O setor de varejo é um dos mais importantes da bolsa de valores brasileira. Por estar diretamente ligado ao consumo, pode dar pistas de a quantas anda a economia.
Se o setor de varejo vai bem, certamente a economia vai bem. As pessoas têm dinheiro, têm crédito, estão podendo fazer compras. Diversas empresas do varejo fazem parte do Índice Bovespa. Aqui vamos falar especificamente do setor que, na bolsa, é chamado de “Consumo Cíclico/Comércio”.
No Ibovespa, as empresas que fazem parte dessa categoria são:
- B2W Digital (BTOW3)
- Lojas Americanas (LAME4)
- Lojas Renner (LREN3)
- Magazine Luiza (MGLU3)
- Via Varejo (VVAR3)
Suponho que, se você não viveu em uma cabana isolada em uma montanha nos últimos 20 anos, sabe que lojas são essas. Como podemos observar, essas lojas se caracterizam pela venda de produtos e pela variedade desses produtos. Segmentação, distribuição geográfica, cauda longa.
Juntas, as cinco empresas acima representam quase 10% do peso do Índice Bovespa. Para você ter uma ideia, só o Itaú e a Vale, cada uma, costumam ter perto de 10% de peso, como fator de comparação.
Não estamos incluindo na lista, porém, o setor que é apresentado na bolsa como “Consumo Não Cíclico/Comércio e Distribuição”, que, nesse caso, listaria também Carreffour e Pão de Açúcar. E também não outras lojas que poderiam ser enquadradas como “venda de produtos no varejo”, mas que na bolsa ganham outra categorização (exemplo: Natura) ou, ainda, Lojas Marisa, que não está no Índice Bovespa. Por uma questão de facilidade, só estamos apresentando ações do Ibovespa, mas não ignore que pode haver empresas do setor de varejo que não estão listadas e podem dar boas oportunidades de investimento.
Eis todas as empresas que fazem parte do setor “Consumo Cíclico/Comércio”:
Eletrodomésticos
- Magazine Luiza – MGLU3
- Via Varejo – VVAR3
- Whirpool – WHRL4
Produtos diversos
- B2W – BTOW3
- Grupo SBF (Centauro) – CNTO3
- Lojas Americanas – LAME4
- Saraiva Livreiros (em recuperação judicial) – SLED4
Tecido, Vestuário e Calçados
- Arezzo – ARZZ3
- C&A – CEAB3
- Grazziotin – CGRA4
- Guararapes (Riachuelo) – GUAR3
- Renner – LREN3
- Marisa – AMAR4
- Restoque (Le Lis Blanc) – LLIS3
As empresas uma a uma
Vamos falar agora das principais empresas do Varejo:
- B2W Digital: a exemplo de todas as outras empresas do varejo, a B2W teve excelente desempenho durante e depois da crise. Resta saber se a alta das ações é fruto do que o mercado projeta para essas empresas ou se é fruto de um consumo que, de fato, vem acontecendo. Começou o ano em R$ 67, teve um fundo de R$ 43 no pico da crise e hoje está em R$ 107. Seu foco é o comércio eletrônico e se originou em 2006 na união das empresas Submarino, Shoptime e Americanas.com. A Lojas Americanas (LAME4) controla a empresa com 60% do capital social. Ou seja, a LAME4 está diretamente ligada a esse ativo. A nova empresa nasceu com cerca de 50% do setor de vendas on-line no país, com forte perspectiva de expansão em diversos canais de distribuição, com o objetivo de competir com as maiores empresas do varejo tradicional. A B2W Digital detém as marcas Americanas Empresas, Americanas.com, Submarino, Shoptime, Submarino Finance e Sou Barato. São 38 categorias de produtos e serviços, por meio dos canais de distribuição internet, televendas, catálogos, TV e quiosques.
- Lojas Americanas: as ações das Americanas também estão se saindo bem até o momento, depois da pior parte da crise, quando todos os preços das empresas despencaram. Começou o ano em R$ 26,80. Chegou a R$ 16,70 nos piores momentos. E, agora, final de junho, está em R$ 32,18. Não é o mesmo desempenho da B2W, mas, ainda assim, considerando todas as circunstâncias, é digno de nota. Foi fundada em 1929 na cidade de Niterói (Rio de Janeiro) pelo austríaco Max Landesmann e pelos norte-americanos John Lee, Glen Matson, James Marshall e Batson Borger. Hoje, já são 1320 lojas e “As Americanas” são a quarta maior empresa varejista do país. São quatro centros de distribuição, em Nova Iguaçu (Rio de Janeiro), Barueri (São Paulo), e Recife (Pernambuco). É controlada por três empresários: Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles e Carlos Alberto Sicupira, o mesmo trio que comanda a Inbev (antiga AmBev), GP Investimentos, América Latina Logística (hoje parte da Rumo) e outros grupos. A rede comercializa mais de 80 mil itens de quatro mil empresas diferentes.
