Conheça um fundo de investimento que aposta que as pessoas e empresas pagarão as suas dívidas: conheça o FIDC
Ao investir em FIDC (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios) precisamos antes de mais nada, e parece ser óbvio, saber o que são os tais Direitos Creditórios.
Sim, porque esse tipo de fundo, nada mais é do que um investimento do qual pelo menos 50% dos recursos é direcionado aos Direitos Creditórios.
Eles são qualquer coisa que uma empresa tenha a receber: parcelas de cartão de crédito, aluguéis, dívidas de clientes e até cheques. Em suma, dívidas. Essas dívidas são convertidas em títulos através de um processo chamado securitização.
Lembra dos subprime que causaram a crise do sistema imobiliário americano em 2008 e, a seguir, nos mercados do mundo inteiro? Eram “direitos creditórios” de alto risco (embora tenham sido avaliados de baixo risco por algumas das empresas que ainda estão operando por aí).
- O que é FIDC?
- O que são Direitos Creditórios?
- Quem pode investir em FIDC?
- Principais características dos FIDC
- Tipos de Títulos de Crédito
- Tipos de cotas deste investimento
- Como as cotas influenciam na rentabilidade
- Entendendo a Rentabilidade do fundo
- Como funciona a formação dos códigos de negociação?
- Prazos do Investimento
- Quais são os riscos?
- Prós e Contras de investir em FIDC
- Como funciona a Tributação do FIDC
- Passo a passo para começar a investir em FIDC
- Conclusão
1. O QUE É FIDC?
Vamos destrinchar essa sigla, FIDC: Fundo de Investimento em Direitos Creditórios.
Um fundo de investimento é uma aplicação em que, tais outros investidores que deles participam, compramos cotas.
Todos os cotistas de um fundo são parecidos com condôminos, que participam dos lucros e dos prejuízos desse fundo.
2. O QUE SÃO DIREITOS CREDITÓRIOS?
Direitos creditórios são dívidas que uma empresa ou um grupo de empresas espera receber. Essas dívidas são convertidas em títulos, através da securitização. Dessa maneira o risco de não receber é transferido aos investidores. Quanto maior o risco, maiores os juros do investimento.
As empresas têm a antecipação das dívidas, pega o dinheiro e, por ele, paga ao banco que securitizou o direito, uma porcentagem. Uma parte dessa porcentagem é dada ao investidor: essa é remuneração.
O FIDC precisa investir pelo menos 50% de seus recursos em direitos creditórios pra assim ser considerado. O FIDC também é conhecido como Fundo de Recebíveis.
3. QUEM PODE INVESTIR EM FIDC?
Se você tem um mínimo de bom senso, deve ter percebido que esse tipo de fundo, o FIDC, envolve algum risco. O ano de 2008 nos dá um histórico interessante desses riscos.
Por isso, ele só é compatível com os chamados investidores qualificados. Para ser considerado qualificado deve se enquadrar como um investidor profissional (que trabalha em alguma atividade ligada ao mercado, como analistas, agentes autônomos de investimento e outros). Ou então já ter mais de R$ 1 milhão investidos.
Outra possibilidade de se investir nesse tipo de fundo FIDC é através de um clube de investimento que seja gerido por um investidor qualificado.
4. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS FIDC
Algumas características do Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC):
- Para quem está interessado em um investimento de renda fixa como este, a principal característica é a falta de proteção do Fundo Garantidor de Crédito.
- Sim, eles têm rentabilidade elevada, se comparados a outros fundos de renda fixa, mas o risco é maior, por todas as explicações dadas nos tópicos anteriores sobre este tipo de fundo.
- O investimento mínimo é de R$ 25 mil no Fundo de Investimento em Direitos Creditórios.
Os fundos são representados por quatro letras maiúsculas (correspondente ao nome do fundo), seguidas pelas letras FID (especificando que se trata de um FIDC), mais duas letras maiúsculas (série do fundo) e, por fim, mais duas letras, representando o tipo de liquidação. São negociados em lotes padrão de 1 cota, num prazo de liquidação D+0, no mercado à vista.
Como é a composição do fundo (Cedente, Estruturadores, Custodiante, Administrador, Cotistas
- Cedente: são as empresas em que as dívidas originaram os direitos creditórios, por exemplo, uma loja que vende a prazo.
- Estruturadores: empresa que é chamada para montar a operação; pode ser até mesmo uma empresa de advocacia especializada.
- Custodiante: empresa responsável pela securitização e pelo controle dos recebíveis (no nosso exemplo, as dívidas dos clientes da loja).
- Administrador: responsáveis legais pelo FIDC.
- Cotistas: os investidores do fundo.
5. TIPOS DE TÍTULOS DE CRÉDITO
Há diversas maneiras de se classificar o Fundo de Investimento em Direitos Creditórios. Uma delas é se o fundo é aberto ou fechado.
- FIDC Aberto: as cotas podem ser resgatadas a qualquer momento. Ou seja, há liquidez
- FIDC Fechado: as cotas do fundo só podem ser resgatadas a partir de certa data. Até lá, não há liquidez
6. TIPOS DE COTAS DESTE INVESTIMENTO
Um Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC) possui dois tipos diferentes de cotas em sua composição.
- Cotas seniores: sua rentabilidade é prefixada e costuma ser a maior parte da composição do fundo. Têm preferência no recebimento do crédito e dos juros.
- Cotas subordinadas: aqueles que têm cotas subordinadas só recebem juros, amortização e investimento depois que as cotas sêniores os receberem. Ou seja, a maior parte do risco da inadimplência dos recebíveis está com essas cotas.
