravessar a rua.