- Lojas Renner: as Lojas Renner não foram tão bem quanto as suas comadres. Começou o ano a R$ 57. Veio a crise, chegou a R$ 30. E, hoje, ainda está a R$ 41,80, em lenta recuperação. Rede de lojas de departamento, começou em 1922 e em 1965, suas lojas começaram a tomar um formato mais próximo do atual. Em 2017, surgiu a subsidiária incorporada Realize Soluções Financeiras e a empresa entrou no ramo de crédito e seguros. Em 2011, se tornou a décima sexta empresa do setor. Em 2015 era a maior loja de departamentos do Brasil, com 264 lojas, além das 30 lojas da marca Camicado e 4 lojas da marca YouCom.
- Magazine Luiza: a Magazine Luiza é um fenômeno. Em 2015, você poderia ter comprado os seus papéis por algo equivalente a R$ 0,13 (considere que houve desdobramentos/splits; portanto nunca houve ações da Magazine Luiza a este preço). Hoje elas custam R$ 72,49. Qualquer dinheiro que você tivesse colocado em 2015 teria sido multiplicado por 500. Veja como ela se saiu na crise. Abriu o ano a R$ 49, no pior momento caiu para R$ 28 e, finalmente, no final de junho chegou a R$ 72, com uma excelente recuperação. Foi fundada em 1957 na cidade de Franca, interior de São Paulo, por Luiza Trajano Donato e Pelegrino José Donato. São mil lojas físicas em todo o Brasil (18 estados), mas o forte da companhia foi a digitalização que começou a partir de 2016. No ano de 2017, a companhia teve seu melhor resultado da história, com lucro líquido de R$ 389 milhões, um aumento de 300% comparado ao ano anterior.
- Via Varejo: a Via Varejo começou o ano em R$ 11,73, buscou R$ 4,10 nos piores momentos e hoje está em R$ 15,62, o que representa uma excelente recuperação, se considerarmos o preço do início do ano. Se você não conhece a Via Varejo certamente conhece as empresas que ela controla. Foi fundada em 2010 e controla as redes Casas Bahia e Pontofrio e das suas respectivas lojas virtuais. Não bastasse isso, é fabricante de móveis sob a marca Bartira. E não acabou: administra o site Extra.com.br. A empresa surgiu com a fusão da Casas Bahia e do Pontofrio, que é do Grupo Pão de Açúcar (GPA). Está presente em 400 municípios brasileiros, 20 estados e no Distrito Federal. São cerca de mil lojas e aproximadamente 45 mil empregados.
Quais ações de empresas de varejo escolher
A escolha de ações de empresas para investir não deve se basear apenas na nossa “simpatia” pela marca e nem mesmo no desempenho passado da companhia. Isso nos faria escolher de imediato ações como as da Magazine Luiza. Mas ninguém garante que ela continue nessa toada por muito tempo. Pode continuar? Pode. Mas quem garante?
Muitos investidores olharão para os chamados “fundamentos” das companhias: lucros no período, dívida, ativos, faturamento e outros números mais complexos. Ainda assim, esses números não garantem nada.
O longo prazo na bolsa é mais arriscado do que a ideia que querem vender aos iniciantes. Pense na quantidade de pessoas que comprou ações no topo do mercado, a 120 mil pontos, pensando no longo prazo e ficou desesperada com a acentuada queda durante o auge (auge até o momento) da crise do novo coronavírus. Muitos deles compraram ações até da Magazine Luiza. E venderam, com medo, apavorados, desesperados, quando o preço caiu substancialmente. Qual não foi sua surpresa ao ver as ações, depois de vendidas, chegarem a valer muito mais do que eles compraram incialmente e ainda mais do que eles venderam.
De fato, o momento ideal de comprar ações, sobretudo se você vai correr o grande risco de mantê-las para o longo prazo, é quando as ações DESPENCAM. Ainda assim, elas devem ser escolhidas com cuidado.
O fator a ser levado em conta na hora de comprar ou vender ações de empresas de varejo
Tanto para essa estratégia de longo prazo quanto para a de longo há um fator que deve ser levado em conta.
Os investidores institucionais, os big players, os participantes realmente bem informados estão comprando essas ações? Bom, eles não colocam essa informação nos jornais.
Mas tem um jeito de saber. Geralmente, os big players se aproveitam da liquidez de movimentos fortes de queda, como o que vimos recentemente para comprar grande quantidade de papéis.
Pense comigo: eles gostariam de comprar ativos da Magazine Luiza, por exemplo. Mas eles estão muito caros. De repente, o preço começa a cair. Não só isso, não só está entrando em “promoção” e, ainda assim, o número de pessoas dispostas a vender é cada vez maior! O que eles são? Otários? Não, só estão assustados, desesperados… não importa. Os big players “fazem o favor” de livrar os iniciantes e outros participantes fracos dessas “ações que estão cada vez mais baratas”.
Mas, pode crer, quando os institucionais acumularem ações suficiente, o preço vai voltar a decolar e todos vão começar a comprar de volta.
Mas como saber se os institucionais estão acumulando: a resposta está no volume.
O volume é o indício de que os institucionais estão atuando, seja acumulando ou distribuindo. Ao mesmo tempo, o volume é a causa, o motor, o combustível de um movimento de alta ou de queda.
Atualmente, a melhor metodologia para analisar as ações através do volume é o Raio X Preditivo.
Através dela, você pode analisar ações de empresa de varejo ou de qualquer setor, seja para prazos mais longos, seja para trades de curto prazo.