Conheça o Market Profile, um indicador que mostra onde está o dinheiro grosso na bolsa de valores
O Market Profile é uma das principais ferramentas do Raio X Preditivo. Criado pelo americano J. Peter Steidlmayer, o Market Profile foi incorporado pelo trader Luiz Sato nessa metodologia que visa encontrar zonas saudáveis de trade a partir do volume e, por consequência, a partir da atuação dos grandes players institucionais.
Neste artigo, vamos explicar brevemente como funciona o Market Profile e como ele se encaixa na metodologia do Raio X Preditivo.
- O que é o Market Profile
- Quem foi J. Peter Steidlmayer, criador do Market Profile
- Conceito de evento aleatório e como o Market Profile organiza o caos
- A distribuição normal e a Curva de Gauss aplicada ao Market Profile
- Desvios padrões no Market Profile
- Áreas de valor do Market Profile
- Nós de baixo volume do Market Profile
- Como não usar o Market Profile
- Conclusão
1. O QUE É O MARKET PROFILE
O Market Profile é uma das diversas ferramentas incorporadas pelo Raio X Preditivo com o objetivo de seguir o comportamento do “dinheiro esperto”, através da interpretação do volume e da atuação dos grandes players institucionais.
Durante o dia, milhões de negócios acontecem na bolsa de valores, envolvendo milhões de reais. Esses negócios acontecem em diversas faixas de preços e de cotações de maneira aparentemente caótica.
Muitos traders e investidores ficam de olho nos dados dos negócios realizados e nas ordens de compra e venda ainda por executar, tentando descobrir onde estão as maiores ordens. Porém, pela velocidade em que essas ordens são executadas ou mesmo canceladas e reposicionadas, é impossível para os olhos e para a mente humana ter certeza de qualquer coisa. Muitos enganos e entradas em operações equivocadas advém disso.
O Market Profile entra com o papel de organizar essa “bagunça”. Ele registra as faixas de preço em que os negócios são realizados, cumulativamente, apresentando um gráfico de barras horizontais que se distribuem pelos níveis de preço.
Dessa forma o trader sabe em que níveis de preços há mais negócios realizados, em termos de volume de ativos, em que níveis de preços há menos negócios. E, assim, é possível tomar melhores decisões, visto que, devido ao sobe e desce da bolsa, é difícil visualizar onde essas áreas realmente estão.
Pode-se dizer, assim, que o Market Profile revela onde estão as maiores apostas em termos de preço, regiões a partir das quais podemos contar com importantes movimentos dos quais, com ajuda das outras ferramentas do Raio X Preditivo, poderemos aproveitar boas oportunidades, seja na compra, seja na venda.
2. QUEM FOI J. PETER STEIDLMAYER, CRIADOR DO MARKET PROFILE
Mas, antes, precisamos saber quem foi J. Peter Steidlmayer, criador do Market Profile.
Como toda grande ideia, a ideia de Steidlmayer tem origem em outros mestres que o antecederam.
Então, para entender o conceito por trás do Market Profile, precisamos voltar um tanto no tempo.
Em 1787, em uma pequena cidade do centro-norte da Alemanha, Braunschweig, um professor pediu que seus alunos, que tinham cerca de 10 anos, somassem os números de um a 100. Assim: 1+2+3+4+5, assim por diante, até chegar a 100.
Antes mesmo que ele terminasse a explicação, um aluno disse a resposta: 5050. Sozinho, esse aluno, Carl Friedrich Gauss havia encontrado a fórmula da soma de uma progressão aritmética.
Gauss haveria ainda de se tornar astrônomo, físico e um dos mais importantes matemáticos da História. Com 16 anos, já começou a desenvolver uma geometria para além dos conceitos euclidianos, a questionar e preencher as lacunas da Teoria dos Números de outros matemáticos que o antecederam e a desenvolver o seu trabalho no campo da Aritmética.
A partir daí, descobriu o que ficou conhecido como Método dos Mínimos Quadrados, o que o levou à Teoria dos Erros de Observação, um conceito estatístico que levou à Lei de Gauss, que envolve a Distribuição Normal de Erros e à Curva de Sino (ou Curva de Gauss), conceitos largamente usados na estatística.
Finalmente, Steidlmayer
E a Curva de Sino tem tudo a ver com o Market Profile de Steidlmayer.
