Aposto que você está se perguntando: que diabos é direitos de subscrição?
Digamos que uma empresa de capital aberto, já com ações negociadas na bolsa de valores, venha a fazer um aumento de capital.
Vou usar um exemplo bem simples.
Imagine que essa empresa tenha 10.000 ações (claro que, no mundo real, são milhões ou bilhões de ações), cada uma valendo R$ 10 na atual cotação.
A diretoria decide fazer um aumento de capital lançando mais 5 mil ações.
Se eu sou acionista dessa empresa com mil ações, por lei, eu tenho direito, num momento de aumento de capital, a comprar um número de ações suficiente para que minha participação não se dilua.
Mil ações são 10 mil ações são 10%.
Se agora a empresa terá 15 mil ações, eu devo ter direito a comprar 500 ações, para que eu, então fique com 1500 ações e continue com 10% da empresa.
Veja: é um direito. Eu não tenho obrigação de exercer. Inclusive os direitos de subscrição podem ser negociados no mercado como qualquer ativo.
Mas, se eu não exercer esse direito e continuar com 10 mil ações, a partir do aumento de capital não terei mais 10% das ações (10 mil em 100 mil), mas 6,67% (10 mil em 15 mil).
Nesse caso, tão logo todos os detalhes do aumento de capital estejam corretos, aparecerão na minha conta os tais direitos de subscrição que me permitem a compra dessas 5 mil ações.
Eu vou perceber que esses direitos têm um certo valor.
Quer dizer, se eu quiser, posso não exercer esses direitos e vendê-los como um ativo qualquer.
Segundo o site da B3, podemos reconhecer nossos direitos de subscrição com quatro letras, as mesmas do código de negociação da ação correspondente, acompanhadas do dígito 1 ou o dígito 2: o número 1 para direitos de subscrição a ações ordinárias ou o número 2 para direitos de subscrição para ações preferenciais.
Mas, atenção, se você tiver esses direitos recebidos na sua carteira, caso não queira exercê-los, o melhor é vender. Se passar da data limite para exercê-los, eles simplesmente desaparecem.
Quais as vantagens do direito de subscrição
O preço das ações compradas com o direito de subscrição será sempre menor do que o preço de mercado quando são lançadas. Se for maior, qual o sentido de comprar as ações exercendo tal direito? Mais lógico comprar a preço de mercado numa situação destas. Pode acontecer, no caso de as ações da companhia desvalorizarem até a data limite de exercício.
Inclusive a diferença entre o preço de exercício de compra e o preço de mercado é que vai precificar o valor dos direitos de subscrição, caso você deseje vendê-los. Ou seja, se as ações de nossa empresa imaginária for R$ 10 a mercado e o direito de subscrição garantira a compra a R$ 8 até a data marcada, esses direitos estarão precificados a R$ 2. Esse preço vai variar de acordo com a variação do preço de mercado das ações a que correspondem.
Ou seja, uma das vantagens do direito de subscrição é comprar ações a um preço mais baixo. Mas se você achar que não quer comprar as ações na data marcada, poderá ter direito a essa diferença de forma antecipada, vendendo os direitos.
Porém, mantenha a atenção, se passar da data, esses direitos de subscrição desaparecem. Você praticamente jogou dinheiro fora. Fique de olho na data limite para o exercício ou para a venda de seus direitos de subscrição. Geralmente, os direitos ficam por 30 dias em sua conta. Depois “viram pó”.
Valem a pena os direitos de subscrição?
- Possibilidade de manter a mesma proporção de ações diante do novo volume de papéis disponíveis no mercado: isto é particularmente importante para acionistas majoritários que não querem perder suas posições no controle acionário da companhia
- Possibilidade de comprar papéis com desconto: pense… no exemplo acima eu poderei ter mais ações da companhia simplesmente comprando ações a R$ 8, quando elas estão valendo R$ 10. Se até o dia limite elas valorizarem ainda mais, tanto melhor. Esta é particularmente interessante para investidores, que se concentram em acumular ações de empresas que consideram boas e que estimam que só vão valorizar ao longo do tempo. Com isso, eles podem, no futuro, receber ainda mais dividendos, aumentando o efeito dos juros sobre juros
- Possibilidade de vender o direito de subscrição ou fazer trades com direitos de subscrição: podemos encarar direitos de subscrição quase como opções de compra de ações. Se não teremos dinheiro para exercer a compra de ações mesmo com desconto, podemos vender. O mesmo se achamos que a empresa não está mais numa boa condição para acumular ainda mais papéis. Se achamos que a empresa vai valorizar, podemos até mesmo comprar direitos de subscrição, seja para vender os próprios direitos como para comprar as ações de fato.
Portanto, se você tem ações de qualquer empresa, procure acompanhar os e-mails que a sua corretora lhe manda e a sua conta na corretora. Em algum momento, você pode “ganhar” direitos de subscrição. Não deixe essa oportunidade passar batida!