O Crash de 1929 na Bolsa de Valores de Nova York traz inúmeras lições. Em pouco mais de uma década, o evento completará cem anos e ainda ouvimos ecos do acontecimento.
Qual era o cenário?
Era o pós-Primeira Grande Guerra. Os Estados Unidos prosperavam com as exportações que aconteceram durante o conflito. Os loucos anos 20 eram eufóricos: bens de consumo, festas e cinema surgindo com toda a força.
As ações? Só valorizavam.
Milhares de americanos entravam na bolsa de valores nesse cenário.
O Dow Jones, índice da Bolsa de Nova York, registrava alta atrás de alta.
Porém, à medida que mais e mais pessoas pegavam empréstimos e vendiam bens para poder comprar ações e lucrar como nunca, o mercado como um todo, principalmente aqueles investidores mais experientes, começaram a achar que aquilo era uma bolha, que aquilo poderia ter um limite.
Então, os preços primeiro estagnaram. E começaram a cair. Os investidores queriam vender. Mas não havia mais quem comprasse. Para poder fazer negócio, era preciso que os preços das ações caíssem mais. E foi isso o que aconteceu. Ainda assim, ninguém queria comprar. E o ciclo de baixa continuava initerruptamente.
Finalmente, no dia 28 de outubro, o índice perdeu, de uma só vez 12%. No dia 29, mais 11%. E, nos dias seguintes, entre tentativas de recuperação e novas quedas chegou, no dia 17 de abril de 1930 em 41,22 pontos. Considere que, no final de setembro de 1929 estava se aproximando de 400 pontos. Para você ter uma ideia, o índice voltou a esse patamar somente em 1954
Dois fatores principais são atribuídos como causa do crash de 1929:
- A superprodução agrícola daquele ano não encontrava compradores internos e externos aos Estados Unidos da América.
- As indústrias produziam cada vez mais mas o poder de consumo não aumentava.
- 8,5 bilhões de dólares foram emprestados antes do crash para que americanos comprassem ações. Isso era mais do que metade do dinheiro em circulação nos EUA, na época. É como se um país inteiro fizesse operações alavancadas de uma só vez.
- Os bancos, por sua vez, não receberiam esse dinheiro de volta visto que estava investido em ações que, agora, valiam uma fração do que antes valiam.
QUE LIÇÃO TIRAR DO CRASH DE 1929
As causas a esta altura, para você que é trader ou aspirante a trader não importam. Sob esse ponto de vista, a lição mais importante é que, ainda que a economia americana tenha perdido 30 bilhões de dólares de uma vez em poucos dias, com certeza, muita gente saiu lucrando.
Quem foram essas pessoas ou essas empresas?
São aqueles que percebendo antecipadamente a euforia extrema do mercado, se desfizeram de suas posições compradas, passando então, a montar operações focadas no ganho sobre a queda.
Em qualquer momento da história vamos perceber que os grandes investidores institucionais:
- Compram no desespero (para “encher o carrinho” e vender mais caro dali a pouco tempo).
- Vendem na euforia (“distribuem” para recomprar mais barato mais adiante).
Veja, por exemplo, como foi o plano de contingência para a crise.
Banqueiros do Morgan Bank, do Chase National Bank e do National City Bank of New York escolheram Richard Whitney, vice-presidente da Bolsa, para posicionar uma ordem de compra gigantesca a um preço acima do mercado. Quem ainda estava posicionado na compra, sem conseguir vender, decidiu que essa era a hora de saltar fora (a hora do desespero).
Era agora ou nunca: os banqueiros encheram o carrinho com seis milhões de papeis, no mesmo dia, constituindo o terceiro maior volume de negócios da história da bolsa de valores.
Agora, quero que você reflita com sinceridade: você acha que os banqueiros compraram essas ações só porque eram bonzinhos?