Sim, um século e meio depois, Steidlmayer estava em sua aula de estatística na Universidade de Berlkey e entrou em contato com os conceitos da Distribuição Normal. E, anos mais tarde, em 1985, Steidlmayer se tornou um dos diretores da Chicago Board of Trade. Depois de alguns anos trabalhando como trader profissional, ele teve um insight: ele percebeu que a exemplo de outros eventos, os preços das ordens executadas na bolsa tendiam a seguir uma distribuição similar à curva de sino de Gauss. Durante seus três anos na direção da CBOT criou as ferramentas para que fosse possível visualizar essa distribuição dos negócios: estava criado o Market Profile.
3. CONCEITO DE EVENTO ALEATÓRIO E COMO O MARKET PROFILE ORGANIZA O CAOS
Para começarmos a entender o que o Market Profile faz, precisamos, primeiro entender o que é um evento aleatório.
Por natureza, o mercado é aleatório. São inúmeros participantes, cada qual comprando e vendendo diferentes quantidades de ações e contratos, por razões e impulsos que só dizem respeito a cada um individualmente, sem coordenação mútua.
Afinal, cada um opera de uma forma diferente, usa critérios distintos para tomar decisões, indicadores e metodologias variadas, movidos ora por medo, ora por euforia, com crenças diversas, recursos financeiros diferentes.
Ou seja, saber o que levou um único negócio a acontecer ou prever quando esse negócio vai acontecer é impossível. Pois um único negócio de compra e venda tem uma perspectiva individual.
O Market Profile mostra a ordem por trás do caos
O Market Profile, no entanto, nos dá a perspectiva coletiva. E a partir da perspectiva coletiva temos uma probabilidade muito maior de saber onde os negócios tem mais chance de acontecer.
Agora, você precisa aprender o que é a curva de sino e o desvio padrão e, através desses conceitos, localizar as áreas de valor do mercado, onde os grandes players estão fazendo o seu jogo.
4. A DISTRIBUIÇÃO NORMAL E A CURVA DE GAUSS APLICADA AO MARKET PROFILE
Imagine uma população de 100 mil pessoas. Dessas, 70 mil têm entre 1,60 m e 1,80 m. Cerca de 15 mil tem menos de 1,65 m e 15 mil têm mais de 1,80. Quase com certeza, teremos um grande número de pessoas com 1,70 m, bem no meio das variáveis.
Se fôssemos fazer um gráfico em que o eixo y fosse o número de indivíduos e o eixo x fosse a distribuição das estaturas teríamos uma linha com o formato de um sino. Com um pico em 1,70 m. Entre um desvio padrão para esquerda (1,60 m) e um desvio padrão para a direita (1,80) teríamos 70% da população.
Agora, raciocine comigo. Se pegássemos uma criança aleatória, sem conhecimento de como são seus pais, e fizéssemos uma aposta para tentar descobrir que altura ela teria quando adulta, onde deveríamos apostar para chegar mais perto da resposta correta? Certamente onde estão caindo 70% das estaturas: entre 1,60 e 1,80. Qualquer coisa fora disso é um tiro no escuro.
Um experimento para entender o Market Profile
Uma forma de entender isso de maneira mais clara é um experimento em que pequenas esferas são derrubadas de um mesmo ponto central. Em seu trajeto de queda, vão de encontro a diversos pinos igualmente distribuídos, em diversos níveis, tendo 50% de chance de ir pela direita ou pela esquerda. E, assim, vão mudando de trajetória aleatoriamente.
A seguir, no final da queda, de acordo com a direção aleatória que tomaram, se alojam em diversos tubos distribuídos igualmente lá embaixo.
Se a descrição não ficou clara, você pode ver neste vídeo:
Vamos perceber que a maior parte das esferas se acumulou nos tubos centrais. E em menor número nas laterais. A tendência é que sempre seja formado um padrão chamado Curva de Gauss ou Curva de Sino.
Observe:
- Ao soltarmos uma única esfera no experimento, é impossível dizer com certeza onde ela cairá: perspectiva individual ou um único negócio realizado na bolsa
- Ao soltarmos dez mil esferas, nós sabemos o comportamento que o conjunto terá: perspectiva coletiva ou dez mil negócios realizados na bolsa
Note que a perspectiva coletiva é previsível e essa é a função do Market Profile: determinar o comportamento mais previsível do preço de um ativo, a partir do volume, e, com isso, apoiando-se em outras ferramentas do Raio X Preditivo, tomar a melhor decisão estatisticamente.
5. DESVIOS PADRÕES NO MARKET PROFILE
A distribuição normal e a Curva de Gauss nos mostram que mesmo em situações com diversos eventos aleatórios há uma distribuição previsível de ocorrências.
