Ações mais caras possuem ganhos maiores?
Muitas pessoas acreditam que ações mais caras sempre possuem lucros maiores. Na verdade, essa é uma dúvida de todos que são iniciantes na bolsa e desejam investir é em relação a essas ações mais caras possuírem ganhos maiores.
Você está dando uma olhada em uma lista de ações que traz o preço de cada uma delas.
E, uau!
Encontra lá as ações da Magazine Luiza (MGLU3) e, que em julho de 2019, elas estavam custando R$ 263!
Incrível, pois em 2015 elas mal custavam R$ 1,50! Já pensou?
Deve ser uma excelente ação para se comprar, então, certo?
A verdade é que pode ser sim.
Mas o preço da ação não é o critério que alguém deve usar na hora de decidir por sua compra ou não.
Não mesmo.
A primeira coisa, ainda que básica, é que o que vale não é o valor absoluto de uma ação. Mas o valor relativo.
Vou dar um exemplo. Talvez você não tenha ouvido falar de uma coisa chamada split ou desdobramento.
Talvez a Magazine Luiza considere que o valor alto de suas ações está prejudicando a liquidez de seus papeis, afinal, pouca gente tem dinheiro para comprar um lote padrão de 100 ações a R$ 26 mil reais (exceção de grandes fundos e grandes investidores, pra quem isso é dinheiro de doce).
Então, para melhorar a liquidez, a companhia faz um desdobramento de 1 para 100. A partir daí, as ações da empresa passam a valer R$ 2,63.
Só que quem tinha 100 ações, passa a ter 10 mil ações. Quem tinha mil, passa a ter 100 mil. Multiplicando, o valor financeiro investido em ações é o mesmo.
Mas, e agora? As ações estão baratas. Em que esse preço “absoluto” influencia nossa decisão de compra e venda? Em nada.
Pelo mesmo motivo, não devemos comprar ações que estão baratas, acreditando que elas podem ser a próxima Magazine Luiza.
Uma ação que custa R$ 1 vai cair menos do que uma que custa R$ 500? Quanto maior a altura maior o tombo? Pelo menos em valores absolutos isso não significa nada.
Assim como uma companhia pode fazer o desdobramento de suas ações, outra pode fazer o grupamento, por exemplo de 10 para 1. Agora, estas do exemplo, valem R$ 10, mas quem tinha 1000 papeis passa a ter apenas 100. Na prática, no financeiro, isso não significa nada. Só que a ação tem mais espaço para cair (digamos que os centavos passam a ter uma importância inferior em termos de porcentagem; se antes 0,01 era 1%, agora é só 0,1%).
Nosso julgamento a respeito das ações deve ser quanto ao que o mercado considera caro e barato.
Nesse sentido temos duas escolas que se desdobram em muitas outras formas. Mas, basicamente:
- Escola fundamentalista: vai analisar os fundamentos da companhia emissora das ações. Se a empresa vale mais do que a soma de suas ações no valor atual, então as ações estão baratas e vale a pena comprar. Assim, sob essa luz, as ações da Magazine Luiza podem estar baratas ainda. E as ações que custam R$ 1 podem estar caras. É relativo. Isso de uma forma bem básica e simplista. Claro que é mais complexo que isso.
- Escola da análise técnica: vai olhar os gráficos e, portanto, analisar o preço das ações a partir do comportamento do mercado, analisando a oferta e a demanda imediata. Como oferta e demanda comandam o preço, essa análise também fará seu veredicto a respeito do que o preço deve ser em um futuro breve. Se o mercado está comprando, o preço vai subir. Se o mercado está vendendo, vai cair.
Quanto a segunda escola, é importante ressaltar que olhar o preço não é suficiente e, aliás, pode ser até ineficiente e pernicioso.
Como deve ter ficado claro, o que comanda o comportamento do preço é a oferta e a demanda. E o que é isso? Volume de negócios, volume de ações negociadas: se tivemos muitos negócios a determinado preço, isso tem um significado especial, passível de interpretação. Muitas vendas em outro nível de preço? Mais um dado importante que deve ser interpretado.
Isso é simples de entender: se temos muita gente querendo comprar algo e, efetivamente, comprando algo, o que acontece com esse produto, mercadoria ou ação? O preço sobe.
Se tem pouca gente comprando e muita gente querendo vender, o que ocorre? Queda dos preços.
Por incrível que pareça, poucas metodologias usam o volume como fator de decisão. A maioria o ignora, mesmo ele sendo, evidentemente, a causa das oscilações.
Atualmente, no Brasil, a única metodologia assumidamente voltada para o volume e fluxo de compra e venda é o Raio X Preditivo. A ideia é que, uma vez focados na causa possamos nos adiantar aos efeitos, que são os mais importantes movimentos importantes de preço.