Esta é uma história fictícia, mas bem poderia ser verdadeira, pois acontece com milhares de pessoas que entram na bolsa de valores sem a devida orientação ou com a expectativa errada, a de enriquecer rápido, por exemplo.
Em 2007, a bolsa não parava de subir. Era recorde atrás de recorde. O Ibovespa se aproximava dos 70 mil pontos.
Alberto ouviu de um amigo dele que, agora, o negócio era a bolsa de valores. Era só comprar ações de grandes empresas e ele ia se dar bem.
Pesquisou alguns blogs e alguns fóruns sobre o assunto e viu que muita gente estava comemorando os lucros. Depois de mais alguma pesquisa, não teve dúvida. Abriu uma conta em uma corretora, pegou os R$ 10 mil da caderneta de poupança e comprou tudo em ações da Petrobras e da Vale.
Qual não foi sua surpresa ao ver que, apesar de algumas oscilações, um mês depois suas ações equivaliam agora a R$ 11 mil. Por que diabos ele não começou antes?
Não teve dúvida. Retirou da renda fixa o dinheiro que ia usar para quitar a casa da família, a poupança do filho (que seria para pagar a faculdade no futuro), convenceu o irmão a entrar na dele e, agora, já tinha R$ 50 mil a mais. Chegou a pegar R$ 10 mil emprestados para comprar ações de outras grandes empresas. “Para diversificar” (ele tinha lido essa expressão em um fórum).
E, de fato, até meados de 2008, as ações continuaram a valorizar. Já estava perto de um patrimônio de R$ 100 mil ações. Alberto estava se sentindo o máximo!
Porém, todos nós sabemos o que aconteceu em 2008. A crise do subprime fez o Ibovespa cair para metade em pouco mais de um mês. As ações despencaram de preço. Enquanto isso acontecia, Alberto só fazia repetir em sua cabeça: “Não, não… eu li que no longo prazo as ações sempre sobem, vou ficar com minhas ações”.
E lia todas as notícias de jornal, mesmo as que não tinham fundo econômico ou político, tentando interpretá-las de uma forma que confirmasse a sua teoria de que “a bolsa sempre sobe”.
O Flamengo foi campeão, isso só pode ser boa notícia para a bolsa, né? E olha que ele era fluminense. Agora vai!
Mas, finalmente, quando viu seus R$ 70 mil iniciais virarem R$ 40 mil, sendo que ainda devia R$ 10 mil de empréstimo (mais os juros), não aguentou. Vendeu todas.
Para ver, no ano seguinte, o mercado voltar a subir.
Mas não desistiu. Pagou o empréstimo e já a contragosto de sua família tomou os R$ 25 mil restantes e colocou tudo nas promissoras ações da OGX, de Eike Batista, uma das pessoas mais ricas do mundo. Agora ia.
Se você pesquisar sobre a OGX, você vai saber como essa história acaba.
Toda essa história de terror poderia ter sido diferente e até ter tido um final feliz se Alberto, na época, tivesse percebido que comprou as ações num topo, num momento de euforia do mercado e que vendeu num fundo, num momento de pânico do mercado.
Mas, para saber isso, é preciso ter conhecimentos que só um curso sério sobre negociação na bolsa de valores pode dar.
A maioria dos cursos, no entanto, se foca nos efeitos, na movimentação do preço. Alguns deles são sérios e até produzem bons resultados, mas acabam vendendo fórmulas mágicas do tipo que diz que se algo acontece num indicador, num exemplo rudimentar, se uma média móvel curta cruza uma média móvel longa, é hora de comprar. Isso não dá o verdadeiro entendimento do mercado.
Um curso que dê o entendimento do mercado, uma leitura da bolsa de valores, permite que o trader tome suas decisões de acordo com o que realmente está acontecendo com um ativo: ele para de ler os efeitos e passa a ler as causas que ocasionam esses efeitos, se adiantando.
Se Alberto tivesse essa leitura, certamente teria esperado para entrar em 2008, não comprando, mas vendendo forte.
Mas, ora, Alberto nem sabia o que era venda descoberta ainda.
Pobre Alberto.
Hoje, 10 anos depois, a bolsa está subindo, chegando a 90 mil pontos.
Tomara que eu não tenha contado a sua história.