Essa distribuição concentra 70% das ocorrências, aproximadamente, em uma área específica.
Do mesmo modo, o Market Profile, que funciona a partir desses conceitos, nos traz a região de preços onde 70% dos negócios ocorreram, tanto nos pregões passados, quando essas regiões já se consolidaram, quanto no pregão atual, quando ainda estão se consolidando em tempo real.
A diferença do experimento com as esferas se resume unicamente no fato de que é como se tivéssemos “deitado” o padrão gráfico do sino: os tubos em que as bolinhas caem são os níveis de preço.
6. ÁREAS DE VALOR NO MARKET PROFILE
Temos uma linha mais ou menos central onde se concentra um pico de negócios, que chamamos de POC (Point of Control ou Ponto de Controle). É a pilha mais alta de “fichas”, o preço em que mais foram realizados negócios (lembre-se que a curva de sino está “deitada”)
Acima dela, com um desvio padrão acima, temos uma linha de valor superior, delimitando a parte superior da área de valor.
E, sob a POC, com um desvio padrão abaixo, temos uma linha inferior, delimitando a parte inferior da área de valor.
E entre as duas temos o que chamamos de área de valor, que concentra 70% dos negócios de determinado dia ou até o momento em determinado pregão.
Acima e abaixo da área de valor, temos as áreas de máxima injusta e as áreas de mínima injusta, áreas em que os grandes players estão desconfortáveis de negociar naquele momento, podendo atrair o preço ora para uma área de valor mais abaixo ou uma área de valor mais acima.
7. NÓS DE BAIXO VOLUME NO MARKET PROFILE
Outra informação importante que o Market Profile nos traz são os “nós de baixo volume”. Patamares de preço em que praticamente não houve negócios.
Esses níveis tendem a ser rejeitados, constituindo então resistências ou suportes que terão dificuldades de serem ultrapassados ou, se forem, o serão com razoável força: a maior probabilidade do que acontecerá sempre será respaldada pelos indicadores Sato.
Isso se dá porque, segundo nos revela o Market Profile, não há liquidez naqueles patamares. E liquidez é o principal problema a ser resolvido pelos big players institucionais, visto o tamanho das posições em ativos que eles precisam montar e desmontar.
Isso ajuda o trader na tomada de decisões e no gerenciamento de risco.
Os Nós de Baixo Volume, quando ocorrem, são frequentemente encontrados, habitualmente, logo abaixo e acima da Área de Preço Justo (aquela onde 70% dos ativos foram negociados até então, entre -1 e + 1 de desvio padrão). Mas podem estar nas áreas de valor também.
8. COMO NÃO USAR O MARKET PROFILE
O Market Profile não é uma ferramenta para dar entradas e saídas de operações.
Sua função é mostrar o comportamento do volume, localizar onde os grandes players estão atuando e em que ponto dos níveis de preço as “fichas” estão se empilhando.
A ideia é apontar para o trader as regiões com maior probabilidade de trades saudáveis. Isto é: trades que, quando perdem, perdem pouco e, quando ganham, ganham muito. Uma relação entre risco e lucro inteligente.
No entanto, o Market Profile usado em conjunto com as outras ferramentas incorporadas pelo Raio X Preditivo (Sato’s Force, Sato’s Bar, Sato’s Defense e outros indicadores), torna possível aumentar o nível de acerto das operações, inclusive.
9. CONCLUSÃO
É muito difícil ver e avaliar onde estão realmente acontecendo os negócios a partir do gráfico simplesmente ou a partir do book de ofertas ou, ainda, do times and trades (que traz as informações dos negócios já realizados). É tudo muito rápido. É difícil de o olho humano acompanhar milhares de negócios por segundo. Difícil não: impossível. Para a mente processar, então, nem se fala.
O Market Profile descomplica totalmente essa informação: não só organiza os negócios de uma forma visualmente clara, nos patamares de preço diretamente no gráfico.
Ela revela as posições dos grandes players que, através de seus robôs HFT (robôs de alta frequência de negociação), tentam a todo custo escondê-las com a compra e a venda de grandes lotes distribuídos em pequenos lotes em diferentes níveis de preço.
Podemos dizer assim que o Market Profile não só organiza o caos, mas traz à luz informações preciosas que, de outra forma, ficariam escondida do trader que teria que lutar tentando chegar a alguma conclusão através de perspectivas individuais (aleatórias).
O Market Profile é estatística eficiente a favor de trades saudáveis.
Essa explicação sobre essa ferramenta não tem melhor sem ser vcs! Parabéns pelo trabalho