7. COMO AS COTAS INFLUENCIAM NA RENTABILIDADE
Isso tem influência direta em como nosso rendimento irá se portar.
As cotas sêniores têm sua rentabilidade prefixada garantida, caso o fundo, como um todo, tenha um rendimento inferior ao previsto.
E, claro, as cotas subordinadas acabam recebendo menos.
Mas, se o fundo tiver uma rentabilidade superior, sorte dos cotistas subordinados: os cotistas sêniores receberão o combinado. Os subordinados, por sua vez, ficarão com boa parte do lucro que ultrapassou o esperado.
8. ENTENDENDO A RENTABILIDADE DO FUNDO
Se somos mais avessos ao risco, ficamos com as cotas sêniores.
Se não nos importamos com a possibilidade de um rendimento menor, desde que tenhamos a perspectiva de um rendimento maior, podemos ficar com cotas subordinadas.
Mas, de um modo geral, o rendimento desse tipo de fundo, por seus riscos de crédito, mesmo sendo considerado “de renda fixa”, oferece porcentagens superiores do CDI.
9. COMO FUNCIONA A FORMAÇÃO DOS CÓDIGOS DE NEGOCIAÇÃO?
Os fundos são representados por quatro letras maiúsculas (correspondente ao nome do fundo), seguidas pelas letras FID (especificando que se trata de um FIDC), mais duas letras maiúsculas (série do fundo) e, por fim, mais duas letras, representando o tipo de liquidação. São negociados em lotes padrão de 1 cota, num prazo de liquidação D+0, no mercado à vista.
10. PRAZOS DO INVESTIMENTO
O Fundo de Investimento em Direitos Creditórios também pode ser classificado de acordo com o seu prazo: determinado ou indeterminado.
- Determinado: nesta modalidade, há um prazo de vencimento. Tão logo o fundo vença, as cotas são resgatadas e liquidadas.
- Indeterminado: nesta modalidade de FIDC, não há um prazo determinado de vencimento e o fundo pode durar indefinidamente.
11. QUAIS SÃO OS RISCOS?
Apesar de ser considerado um fundo de renda fixa, o FIDC tem riscos um pouco mais acentuados se comparado com outros fundos nessa modalidade:
- Mercado: o valor dos pagamentos das dívidas vai oscilar pra cima e pra baixo de acordo com diversos fatores econômicos, como inflação e taxa Selic.
- Liquidez: há datas específicas pra negociar cotas de FIDC. Caso precise liquidar suas cotas, é necessário ficar atento a estas ocasiões.
- Crédito: se concretiza no caso de as partes que devem ao cedente (por exemplo, os clientes de uma loja ou de uma imobiliária) não pagam suas dívidas ou as parcelas de suas compras.
- Operacional: FIDC é um instrumento complexo com várias partes envolvidas em sua estruturação. Se alguém pisar na bola, pode comprometer todo o fundo e suas cotas.
12. PRÓS E CONTRAS DE INVESTIR EM FIDC
- O fator mais importante é a possibilidade de um rendimento superior dentro da categoria renda fixa.
- Como todo fundo de investimento, não tem a proteção do Fundo Garantidor de Crédito.
- Diversas entidades envolvidas na montagem da operação.
- Depende de que boa parte dos devedores que originaram o direito creditório paguem suas dívidas.
- Valor mínimo de R$ 25 mil.
- Apenas pra investidores qualificados (R$ 1 milhão) ou profissionais (R$ 10 milhões).
- Agências de risco fazem a classificação dos FIDC.
- São as mesmas agências que classificaram os subprime seguros.
13. COMO FUNCIONA A TRIBUTAÇÃO DO FIDC
- IR: tabela regressiva que é a alíquota sobre os lucros, que vai de 22,5% para períodos de permanência inferiores da seis meses a 15% para períodos maiores que dois anos.
- IOF: apenas para permanências inferiores da 30 dias. Vai de 96% para um dia, que se reduz até 0% no trigésimo dia.
14. PASSO A PASSO PARA COMEÇAR A INVESTIR EM FIDC
É de se supor que, ao ter R$ 1 milhão, tornando-se um investidor qualificado, a essa altura você já tenha alguma experiência em investir (a não ser que tenha tido algum tipo de sorte).
O mais recomendável é que você tenha conta em uma corretora de valores, que poderá lhe oferecer acesso a diversos FIDC sem grandes burocracias.
Além disso, você ainda poderá contar com a ajuda de um agente autônomo de investimento para maiores esclarecimentos.
Se você não tem ainda R$ 1 milhão e nem experiência, uma possibilidade é entrar para um clube de investimentos que aplique nesse tipo de instrumento. Lembrando, porém, que a maior parte dos investimentos de um clube de investimento será dirigido a ações e não a cotas de FIDC.
15. CONCLUSÃO
Dizer que o FIDC é para todo o mundo seria uma mentira deslavada. Mas por que não imaginar que ele pode ser para você, no futuro, tal uma possibilidade de diversificação?
Para alguém que já tem R$ 1 milhão, correr um risco de R$ 25 mil ou R$ 50 mil nem é algo tão grande assim, mesmo considerando-se questões de crédito ou de liquidez.
O Fundo de Direitos Creditórios pode ser uma possibilidade de ganhos superiores com um risco relativamente pequeno, se compararmos com fundos de ações ou mesmo com trades com ativos e derivativos no curto prazo.
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