A Oi é uma empresa controversa. A trajetória de preços das ações da oi (OIBR3, OIBR4) servem muito bem para contar essa história e o volume de negociações, mesmo o atual, também. A controvérsia e toda essa movimentação têm razão de ser.
Para você ter uma ideia, considerando-se os grupamentos de ações, uma única ação da companhia, em abril de 2012, valeria R$ 114,70. Hoje as ações da oi valem cerca de R$ 2,00/2,50 e chegou a valer R$ 0,85 em março de 2020 (crise da pandemia).
E, para muitos investidores que querem tentar acertar na “loteria” do mercado, fica-se pensando se é possível que a Oi tenha salvação. Imagine só, se ela um dia volta para a cotação de 2012. Qualquer capital investido hoje seria multiplicado por 50. Seria transformar R$ 100.000 em R$ 5 milhões. Muita calma nessa hora. A bolsa não deve ser encarada como uma casa de apostas.
A dívida atual dessa tele em recuperação judicial é de nada modestos R$ 26 bilhões. A situação já foi pior. Quando abriu sua recuperação judicial, a dívida era de R$ 65 bilhões e 55 mil credores, sendo a maior recuperação judicial, em termos financeiros e provavelmente em outros termos também, da história do Brasil.
Para resolver o pepino, a companhia passa por uma reestruturação, com venda de ativos (telefonia móvel, data centers, torres, etc) cuja captação pode resultar em R$ 27 bilhões. O plano é que ela se transforme, ao final de tudo, em uma empresa de infraestrutura, fornecendo rede de fibra óptica para banda larga e redes 4G e 5G.
Como as coisas se complicaram
A Oi nasceu da privatização da Telebras em 1998: uma venda de R$ 22 bilhões, a maior daquela década. Primeiro, tivemos a Telemar Norte (futura Oi) e a Brasil Telecom, comprada pela Oi dez anos depois.
A união da Oi e da Brasil Telecom resultou na criação de uma empresa com receita bruta anual de mais de R$ 40 bilhões, responsável por 22 milhões de telefones fixos e 30 milhões de celulares.
A Portugal Telecom, por volta de 2010, adquiriu 22% da Oi por R$ 9 bilhões. O plano era, em 2013 (pouco depois do pico das ações da Oi), acontecer a fusão da Portugal Telecom e da Oi.
A Portugal Telecom refugou. O plano de comprar a dívida de um banco privado português para efetivar a transação traria o dinheiro para a mesa apenas no longo prazo. A Oi, por sua vez, precisava daquela grana para ontem, pois já estava queimando muito capital para se manter no mercado. A Portugal Telecom, então, deu o calote e a Oi passou a negociar a venda da Portugal Telecom.
O problema resultou na queda das ações da Oi, início da recuperação judicial em 2016, com uma dívida de R$ 65 bilhões e a saída da Oi do Índice Bovespa, mesmo sendo até hoje uma das empresas com maior volume de negociação.
Outros detalhes da recuperação judicial
A recuperação dividiu a Oi em quatro segmentos:
- ativos móveis
- torres
- data center
- fibra ótica.
A telefonia móvel ficou com o consórcio que inclui Claro, TIM e Vivo, que passariam a ser compradores prioritários, desde que cobrissem qualquer outra oferta.
As dívidas com bancos tiveram desconto de 55%. A dívida pública de R$ 13 bilhões, por sua vez, está em negociação para ser reduzida para “apenas” R$ 7 bilhões.
Como as ações da Oi estão hoje e quais são as expectativas
Analistas mais prudentes dizem que a empresa perdeu muito valor de mercado. Mesmo que se reestruture e passe a ter um funcionamento saudável, ela terá vendido muitos de seus ativos, passando a valer muito menos. As dívidas gigantescas, basicamente, estão fazendo com que ela se transforme em outra empresa.
O fato das ações da Oi estarem tão “baratas” não deve servir como parâmetro para comprá-las. Nada impede que fiquem ainda mais “baratas”. O que deve servir como critério é a possibilidade ou não de se valorizarem.
O que fazer quando a situação de uma empresa parece ser tão complicada
É difícil avaliar com critérios factuais a situação de uma empresa como a Oi, mesmo que a reestruturação venha caminhando de acordo, ainda que há tantos anos. Isso deveria animar mais os credores que os possíveis investidores.
Se você quer insistir em colocar as ações da Oi sob seu radar, nossa dica é: nunca arrisque uma parcela tão grande de seu dinheiro em uma empresa em uma situação dessas.
Por outro lado, fique de olho no volume. Altos volumes, maiores que o padrão de negociação nas ações da companhia, podem indicar atuação de big players (investidores institucionais). Essas regiões de preço com alto volume podem servir como parâmetro de entrada em operações de compra – que sempre serão monitoradas através do comportamento do volume – ou até mesmo operações de venda.
A metodologia do Raio X Preditivo acredita que qualquer informação pode ser maquiada ou superestimada em sua positividade, ou negatividade. Ou até ser interpretada da forma errada. Porém, o volume de negócios não mente e ele revela a atuação de players capazes de defender suas posições com mais negócios de compra ou venda e que, além disso, tem razões próprias para atuar se posicionando – na compra ou na venda – de determinadas ações.