Jesse Livermore, um estadunidense nascido em 1877.
Você ganha milhões na bolsa de valores. Estudando, se esforçando, suando.
Aí, numa cartada equivocada, você perde tudo.
O suficiente para você desistir dessa história toda e ir chorar no meio fio enquanto pensa no que fazer da vida.
Não para Jesse Livermore, esse sujeito ganhou muito e perdeu muito. Diversas vezes. Pelo menos em quatro ocasiões.
Mas nunca desistiu.
O nome disse é resiliência. A capacidade que você tem de sofrer revezes e se levantar de novo e, muitas vezes, ainda mais alto do que estava anteriormente.
A história dele começa com US$ 5. Míseros cinco dólares.
E uma diretriz importante: jamais culpe ninguém pelos seus fracassos. Livermore dizia: isente o mercado de seus prejuízos.
A responsabilidade sempre é sua.
Aos 14 anos, quando saiu de casa, tudo o que tinha eram cinco dólares no bolso. Foi trabalhar em uma corretora. Provavelmente começou como todo moleque começa numa empresa dessas: levando papelada de lá para cá, servindo café, fazendo trabalhos menores. Isso foi em 1890. A Teoria de Dow, de 1884, ainda era uma novidade para a qual muita gente olhava com desconfiança.
Quinze anos depois ele conseguiu acumular US$ 3 milhões. Traduzindo para valores de 2017, isso dá US$ 75 milhões. De office-boy a milionário. Nada mal, hein? Isso foi resultado de pioneirismo: foi um dos primeiros investidores a fazer trades curtos na bolsa de valores. Se fosse hoje, certamente ele estaria fazendo day trade.
Livermore operava na tendência: comprava se a tendência era de alta e vendia se a tendência era firme na baixa. Foi um dos primeiros a descartar o valor intrínseco das ações, descartando os fundamentos e focando no valor de mercado, no momento. Ou seja: não existem ações caras ou baratas. Elas valem o que valem e merecem ser compradas ou vendidas de acordo com o que demonstram que irão fazer a seguir.
Quando todo o mundo estava desesperado no crack da bolsa em 1929, ele acumulava US$ 100 milhões. Em dinheiro de hoje isso dá US$ 1,5 bilhão. Depois disso, aproveitou as oportunidades abertas pela entrada dos Estados Unidos na Segunda Grande Guerra.
À medida que foi envelhecendo, passou a alongar um pouco mais os seus trades. Antes, era para os padrões da época, um verdadeiro scalper. Comprava quando a ação demonstrava que ia subir e vendia tão logo obtinha algum resultado positivo.
Em 1940, decidiu se suicidar. Não é provável que perdas financeiras tenham feito ele se matar. Já tinha passado por isso antes sem maiores problemas e, ainda assim, lhe restavam US$ 87 milhões em valores atualizados.
Se você quiser saber mais sobre Jesse Livermore deve ler o livro Reminiscências de um Especulador Financeiro, do jornalista Edwin Lefèvre. Embora o livro seja narrado em primeira pessoa e, em nenhum momento, se diga se tratar de Jesse Livermore, sabe-se que é ele.
Livermore deixou também a obra Como Negociar Ações. O livro, traduzido para o português há poucos anos, foi publicado originalmente no ano após a morte de Livermore. Mesmo com toda a experiência do trader, comprovada por seu sucesso, o trabalho foi recebido com desconfiança pelos especialistas.