O mês de março de 2020 foi um período de pesadelo para diversos pequenos investidores pessoas físicas na bolsa de valores. Com a chegada da pandemia da Covid-19, a bolsa de valores foi de 119.500 (topo em janeiro) para 61.000 pontos no dia 19 de março. Uma queda de quase 50%.
Quedas como a que vimos recentemente durante a pandemia de Covid-19 sempre existiram no mercado financeiro e o seu verdadeiro motivo não está ligado apenas a pandemia!
Diversos desses pequenos investidores entraram na bolsa de valores entre 2017 e começo de 2020: no comecinho de 2017, havia 517 mil pessoas físicas na bolsa; no fim de 2019 havia 1,7 milhão de pessoas físicas.
O número mais do que triplicou, com pessoas esperançosas com o fato de que a bolsa havia ultrapassado os 100 mil pontos e por estarmos agora sob o comando de um governo que se dizia mais “liberal” com a economia, sem falar das reformas tão prometidas e que, no fim, estão empacadas, em especial a Tributária e a Administrativa.
Mas, muito bem: entre 2017 e início de 2020, pelo menos 1,2 milhão de novatos entraram na bolsa. Gente que nunca tinha ouvido falar de bolsa de valores colocou muito dinheiro no mercado. Alguns, esperançosos, colocaram todas as suas economias. Tenho certeza de que, muitos, tomaram dinheiro emprestado para comprar ações.
Agora, imagine você no lugar dessas pessoas. Colocou algo como R$ 100 mil reais em ações. Aí vem um fato totalmente inesperado, uma pandemia, que derruba os mercados para a metade do preço. Seus R$ 100 mil viraram R$ 50 mil, de uma semana para a outra. O que essas pessoas fazem? Ficam com medo, tristes, apavoradas, emocionalmente descontroladas! Então a bolsa é isso? Um negócio em que eu boto o meu dinheiro e ele de uma hora para a outra vira nada? Tá louco! Vou vender todas as minhas ações, não quero perder mais nada.
E assim foi: muitos desses participantes venderam ações quando elas estavam caindo 10%, outros aguentaram até os 20%, outros ainda foram até os 30% e teve gente certamente que jogou a toalha lá nos 50%, quando o Ibovespa chegou a 61 mil pontos.
Acontece que nesse rápido percurso até a queda de 50%, se tinha tanta gente assim vendendo, na outra ponta tinha alguém comprando: é óbvio! Se alguém vende, alguém tem que estar comprando.
Mas quem?
Os big players riem quando você está chorando
Os big players não têm muito problema com o preço de um ativo. Claro que, se eles estão comprados, querem que o preço suba. E se estão vendidos querem que o preço caia. Mas o maior problema deles é liquidez, liquidez em grande volume. Como comprar milhões e milhões de ações sem fazer, com essa demanda, que o preço suba? Sim, se eu decido comprar 10 milhões de ações e coloco essa ordem de compra imediatamente, isso vai fazer os preços subirem! É a lei de mercado: procura, demanda, gera alta.
Mas e se houver muita gente querendo vender a preços cada vez melhores, cada vez mais baixos? É uma oportunidade!
E foi isso o que aconteceu durante a pandemia. Os pequenos players – pessoas físicas e mesmo fundos de investimento, cujos cotistas são pessoas físicas – começaram a vender as suas posições, com medo de perder.
Na outra ponta, esses investidores institucionais começaram a comprar. Parece até que estão fazendo o favor de comprar essas ações malditas que estão fazendo você perder dinheiro. “Você não quer mais? Deixa comigo, eu compro de você esse negócio aí que não vale nada!” E eles vão ensacando ações a preços cada vez menores, sem parar, a volumes cada vez mais altos. Até que se chega ao fundo do mercado quando o último vendedor joga a toalha.
Depois que esses big players encheram o carrinho com ações cuidadosamente escolhidas, pode ter certeza: o mercado vai voltar a subir. Pode subir em V, isto é, imediatamente ou primeiro fazer uma lateralização no fundo. Pode até mesmo subir, voltar a testar o fundo e até cair abaixo do fundo. Mas, em algum momento, vai voltar a subir.
E, a partir do momento que o mercado estiver subindo, eles estarão vendendo as ações que compraram baratas durante a queda. Para quem? Para os mesmos investidores que venderam as ações durante a queda. E, se não para esses, para os novos que chegarem que, a essa altura, já estarão empolgados com a “retomada” e com a “recuperação”.
Sério, os big players são megacorporações, não são pessoas, mas, se fossem pessoas, estariam chamando a todos de otários.
Essa história não é nova. Existe desde que existe bolsa de valores.
E vai continuar se repetindo.
Lembra que eu disse que, no final de 2019, havia 1,7 milhão de pessoas físicas na bolsa de valores?
Pois é. No final de 2020 estamos com quase 3,3 milhões de pessoas físicas na bolsa.
Em apenas um ano, entraram quase o mesmo número de CPFs que haviam entrado em toda a história da B3 até então: 1,6 milhão.
Será que esses milhões de pessoas estão preparados para uma nova queda? Em 2020, a desculpa foi a pandemia. Nos próximos anos, ninguém sabe o que será.
Veja como não cair mais nessa
O Raio X Preditivo segue a atuação dos big players. Faz isso acompanhando o volume de negócios.
Para o Raio X Preditivo, o volume é mais importante que o próprio preço, pois o volume é a causa, é o combustível que faz o preço andar. O preço é mero efeito.
Se nos adiantamos ao efeito, observando a causa, conseguimos nos antecipar aos movimentos mais importantes da bolsa de valores.
Como os maiores volumes só são possíveis com a participação institucional, também podemos dizer que o Raio X Preditivo é o estudo da atuação dos big players. Usando o posicionamento desses participantes fortes encontramos o que chamamos de zonas de trade location.
Zonas de trade location são regiões de preço em que podemos iniciar operações com boa assimetria de risco. Boa assimetria de risco é: se eu perder, perco pouco (meu stop é curto) e, se ganhar, ganho muito (o stop gain é longo).